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20 Anos de The Emancipation of Mimi: o regresso de Mariah Carey ao topo do Mundo

  • Foto do escritor: André Mota
    André Mota
  • há 1 dia
  • 5 min de leitura

Foi a 12 de abril de 2005 que uma das maiores vozes da indústria musical anunciou, triunfante, o seu retorno. Com o álbum The Emancipation of Mimi, Mariah Carey voltou a ser personagem principal no cenário musical global, adotando uma imagem e som mais maduros e tornando-se mais ousada do que nunca nas suas atuações. Com este projeto, a “Diva da voz de ouro” (conforme a apelidou Barbara Walters em 2012) demonstrou que não só não devemos nunca deixar de acreditar no seu talento, como também que uma artista como ela só aparece uma vez a cada mil anos.



Mariah Carey é, como o Mundo a conhece, uma cantora, compositora e produtora, amplamente conhecida pelo seu alcance vocal de 5 oitavas. Em 1990, lançou o seu álbum de estreia autointitulado, que gerou quatro singles de grande sucesso na Billboard Hot 100, tendo todos eles alcançado o primeiro lugar na tabela. A partir daí, cada álbum lançado foi platina, e cada música enviada para as rádios se transformava no maior hit daquele mês ou, mesmo, ano. Com uma quantidade enorme de prémios e reconhecimentos atribuídos, e várias turnés mundiais de sucesso, não resta, assim, qualquer dúvida de que essa década lhe pertenceu


Contudo, este mar de prosperidade que parecia não ter fim para a artista é, pela primeira vez, ameaçado no início da década de 2000, altura em que a sua carreira enfrenta uma crise. Em 2001, foi lançado o filme Glitter, no qual Mariah foi a atriz principal, acompanhado de uma banda sonora pela mesma elaborada. O filme recebeu péssimas críticas, tanto da parte do público geral, como da imprensa, e o álbum que serviu de banda sonora para a longa-metragem também foi alvo de muito escrutínio, tornando-se, então, o seu álbum menos vendido. Para além disso, a cantora enfrentava vários problemas aos níveis pessoal e familiar, e, fruto da enorme carga de trabalho com que se encontrava devido aos dramas que a vinham pressionando nos anos anteriores com a sua antiga editora, Columbia Records, sofre, nesse mesmo ano, um esgotamento físico e emocional, tendo sido também diagnosticada com transtorno bipolar (algo que só veio a revelar 17 anos depois). 


No ano seguinte, já menos desgastada, Carey lança o álbum Charmbracelet, uma obra mais pessoal e melancólica, mas nem assim conseguiu obter o sucesso que durante tanto tempo teve, dado que o projeto não gerou um único hit nas tabelas musicais norte-americanas. 


Tendo tudo isto em conta, era evidente o quão desesperadamente Carey precisava de um recomeço, de se libertar de todas estas vicissitudes e obstáculos, para poder voltar a ser o fenómeno que outrora havia sido. Assim, após 3 anos deveras desafiantes, a cantora preparava-se para voltar em grande


Em 2004, Mariah revela, através do seu website, o título oficial do álbum que estava para vir. O primeiro single do projeto a ser lançado foi It’s Like That, uma faixa festiva e energética, diferente de tudo aquilo que já tinha sido ouvido da parte da artista. 

A música consiste numa celebração pessoal. Aqui, Mariah está em júbilo pela sua “libertação”, tanto dos dramas que a atormentaram nos anos prévios, como do domínio de outros sobre ela aos níveis artístico e criativo. Como tal, Carey apenas quer comemorar algo que considera ser a sua “emancipação” — e, como ela própria canta na faixa, a noite é dela. Assim, tendo a música alcançado a 16ª posição na tabela principal da Billboard, o regresso da cantora estava apenas a começar.




A verdadeira prova de que Mariah Carey estava de volta e mais forte do que nunca veio aquando do lançamento do segundo single, We Belong Together. Nesta balada R&B, Mariah expressa uma sensação de profundo arrependimento e angústia por um amor que não acabou bem e implora ao seu amado para que volte para ela, pois eles pertencem um ao outro. Tornando-se o primeiro hit #1 da cantora em 5 anos, a música permaneceu no topo durante um incrível total de 14 semanas e tornou-se uma das suas composições mais conhecidas e apreciadas a nível mundial.




Voltando, agora, a atenção para o próprio álbum, o disco conta com 14 faixas na sua versão principal, acrescentando a essas mais 4 faixas com o relançamento do álbum (Ultra Platinum Edition). Este LP mistura o som de um R&B mais contemporâneo, que acolhe elementos do hip-hop, com uma sonoridade mais clássica, que incorpora elementos de jazz, soul e, até mesmo, gospel. Contando com a participação de nomes como Snoop Dogg, Jermaine Dupri e Nelly, em todo o álbum, ouvimos Mariah a usar o seu dom vocal sem qualquer tipo de constrangimentos, cantando nos registos mais agudos possíveis e executando com maestria as dinâmicas mais complexas. A música aqui contida veio transformar completamente a discografia da artista, trazendo-nos um lado da mesma nunca antes visto, mais descontraído, divertido e, acima de tudo, destemido

Com base nisto tudo, não é, portanto, de espantar o louvor e o reconhecimento que o álbum e Carey receberam. Entre vários outros prémios, em 2006, a cantora liderava a corrida aos Grammys com 8 nomeações. Saiu da cerimónia vencedora de 3 das categorias às quais concorria, e altamente elogiada pela sua magnífica atuação, na qual interpretou as músicas We Belong Together e Fly Like A Bird. De facto, essa performance foi considerada por muitos como “a melhor da noite” e é, até hoje, vista como uma das melhores atuações da sua longa carreira.




No mesmo ano, Mariah Carey embarcou na turné mundial de promoção do álbum, a qual teve o nome de The Adventures of Mimi. Toda a turné celebrou o sucesso do projeto, tendo a cantora atuado em concertos esgotados pelos continentes americano, africano e asiático, onde entoou as notas das várias faixas do disco, sem nunca esquecer os seus hits mais antigos.



Nestes 20 anos de The Emancipation of Mimi, é impossível negar o impacto que esta obra continua a ter agora na indústria da música, influenciando o trabalho de vários artistas contemporâneos de grande sucesso e sendo considerado um dos melhores álbuns de R&B do século XXI, bem como de todos os tempos. A voz de Mariah Carey é intemporal e verdadeiramente inconfundível, e um álbum como este é realmente único. Afinal, poucos artistas hoje em dia lançam alguma obra que se aproxime a esta verdadeira aula de longevidade



André Mota

Departamento Cultural

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