A companhia aérea nacional, que já causou prejuízos ao Estado de alguns mil milhões de euros, está a ser preparada para ser reprivatizada.
A reprivatização da TAP foi anunciada no dia 13 de outubro por Pedro Nuno Santos, ministro das infraestruturas, que declarou que a TAP teria de se inserir num grande grupo de aviação para sobreviver.
A companhia aérea nacional foi nacionalizada no ano de 2020, com vista a combater os efeitos danosos que a pandemia trouxe à atividade económica nacional. O Estado Português pretendia salvaguardar estrategicamente a companhia aérea nacional. No entanto, tinham as tropas, faltava era a estratégia.
A sua gestão foi iniciada pela dispensa de aviões e de trabalhadores, sendo que tal facto não irá beneficiar, de todo, o lucro da empresa. A “atrofia produtiva” terá sido acompanhada por decisões superiores de teor europeu e nacional. Comecemos com a redução dos slots – faixas de operação aeroportuárias – que foram entregues à companhia britânica Easyjet. Ademais, a companhia nacional recorreu às chamadas ACMIS’s, que é um contrato de prestação de serviços externos, que inclui o aluguer de aviões com tripulação incluída, bem como os seguros respetivos e a manutenção da aeronave. Este instrumento foi fortemente utilizado pela administração privada de Neelman, tendo como principal consequência o mau aproveitamento de verbas. Ora, se a TAP necessitou de recorrer a este meio, pois não tinha frota nem tripulações, mas, ao mesmo tempo, vende e dispensa aviões e trabalhadores, então qual será o seu objetivo? Produzir e lucrar para compensar o capital investido ou preparar-se para ser vendida a um grupo privado europeu?
As polêmicas relacionadas com a companhia aérea não se esgotam na sua falta de estratégia. Ainda há um mês, foi noticiada a encomenda de 79 veículos da marca “BMW” para as suas principais chefias – e, passado uns dias, a diretora executiva da TAP, Christine Jeanne Ourmières, contratou uma amiga sua para um cargo executivo. Isto tudo realiza-se com a concordância tácita do governo português.
Quanto à pergunta colocada num dos parágrafos anteriores, que questiona o verdadeiro objetivo da gestão nacional, conclui-se que, apresentados todos os factos, expõe-se uma clara vontade do governo português de liquidar o máximo possível do montante passivo da TAP para esta ser mais apetecível ao capital estrangeiro. Tal facto já foi reconfirmado pelo governo quando admitiu a vontade de reprivatizar a TAP.
Crê-se que os factos apresentados se constituem suficientes para ajudá-lo na sua análise. Desde o início, a companhia tem sido preparada para ser vendida a um grupo estrangeiro; no entanto, tal facto tem sido ocultado pela natureza ideológica do Partido Socialista.
A TAP está em queda livre. Os mil milhões investidos não serão revertidos para os portugueses, uma vez que não se está a formar ou se formará uma companhia nacional estratégica para o Estado.
Diogo Lamego
Sociedade
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