O desporto sempre fez parte da história humana, e, no passado dia 20 de fevereiro, deu-se o encerramento de mais uma edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, uma das maiores e mais prestigiadas competições desportivas do mundo. O desporto é uma atividade milenar presente em todas as culturas, embora com entendimentos, valores e práticas que muitas vezes são diferentes, mas quando assimiladas dão origem a belas ocasiões onde a nacionalidade, a cor e o status quo deixam de importar.
A presente forma da palavra tem a sua etimologia no francês antigo deportes, sinónimo de entreter, jogar e divertir.
Ao longo da história, o desporto tem tido vários usos, sendo uma atividade de lazer, um mecanismo de apoio ao treinamento e à preparação militar, um instrumento político, terapêutico e científico. Enquadrado no modelo biopsicossocial de saúde formulado por George Engel, constitui-se uma importante atividade de garante ao bem estar físico, mental e social dos indivíduos profissionais e amadores que o praticam.
Há uma preocupação estatal na promoção de um desporto articulado à educação, fruto de um longo processo que nos trouxe ao presente Estatuto do Estudante Atleta do Ensino Superior (Decreto-Lei n.º 55/2019). A vanguarda institucional da própria UP, através do CDUP, tem investido no desenvolvimento e participação dos discentes da Academia nas diversas modalidades desportivas que abriga, fornecendo uma plataforma para os estudantes se envolverem com a prática do desporto, facilitando o acesso a espaços, equipamentos e treino técnico desportivo em diversas modalidades. As associações e federações académicas também são partes ativas na promoção da cultura do desporto universitário.
2021, um ano de sucesso para a Universidade do Porto
Agregam-se notícias sobre as vitórias e conquistas de estudantes-atletas em representação da alma mater portuense, não apenas nas competições organizadas pela FAP (Federação Académica do Porto), nas 46 modalidades desportivas da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), como também nos Jogos Olímpicos de verão realizados no ano passado em Tokyo, onde 10 dos 92 atletas representando Portugal eram alunos (antigos e correntes) da UP.
No Ranking Global de Departamentos e Faculdades de Ciências Desportivas de 2021 da ShanghaiRanking, a Universidade do Porto aparece na 43º posição, demonstrando uma preocupação de incentivo à prática, à realização de estudos e publicações académicas, e ao ensino de cursos relacionados com o desporto, embora a UP tenha perdido posição desde a primeira avaliação do ranking em 2016.
No Campeonato Nacional Universitário da época desportiva presente (2021/2022), a Universidade já conta com benditos e merecidos méritos desportivos em diferentes modalidades, como natação, ténis de mesa, xadrez, badminton, karting individual, atletismo e outras (atualizações sobre o desporto na UP podem ser acompanhadas em https://noticias.up.pt/noticias/desporto/)
O compromisso da AEFDUP com o desporto
Não é segredo o diligente zelo que a AEFDUP tem dado e dá ao desporto e à sua prática na nossa Academia, evidente através das equipas que representam a FDUP (futsal, basquetebol e voleibol - feminino e masculino), nos vários eventos realizados pela AE que engajam a comunidade académica a abraçar não apenas o desporto como também o espírito de competição e cooperação, pela participação nos Campeonatos Académicos do Porto, a oferta de desconto na participação do programa UPFIT, ou nos campeonatos de matrecos e E-Sports.
Tomás Soares, coordenador do departamento desportivo da AEFDUP, foi atleta federado por 10 anos seguidos e com conhecimento de causa fala sobre o desporto e sua prática: “(...) considero que o desporto universitário tenha um papel preponderante, não só ao nível da saúde física de quem pratica (como é mais do que óbvio), mas também e sobretudo ao nível da saúde mental, especialmente nos tempos que atravessamos - há incontáveis estudos científicos que relacionam a prática de desporto com o bom aproveitamento escolar e na minha ótica isso é apenas reflexo dos benefícios que o exercício físico nos traz. Um atleta distingue-se, não só por um corpo naturalmente saudável, mas também por uma cabeça saudável - e sem dúvida que isso tem impacto nos momentos de maior stress; ajuda bastante nas horas em que mais precisamos de calma e concentração.”
Sobre a forma como a pandemia afetou a participação dos estudantes nas atividades desportivas da associação, foi nos avançado que “na FDUP a pandemia certamente teve algum impacto nas inscrições para os Campeonatos Académicos do Porto, embora não tenha sido o impacto que inicialmente prevíamos. Ao contrário do que seria expectável, houve mais estudantes da nossa Faculdade a demonstrar interesse em participar nas competições da FAP, em representação da nossa querida AEFDUP. Honestamente, é um aumento que não me surpreendeu muito. (...) no início deste ano letivo fomos assistindo ao "recomeço" ou à "reabertura" de muitas coisas que nos faziam falta, das quais sentíamos saudades e para as quais a vontade foi apenas aumentando ao longo dos meses em que estivemos impedidos de as fazer. As equipas desportivas da Associação não foram exceção e fiquei mesmo muito feliz ao ver que o bichinho do desporto foi crescendo nos nossos colegas, mesmo numa Faculdade em que a prática desportiva tem muito pouca adesão em anos normais - é algo que me é muito querido.”
