O Irão tem assistido a uma onda de protestos por todo o país após a morte da jovem Mahsa Amini, detida em Teerão e agredida pela polícia da moral por, alegadamente, não estar a usar corretamente o hijab. Desde então, as universidades iranianas têm sido palco dos protestos que não parecem cessar tão cedo apesar da repressão que já provocou mais de 300 mortes.
Ao longo das últimas semanas, grupos destemidos de estudantes organizaram várias mobilizações. “Um estudante morre, mas não aceita a humilhação” e “Mulheres, vida, liberdade” são alguns dos gritos dos manifestantes, revoltados contra o regime fundamentalista que mata e maltrata as mulheres iranianas.
A liberdade de expressão tem sido fortemente ameaçada pelo regime, que intimida e persegue aqueles que participam nas manifestações. Fontes universitárias contam que as autoridades aumentaram a repressão com a expulsão dos estudantes das universidades e a detenção de vários jovens.
As aulas chegaram a ser suspensas na Universidade de Ciências de Teerão após violentos confrontos entre as forças de segurança e os estudantes. A rádio independente Zamaneh divulgou que um exército à paisana atacou a Universidade de Sharif. “As portas da universidade foram fechadas e todos aqueles que ficaram no interior estão completamente cercados”, relatou a rádio. Também os canais estudantis e as redes sociais têm denunciado a repressão nos campus universitários e nos dormitórios de diferentes universidades.
Os estudantes têm tido, portanto, um papel fundamental naquela que é a maior demonstração de resistência à República Islâmica alguma vez vista. As suas ações têm corrido o mundo – rapazes e raparigas queimam véus, enfrentam as autoridades e comem juntos em espaços abertos como forma de protesto contra a política de segregação de género.
Mas esta não é a primeira vez que os estudantes universitários assumem as rédeas de movimentos revolucionários. Em Portugal, por exemplo, a crise académica de 1962 foi o despoletar da oposição estudantil ao regime do Estado Novo. Posto isto, declarou-se o Dia do Estudante a 24 de março, de forma a celebrar o impacto do mesmo na luta pela Liberdade.
Ao longo da História, os estudantes foram os responsáveis por transformações políticas e sociais que marcaram o mundo. Como Stephen Murgatroyd disse “a voz dos estudantes é a estrada da mudança” e, portanto, cabe-nos a nós lutar por um futuro melhor para as gerações futuras, tomando como exemplo as ações levadas a cabo pelos jovens iranianos.
Catarina Silva
Departamento Mundo Universitário
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