Em abono da verdade, Bruxelas não foi a minha primeira opção. À semelhança da maioria dos estudantes, sempre imaginei que viveria a minha experiência de Erasmus numa cidade arrebatadora como Roma ou Budapeste. Porém, no derradeiro momento da escolha, ali estava ela: a cidade improvável.
De facto, a priori, Bruxelas não parece emanar qualquer espírito boémio, convidativo aos estudantes universitários. Pelo contrário, a cidade está intimamente ligada às instituições europeias, o que a torna pouco apetecível, dada a sua solenidade. Contudo, aqueles que se aventurarem pelas suas artérias, logo perceberão que a capital belga reserva um espacinho para todos, por ser “um caldo de culturas” e assumidamente heterogénea.
Os mais céticos dirão “Erasmus em Bruxelas? Não há nada para fazer lá!”. Enganam-se. A Bélgica é o país da cerveja, razão pela qual a sua capital é rica em bares. As quintas-feiras em Bruxelas também são académicas, e o ponto de encontro dos estudantes é na Place du Luxembourg (ou PLUX) que, curiosamente, se situa no bairro europeu, entre vários edifícios das instituições europeias. Irónico, não é?
No que concerne à cultura, a cidade oferece uma diversidade de museus e monumentos imperdíveis, a saber: o Museu Magritte, os Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica, o pequeno Manneken Pis, o Parque do Cinquentenário e tantos outros que ocupariam demasiadas linhas para enumerar. Igualmente incontornável é o Museum Night Fever, evento que ocorre na única noite do ano em que 30 museus da cidade abrem as suas portas para receber multidões desejosas de vivenciar uma experiência comparável ao filme “Uma Noite no Museu”.
Além disso, a centralidade de Bruxelas é uma das suas principais vantagens. Uma viagem de comboio leva-nos a cidades como Maastricht e Amesterdão no curto espaço de 1 hora, ou a Brugge, Leuven e Ghent em pouco mais de meia hora. Tudo isto por valores que nunca ascendem os 10 euros. A propósito da locomoção na cidade, nada temam; a rede de transportes públicos bruxelense liga toda a cidade através do tram, metro e autocarro. Aconselho o passe MOBIB, cuja anuidade corresponde a 12 euros e a validade a 5 anos, pois desta forma qualquer estudante poder-se-á movimentar facilmente na capital.
Finalmente, seria imperdoável esquecer-me da instituição que me acolheu durante 5 meses: a Vrije Universiteit Brussel (VUB). A faculdade distingue-se pelo seu espírito moderno, com claros reflexos nos currículos multidisciplinares. Por exemplo, durante a minha breve passagem pela VUB, pude estudar as consequências jurídicas, sociais e éticas da inteligência artificial, algo que me parece inconcebível numa faculdade tradicional como a FDUP.
No final de contas, julgo que a capital belga é uma excelente opção para todos aqueles que queiram viver o seu Erasmus num destino que foge à tendência. Apostem na terra das graufes (de Liége, de preferência), das frites e dos chocolates, e verão que não sairão de lá desiludidos. De que estão à espera? Bruxelles vous attend!
Benedita do Amaral
Alumna
Σχόλια