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Foto do escritorJosé Miguel

Cyberpunk 2077 – o carvão no sapatinho (SPOILERS FREE)

Disclaimer: Este artigo foi escrito em dezembro de 2020

Fonte: Cyberpunk 2077 (Twitter)

Este era, sem dúvida, o jogo mais aguardado do ano, e também aquele envolto na maior controvérsia. Lançado oficialmente no último dia 10 de Dezembro, a tempo do Natal, Cyberpunk 2077 é o projecto mais recente da CD Projekt Red (CDPR) disponível para a PS4, XBOX ONE e PC. O seu lançamento teve originalmente uma data inicial em Abril mas, para a surpresa dos fãs, foi adiado para o final deste ano.


Após longos meses de espera e com o jogo finalmente à venda, veio a contestação. O complexo mundo profundamente imersivo e uma história cheia de adrenalina e twists, onde as decisões do jogador influenciam directamente o rumo da narrativa, contrastam grandemente com os sérios erros técnicos e gráficos.


Os glitches e bugs são muito frequentes e têm tido um grande impacto na jogabilidade. Exemplos como personagens a atravessar paredes e NPCs em T-Pose aleatoriamente, crashes abruptos que fecham o jogo ou missões que não são possíveis concluir têm feito parte da experiência de quem já obteve uma cópia do título. Mas é a nível da performance que as críticas são especialmente negativas.


As versões de consola têm gráficos extremamente abaixo dos prometidos e correm com FPS inferiores a 30. A nova geração, como a PS5, possui recurso à retrocompatibilidade e consegue reproduzir o jogo com melhores frame rates e gráficos, mas as consolas para as quais o jogo foi lançado apresentam uma optimização de qualidade abissalmente pior ao esperado. A comunidade tem feito comparações relativamente a jogos como Red Dead Redemption 2, Ghost of Tsushima ou God of War, onde se servem destes títulos para ilustrar que a má qualidade gráfica e performance na anterior geração de consolas não é justificável.


O jogo vai ainda ter lançamento para as novas consolas agendado, possivelmente, para o ano de 2021, segundo dados da desenvolvedora.


No que toca à versão PC, verifica-se que só computadores com capacidades gráficas extremamente altas (e muito acima das recomendadas pela CDPR) conseguem ter uma experiência visual agradável. A título de exemplo, nem placas gráficas de topo como a RTX 3090 conseguem ter FPS estáveis, ou sequer atingir a marca dos 60 com boas definições visuais.


Muitos esperavam que a CDPR fosse fiel à qualidade que habituou os fãs no seu último sucesso, The Witcher 3 (de 2015), considerado por muitos um dos melhores RPGs de sempre.

Esta confiança é vista nas cerca de 8 milhões de unidades pré-reservadas (!), o segundo número mais alto de sempre, só ultrapassadas pelas aproximadamente 10 milhões de cópias antecipadas aquando do lançamento do Grand Theft Auto V, em 2013.


A controvérsia em redor deste lançamento intensificou-se pelo facto de muitos responsabilizarem a desenvolvedora sediada em Varsóvia em não ter deixado o público fazer uma escolha informada no que toca à compra do jogo. Isto relaciona-se com o facto de nenhuma gameplay ter tido a permissão de ser divulgada antes do dia anterior ao lançamento, e, mesmo à data da véspera, só imagens do jogo para PC foram publicadas na internet.


Num comunicado lançado no dia 14 de Dezembro a CDPR pede desculpa aos fãs por esta sua decisão e informa que irão ser lançados dois patches em Janeiro e Fevereiro de 2021.

Estas actualizações terão em vista resolver alguns dos problemas técnicos e gráficos apontados ao jogo, especialmente na “last gen” de consolas (XBOX ONE e PS4).


Entretanto, a Playstation e a Xbox estão a atribuir reembolsos àqueles que compraram uma cópia digital do jogo através da sua plataforma. E, numa escalada de eventos, a Playstation já retirou o título da sua loja online, de forma a impedir a compra de mais unidades através da sua plataforma. Num comunicado nas suas redes sociais onde também anuncia o já referido reembolso, a empresa nipónica justifica a retirada do jogo da Playstation Store. É, assim, possível ler na conta de twitter oficial: “[A] Sony Interactive Entertainment esforça-se para garantir um alto nível de satisfação do cliente”.


A minha experiência na consola PS4 (versão slim) é de gráficos ao nível de jogos do início da geração, muito granulados e algo desfocados, que fazem qualquer um sentir-se um verdadeiro míope ao contemplar elementos visuais a médias ou longas distâncias. O frame rate chega a ser agoniante em momentos como trocas de tiros ou a simples condução pela cidade, indo próximo dos 10 frames por segundo. A própria renderização de texturas encontra-se muito lenta, com personagens a “carregar” o seu aspecto visual apenas a poucos metros de distância destas.


Todavia, no que toca à narrativa e a complexidade do mundo aberto à exploração de Cyberpunk 2077, as horas que joguei serviram para me despertar um grande interesse numa história cheia de thrill e acção. Aqui existe um sentimento que o arbítrio do jogador realmente importa nesta aventura que promete prolongar-se durante dias a fio.

O conceito do Cyberpunk 2077 foi anunciado num trailer em Maio de 2012, e há 8 anos que milhões esperava ansiosamente por poder jogar este título. A desenvolvedora polaca contou com o trabalho de cerca de 500 desenvolvedores ao longo de quase uma década e criou um RPG open world, género cada vez mais popular, no “motor de jogo” REDengine 4.


A acção passa-se numa mega-cidade na Costa Oeste dos E.U.A., no ano 2077. A sociedade futurista é marcada pela mistura de um Estado militarizado, mas pouco soberano face ao domínio das grandes corporações privadas. Os humanos agora integram componentes biónicos que permitem aumentar as capacidades do seu corpo. “V”, a personagem principal do jogo (completamente personalizável), vive numa constante aventura pelos recantos da Night City. À medida que a história progride, as suas habilidades (escolhidas conforme o estilo de jogo de cada jogador) vão melhorando e ficando mais complexas, enquanto tem nas mãos a difícil missão de sobreviver aos gangs nas ruas e ao pretenso domínio das gigantes multimilionárias.


Apesar de toda a polémica gerada, ainda há quem confie na capacidade da CDPR em corrigir futuramente os erros do Cyberpunk 2077, à semelhança do que também aconteceu com o The Witcher 3, ainda que em muito menor escala. Só os próximos meses dirão se a desenvolvedora ainda vai a tempo de recuperar a sua credibilidade ou se este se torna num dos maiores “flops” do gaming dos últimos anos.




Nota: O autor escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico



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