Os media e o que escolhem priorizar
Creio que todos já nos deparamos com aquela imagem que nos diz as horas dedicadas a cada figura política na televisão nacional todos os meses; e em todos eles, com um certo espanto (ou não), há sempre um certo senhor que com as suas propostas marcadamente racistas, xenófobas e machistas consegue alcançar sempre o pódio, e muitas vezes em segundo lugar. Importa, em momento de eleições, perguntar quem decide a importância que é dada aos mais variados assuntos e partidos políticos na televisão portuguesa. Importa ainda responsabilizar essas pessoas e essas decisões, visto que se refletem (e em muito) na nossa atual democracia, marcadamente dependente dos meios eletrônicos e dos telejornais para receber informação. Para quem são os meios de comunicação portugueses? Para os cidadãos e para uma informação de qualidade ou para o lucro e para a informação que “vende mais”?
Inês Gomes Barbosa
Departamento Fazer Pensar
Atentado ao Estado de Direito
Primeiramente, os polícias têm toda a legitimidade na sua luta e nos seus pleitos. Na verdade, as forças de segurança arriscam em demasia para a compensação que recebem.
Além do mais, à semelhança de todas as classes profissionais, têm todo o direito de se manifestar. No entanto, como todos os outros, têm também de cumprir a lei. O cerco protagonizado pelos polícias antes do único confronto entre os principais candidatos a primeiro-ministro, mesmo que sem violência, ultrapassa os limites do aceitável. No passado dia 19 de fevereiro, aqueles que devem ser a primeira linha de defesa do Estado de Direito foram os que colocaram em causa o processo democrático. Será esta a forma mais eficiente para as forças de segurança alcançarem os seus objetivos?
André Góis
Departamento Fazer Pensar
Em busca da Paz
No passado dia 19 de fevereiro, a UE votou unanimemente (com exceção da Hungria) um pedido de cessar-fogo em Gaza, com um apelo especial para Israel não lançar o previsto ataque a Rafah. Esta deliberação foi feita num contexto internacional que se revela cada vez mais oposto à guerra, tendo em conta a crise humanitária que se vive na Faixa de Gaza.
Um ataque a Rafah forçaria incontestavelmente a população palestina a ter de procurar refúgio no Egito, levando à limpeza étnica do território em questão. Questionarmo-nos sobre a capacidade da comunidade internacional de parar esta ofensiva é, efetivamente, lançarmos a seguinte pergunta: o que estará Israel disposto a perder (e ganhar) nesta guerra?
Manuel Brito e Faro
Departamento Fazer Pensar
Os cães ladram e a caravana passa
No passado dia 5 de fevereiro, aproximadamente um mês antes das eleições, deu-se início aos debates legislativos. Foi definido um máximo de 33 minutos para dois candidatos discutirem os problemas existentes e exporem e compararem propostas e soluções para os mesmos; estabeleceu-se apenas uma exceção: para o confronto entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, que, representando os partidos com mais Deputados na Assembleia, se enfrentariam durante 75 minutos.
Diariamente, constatou-se que o fim dos debates foi acompanhado por cerca de uma hora de comentários por parte de jornalistas e comentadores, alguns com pouca ou nenhuma experiência na matéria, que dissecavam os argumentos de cada candidato, atribuindo uma nota à sua prestação. Este tempo de comentário perfazia, portanto, o dobro do tempo estabelecido para cada debate.
Coloca-se a questão: não poderia ter sido este tempo de análise melhor investido, permitindo que, nos debates, temas fundamentais como a justiça e a cultura tivessem sido devidamente apresentados? Quer pela curta duração e omissão de assuntos dignos de abordagem, quer pelas falácias do discurso de certos candidatos ou pela sua postura coloquial, os eleitores pouco ficaram esclarecidos, e muitos continuarão a debater-se sobre a escolha a fazer.
Maria Duarte
Departamento Fazer Pensar
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