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  • Foto do escritorInês Gomes Barbosa

Humor e Política: uma relação necessária

Portugal foi recentemente palco de eleições legislativas. A par de toda a azáfama eleitoral, o humor teve um papel importante como ferramenta poderosa utilizada por comediantes e, por exemplo, em programas de televisão, para comentar sobre questões políticas, provocar reflexão e, claro, arrancar gargalhadas dos portugueses.


Um nome reconhecido por todos em Portugal é Herman José, uma das primeiras figuras a iniciar-se neste tipo de humor. É reconhecido pela capacidade de misturar comédia com crítica política e pelas suas sátiras a figuras políticas e eventos políticos. Foi, aliás, recentemente distinguido com a Medalha de Mérito Cultural pelo anterior Governo, pelos 50 anos de trabalho dedicados à televisão, à rádio e às artes do espetáculo. "Herman José estabelece uma mudança histórica, dir-se-ia revolucionária, no tipo de humor que se fazia [antes de si] no nosso país. Rompendo com os cânones até então adotados, Herman inventa verdadeiramente o humor moderno em Portugal", disse António Costa, em modo de homenagem. Herman veio, portanto, questionar o status quo e começar uma era de análise crítica feita com humor aos assuntos que moldam a sociedade portuguesa.


Outra figura bastante conhecida que acompanha a política atual é Ricardo Araújo Pereira. Conhecido por quase todos os portugueses, e com uma longa carreira no humor, traz-nos todas as semanas o programa “Isto é gozar com quem trabalha” na SIC, um programa que durante a época eleitoral ia para o ar diariamente. E em que consiste? Num escrutínio aos nossos líderes, feito com humor e sarcasmo. Com uma plateia ao vivo e muitas vezes apresentado em direto, o programa provoca gargalhadas recorrendo simplesmente à realidade que é vivida no cenário político atual. Por vezes, penso se não será um pouco triste e bastante revelador a seriedade dos nossos governantes.


No entanto, o humor político não se limita apenas à televisão. Cada vez mais há conteúdo a circular nas redes sociais, através de podcasts ou canais de Youtube. Nesta última época eleitoral, Guilherme Geirinhas, um jovem humorista português, lançou uma minissérie chamada “Bom Partido” na qual entrevistou todos os líderes dos partidos com assento parlamentar, à exceção de André Ventura e Paulo Raimundo. Uma entrevista completamente informal, tratando a todos por “tu”, contando com perguntas que normalmente não se fazem a figuras como as que conversaram com Geirinhas. Um projeto que serve para humanizar os rostos que aparecem na televisão e que nos permite sentir uma maior proximidade às pessoas por detrás dos políticos. Para além de Guilherme, muitos são os nomes que através dos seus canais e conteúdo utilizam o humor como ferramenta para lidar com a política e analisar as situações que vão surgindo. 


Em última análise, o humor político em Portugal é uma parte essencial da cultura nacional, proporcionando não apenas entretenimento, mas também uma forma de crítica diferente das habituais. Espero que assim continue e que os humoristas portugueses continuem a demonstrar que todos estão ao alcance de uma boa piada e que nem um cargo público é “defesa” para tal.


Inês Gomes Barbosa

Departamento Fazer Pensar

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