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Foto do escritorFrancisco Alberto Carvalho Bom Pereira

Hábitos de Sono nos Estudantes Universitários

Diz-me quanto tempo dormes e dir-te-ei quem és


Foi pela voz de António Variações que se eternizou uma das frases mais famosas, daquelas que quase se confundem com ditados populares e que, quando nos deparamos, estamos a recitá-la inconscientemente. Quando queremos dizer que há uma relação direta entre a mente e o corpo, recorremos a essa conhecida frase: “Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”. Se pensarmos bem, há algo que consegue influenciar simultaneamente o corpo e a mente. Falo do sono, que assume especial relevância entre nós, estudantes universitários que enfrentam uma pandemia e uma pré-época de exames.


Como sabemos, o sono desempenha um papel importantíssimo em praticamente todos os aspetos da saúde e, consequentemente, na nossa vida, afirma a psicóloga clínica Eulália Gomes do Grupo CUF, que ainda realça alguns dos seus principais benefícios físicos e mentais, nomeadamente, o facto de o sono capacitar o sistema imunitário, fortalecendo as defesas do corpo; melhorar o humor, assegurando os níveis de resistência à tolerância e frustração; melhorar a saúde mental, sendo que a falta de sono está relacionada com a depressão, ansiedade, doença bipolar e stress pós-traumático e aumentar a função cognitiva, já que a sua falta prejudica a concentração, atenção, raciocínio, memória de trabalho e a capacidade de estar alerta e de resolução de problemas.

É ao sono que os estudantes universitários vão buscar as ferramentas que precisam para ter um bom desempenho académico, mas e se houver carência deste processo biológico crítico?


Ana Allen Gomes, psicóloga e investigadora da Universidade de Aveiro, debruçou-se sobre o padrão de sono dos estudantes universitários, realizando um estudo que contou com a participação de 1654 estudantes, revelando dados alarmantes que nos dizem que 19% dessa amostra nunca ou raramente dorme o suficiente, e que 26% apenas dorme o suficiente 1 ou 2 noites por semana. Neste estudo, destaca-se, ainda, o facto de os estudantes deslocados do seu local de residência apresentarem horários de sono mais tardios durante a semana, sendo que são os “deslocados” do sexo masculino os mais noctívagos, registando mais “diretas”, como nós costumamos chamar às noitadas de estudo.


A emergência de um novo vírus tomou-nos a todos de assalto, mudando muitos dos nossos antigos hábitos, como os do sono, que, devido a diversos fatores apontados pela psicóloga clínica Eulália Gomes, se tornaram mais irregulares.


De entre estes fatores, destaque-se o facto de haver menos vida social - sendo que este isolamento social e o ensino à distância operam mudanças na nossa rotina, fazendo-nos cair na tentação de dormir mais de manhã, o que dificulta o adormecer e potencia os despertares à noite -; a não existência de uma rotina tão bem sincronizada e o acrescentar de novas variáveis à nossa vida; a menor exposição à luz decorrente do aumento do tempo dentro de casa - resultando numa redução dos sinalizadores do corpo baseados em luz para vigília e sono -; o aumento da ansiedade e da preocupação, que se explicam pelas incertezas em relação ao futuro, quer a nível da saúde (pois temos medo de contrair o vírus e infetar outros), quer a nível económico e social por todas as consequências que dele advieram; a depressão e o isolamento, que atingiram máximos nesta altura e que estão correlacionados com problemas no sono e o excesso de tempo passado à frente do ecrã, devido, principalmente, às aulas telemáticas, que estimulam o cérebro e dificultam o relaxamento, para além de possibilitarem a supressão da produção da hormona que nos ajuda a dormir.


Em conclusão, existem várias diretrizes que ajudam a dormir mais e melhor nesta altura, como manter-se ativo, ter uma boa dieta, continuar com uma rotina, mesmo em tempos de difícil previsão do futuro, e algo tão simples como contactar as pessoas que mais gostamos. Partimos da mesma premissa do início, sendo caso para dizer que quando se dorme, o corpo e a cabeça agradecem.


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