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Foto do escritorDiana Reis

A incapacidade não é das pessoas, mas sim da sociedade e do meio

Assinala-se hoje, dia 3 de dezembro, o Dia Internacional das pessoas com deficiência, uma data comemorativa criada pela ONU, em 1992, para alertar a importância e os benefícios da inclusão de pessoas com deficiência em todas as vertentes da sociedade.

Esta data torna-se ainda mais significativa quando olhamos para as estatísticas, uma vez que , segundo dados da ONU, cerca de 15% da população mundial (algo como 1 bilhão de pessoas), têm algum tipo de deficiência. Um número bastante significativo, não concordam?


Está mais do que na hora de parar de ignorar todas estas pessoas, está mais do que na hora de as incluir, porque a “inclusão de pessoas com deficiência é um direito humano fundamental” e estas não são palavras (apenas) minhas, como também do secretário-geral da ONU, António Guterres, aquando da 12ª Conferência dos Estados - partes da Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência.


Importa ressaltar que, a Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, é um dos tratados de Direitos Humanos mais ratificado pelos Estados - parte da ONU, o que nos indica que os Estados estão em sintonia quanto a esta questão, porém, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito quer a nível nacional, quer a nível internacional.


Desde a falta de acessibilidade dos locais, até ao preconceito da sociedade (que em pleno séc. XXI não aceita que deficiência e autonomia sejam compatíveis), passando pela falta de aplicabilidade efetiva de algumas medidas que visam apoiar pessoas com deficiência.


Hoje, todos sabemos como é estar isolados, porém esta comunidade sentiu-se, desde sempre, isolada e com a pandemia as desigualdades fizeram-se sentir ainda mais.

Não posso deixar de falar, quanto a esta questão, da falta de representatividade da pessoa com deficiência e aqui convido-vos à reflexão:


Quantas pessoas com deficiência veem na televisão a falar de temas que não sejam “porque é que eu tenho uma deficiência”?; Quantas personagens com deficiência viram em filmes ou séries e desses, quantos atores e atrizes tinham, efetivamente, deficiência?

A resposta a estas perguntas é preocupante, mas haveria várias outras que poderiam ser feitas e posso garantir que a resposta não seria mais favorável.


É preciso mudar a consciência social que existe em relação à deficiência. Ser uma pessoa com deficiência não implica ser incapaz ou dependente, porém o meio e a sociedade gostam de nos fazer acreditar que sim.

Os apoios dados às pessoas com deficiência e as normas criadas nesse sentido, como a acessibilidade, não são um “luxo” como mencionado pelo arquiteto Souto Moura, num programa da RTP, são direitos humanos que devem ser respeitados e efetivamente cumpridos.


A deficiência é muito diversa. Criar acessibilidade não se resume (apenas) a construir rampas, há várias outras formas de inclusão, como: aprender Língua Gestual Portuguesa, conviver com pessoas com deficiência, apoiar instituições e projetos de e para pessoas com deficiência e, principalmente, não “reduzir” a pessoa à sua deficiência.


Neste Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e em jeito de conclusão, deixo aqui um apelo: sejamos pessoas mais pró-ativas na desconstrução de pré-conceitos, só assim conseguiremos uma sociedade mais equitativa e inclusiva, algo que nos beneficiará a todos.

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