No passado dia 17 de março, às 18h, a AEFDUP realizou mais uma edição do evento “À Conversa Com...”, sendo que, desta vez, contou com a presença da SOS Racismo, uma associação cuja principal missão é lutar por uma sociedade livre de racismo. No entanto, a sessão foi interrompida por uma invasão de ódio.
“À Conversa com...” é um evento recorrente na AEFDUP, organizado pelo seu Departamento Cultural, que conta com os mais diversos convidados nas mais diversas áreas, para uma conversa com os estudantes da FDUP. Desta vez, o orador convidado foi Nuno Silva, Membro da Associação SOS Racismo.
A SOS Racismo é uma associação sem fins lucrativos que, desde 1990, luta por uma “sociedade mais justa, igualitária e intercultural onde todos, nacionais e estrangeiros, com qualquer tom de pele, possam usufruir dos mesmos direitos de cidadania”. A Associação, dirigida por Mamadou Ba, tem-se destacado pelo seu ativismo, pela sua luta constante – há já três décadas – contra as desigualdades raciais.
Aquela que deveria ter sido uma conversa enriquecedora com os estudantes, sobre um tema de extrema relevância, acabou por ser interrompida, passados 30 minutos, por um grupo de anónimos, que proferiram insultos e frases racistas (como “Portugal aos portugueses”), ruídos, imagens inadequadas, entre outros.
Sofia Costa, coordenadora do Departamento Cultural da AEFDUP, responsável pela organização do evento, partilhou com o Jornal Tribuna o sucedido: “No dia 17 de março, pelas 18h, iniciou-se mais uma sessão do “À Conversa com...”, organizado pelo Departamento Cultural da AEFDUP, desta vez com a SOS Racismo. Tudo decorria com normalidade, até que, por volta das 18h30, entraram na sessão várias pessoas com o intuito de desestabilizar o evento. Foram proferidos insultos, frases racistas, vídeos perturbadores, ruidosos, com sons de macacos, tiros, bonanças, entre outras coisas. Enquanto coordenadora do Departamento Cultural, criei uma nova reunião e a sessão pôde prosseguir com a habitual normalidade e de forma ordeira.”
Acrescenta Sofia Costa que: “Após alguma troca de impressões com o orador, percebemos que já era algo frequente nos eventos da SOS Racismo e que o grupo era de alguma maneira organizado com o propósito de enfraquecer eventos onde o tema fosse o racismo. O mesmo aconteceu, uns dias antes, num evento da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras. Após terminar a sessão, juntamente com a Presidente da AEFDUP Maria João Resende, realizámos uma queixa online no site da PJ e, posteriormente, uma queixa presencial, algo que foi importante para as investigações.”
Esta ocorrência foi apenas umas de muitas que têm vindo a acontecer ultimamente e as quais já foram apelidadas de “Zoombombing”. A Polícia Judiciária já se encontra a investigar esta série de acontecimentos.
Enquanto estudantes de uma Faculdade de Direito, não podemos ficar indiferentes a este acontecimento. Não deixemos que estes tipos de movimentos ganhem voz, nem poder. Lutemos por um mundo igualitário, contra os problemas que, todos os dias, fustigam as pessoas racializadas no nosso país.
Um agradecimento especial à AEFDUP pela ajuda imprescindível na realização deste artigo.
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