Em relação aos planos da AEFDUP com relação ao desporto e sua promoção no meio académico, Tomás Soares avança, “Temos muitas novidades planeadas para este semestre que se aproxima! Sempre sujeitos aos avanços e recuos das medidas de combate à COVID-19, é claro, mas temos em mente atividades que vão do surf ao padel, passando pela defesa pessoal e, como não podia deixar de ser, a mítica D-LEAGUE - na qual esperamos ter também um número recorde de inscrições. As atividades ficam sempre sujeitas ao número de inscrições que obtemos, mas o importante a transmitir são os 3 objetivos da AE nas atividades desportivas que proporciona ao estudante: a prática de exercício físico, o sentimento de integração e convívio, e o enriquecimento do seu percurso académico, tornando-o mais completo e, acima de tudo, mais saudável.”
Um campeão da nossa casa
No dia 12 de Dezembro de 2021, Felipe Teixeira, um estudante e atleta da nossa casa consagrou-se Campeão Nacional Universitário de KickBoxing Lightweight da época 2021/2022, trazendo para casa a medalha de ouro.
Felipe Teixeira é um desportista versátil que também pratica o surf. Falou-nos acerca de suas experiências com a modalidade no qual se sagra campeão e conta: “Pratico o kickboxing há mais ou menos 8 anos, no entanto comecei a competir apenas aqui em Portugal, tendo o meu primeiro combate oficial no final de 2017. Meu interesse surgiu do facto de ter praticantes de artes marciais como o taekwondo e o judô na família, além do gosto que sempre tive pelos eventos de luta. O kickboxing é um desporto que sempre me transpareceu valores que se adequam aos meus, como o respeito, a disciplina e a igualdade. Estas coisas e o espírito dos atletas, que é de facto um espírito guerreiro, é que despertaram o meu interesse.”
Teixeira não deixa de salientar os benefícios que acompanham a prática desportiva universitária e afirma que ”Um dos benefícios diretos é ser abrangido pelo estatuto de estudante-atleta, o que permite ao atleta em fase de competições realizar exames posteriormente. Tens a oportunidade de, nas viagens, que são custeadas pela UP, conhecer pessoas novas, o que é sempre bom e traz muitas vantagens para os estudantes. A prática do desporto é um momento de bastante importância fora da universidade, um momento onde o estudante pode se «desligar daquela pressão, daquela cobrança», e descarregar o seu stress. De um modo geral é muito bom para ensinar alguns valores que não se aprendem na sala de aula.”
Com bastante entusiasmo ele afirma que gosta das competições e descreve a sensação de nelas participar e conta que “é uma adrenalina! É uma energia inexplicável que dá no corpo! Há pessoas que se retraem com a pressão desportiva, mas eu gosto”. Acrescenta ainda que “É um gosto treinar com propósitos, o que me ajuda a cada dia ser melhor. Também gosto bastante de participar nas competições. Elas me ajudam a ver que sempre tenho muito que melhorar, mesmo quando saio com a vitória. Como desportista representando a Universidade me sinto bem, orgulhoso e feliz, principalmente pelo facto de ser estrangeiro e não ter grandes apoios aqui, mas os mestres que tive aqui em Portugal, o primeiro em Coimbra, e agora aqui no Porto o Ricardo Quintela (selecionador da UP), me deram bastante suporte e fizeram tudo ser mais fácil.”
Numa mensagem de incentivo à comunidade académica, Teixeira recomenda que “aproveitem esta oportunidade! O desporto universitário tem uma dimensão muito maior do que a maioria imagina. Está organizada a nível europeu e também mundial. É uma boa oportunidade para conhecer pessoas novas que, desde já, têm um interesse comum contigo, principalmente para quem não vem para a universidade com um grupo definido. É uma oportunidade para conhecer novas realidades, ter novas experiências e experimentar diferentes backgrounds. Brincando um pouco, é uma boa oportunidade para viajar de graça, já que a universidade paga tudo! Se realmente gostas de desporto e competição, é uma ótima oportunidade para melhorares as tuas habilidades juntamente com pessoas de várias regiões do país e da europa. Aproveitem enquanto estão na universidade e têm mais tempo para praticar desporto.”
Salienta ainda que “O desporto salva vidas! Salvou a minha num momento difícil alguns anos atrás, salvou agora durante o covid. Ele nos ensina três pilares que, pelo menos nas artes marciais, são importantíssimos para evoluir não apenas como atleta mas também como pessoa: Respeito, Disciplina e Dedicação. Acredito que são os três pilares chaves para cresceres como atleta dentro das artes marciais e para conquistares aquilo que queres na vida. O desporto traz equilíbrio entre o corpo, a mente e a alma, por isso faça desporto. Não é questão de estética. É questão de equilíbrio e também de aprendizado. Tens muito aprendizado diário com os mais e com os menos experientes. A prática do desporto já me deu muitas alegrias, e acredito que pode dar a todos. Independente de seres o primeiro ou o último colocado, sempre há lições para serem retiradas e, no final das contas, praticar desporto é sempre muita diversão.”
Fontes adicionais:
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