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  • Foto do escritorBeatriz Froufe

A relação amor-ódio pelo Chat GPT nas Universidades

Desde o seu lançamento, a 30 de novembro de 2022, o Chat GPT tem potenciado um debate contínuo sobre o seu uso no ambiente académico, nomeadamente quanto a saber se deve sequer ser permitido. A verdade é que a maioria dos professores restringe, para não dizer proíbe, que a inteligência artificial seja utilizada pelos seus alunos, mas até que ponto será essa a atitude correta?


O Chat GPT é um programa de inteligência artificial criado pela empresa OpenAI, que se baseia em conversas entre o próprio sistema e um utilizador para gerar respostas. Tem a capacidade de investigar e processar quantidades imensuráveis de informações disponíveis na web a uma velocidade praticamente instantânea, fazendo em meros segundos o trabalho que demoraria horas a ser realizado por um humano. É também capaz de reconhecer linguagem corrente e de filtrar as informações relevantes e credíveis para a pesquisa.


Com tantas vantagens, seria de esperar que esta nova arma académica fosse acolhida pelas universidades de braços abertos, mas as suas reações têm nos indicado precisamente o oposto. Na verdade, poucos são os docentes que admitem o recurso ao Chat GPT, e muitas faculdades criaram até regras para restringir a utilização da inteligência artificial pelos seus alunos. Iremos neste artigo provar a razão pela qual a total negação desta tecnologia pelas universidades não é o caminho mais sensato.


A vantagem mais óbvia do Chat GPT prende-se com o facto de facilitar o trabalho académico. Tradicionalmente, um estudante poderia passar dias à procura de uma mera citação, vasculhando livros e artigos a fio. Atualmente, com o uso da inteligência artificial, este pode encontrar a mesma citação em escassos segundos. Alguns opositores argumentam que retira o mérito aos trabalhos universitários (especialmente considerando que um aluno mais ambicioso pode simplesmente pedir ao Chat GPT para lhe escrever o trabalho na íntegra), mas não será de presumir que um trabalho universitário seja algo mais crítico e reflexivo que um mero texto que podia facilmente ter sido produzido numa escola? Será este um bom sistema de avaliação, se julgamos mais as horas perdidas, à procura de opiniões de outros, do que a verdadeira capacidade de formular e justificar uma premissa própria?


Para além disso, note-se como este site permite uma maior acessibilidade a um ensino de qualidade por ser gratuito, por abrir portas a pessoas não falantes de inglês e por adaptar os conteúdos lecionados para estudantes com impedimentos de aprendizagem. O Chat GPT pode ajudar os seus utilizadores a criar planos de estudo individuais, e ainda é capaz de se adaptar aos métodos de estudo e modos de aprendizagem de cada um, providenciando uma aprendizagem personalizada. Por último, é também uma valiosa ferramenta para os próprios docentes, pois é capaz de gerar planos de aula, exemplos de perguntas e respostas, e até mesmo funcionar como instrumento auxiliar na correção de trabalhos.


Todavia, não é infalível, e já houve casos em que forneceu respostas incorretas ou preconceituosas.Também não é capaz, ainda, de multitasking, ou seja, não se consegue focar em mais do que uma questão de cada vez, e por vezes pode perder parte do contexto da pergunta se não estiver bem estruturada. Todas estas desvantagens são, apesar de tudo, corrigíveis com o tempo, e francamente menores comparando com as vantagens.


Há, no entanto, uma grande desvantagem que parece ser o motivo pelo qual tantos docentes optaram por banir o uso deste site, que se prende com o potencial encorajamento da falta de integridade académica. É demasiado fácil e desonesto chegar à resposta perfeita com o  simples clique de um botão.


Existem, contudo, outros websites, também eles dotados de inteligência artificial, capazes de detetar a sua presença, que são um ótimo apoio aos professores e desencorajam os alunos a entregar trabalhos diretamente do Chat GPT. Apesar de tudo, estas são soluções temporárias, pois a progressão natural da tecnologia dita que, mais tarde ou mais cedo, surgirá outro software, ao qual os estudantes poderão recorrer, que escapará ao escrutínio.

Sabemos pela História que recear as novas tecnologias é apenas um primeiro e curto passo antes de estas serem acolhidas pela sociedade. Sabemos também que esta tecnologia não irá desaparecer, por mais que seja “ignorada” pelas instituições de ensino. Assim, o melhor que há a fazer é aceitá-la como um dado adquirido e renovar o sistema de ensino no sentido da sua revitalização pela inteligência artificial (e não da sua destruição).


Quanto mais cedo as Universidades fizerem as pazes com o Chat GPT, e com a mudança de paradigma académico que certamente virá, mais cedo os estudantes poderão começar verdadeiramente a beneficiar das suas vantagens. A nossa geração já teve de lidar com muitos obstáculos ao ensino, em grande parte superados pelas tecnologias: não queremos mais uma Academia antiquada!


Beatriz Froufe

Departamento Mundo Universitário

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