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DEFENSORES DA ORDEM PÚBLICA E BONS COSTUMES

  • Foto do escritor: Jornal Tribuna
    Jornal Tribuna
  • 13 de fev.
  • 2 min de leitura

Vêm com as botas cardadas defendendo a burguesia. Descem as ruas e fazem rusgas aos pequenos negócios dirigidos por aqueles cuja cor é mais escura. Vão para casa e batem nas esposas que lhes prestam tanto cuidado e nas ruas batem em tudo que seja “anormal”.


São os defensores da ordem pública e dos bons costumes.


Têm uniformes pretos para esconderem o sangue daqueles que já roubaram deste mundo. Usam as armas que lhes são dadas sem qualquer formação contra todas as sombras na calada da noite. Com eles trazem o medo, mas gostam de lhe chamar segurança.


São os defensores da ordem pública e dos bons costumes.


Lembro-me dos dias em que pedíamos por favor.

Por favor, não nos batam. Não fizemos mal a ninguém.

Por favor, só queremos chegar ao trabalho.

Por favor, não me toque. Não posso chegar a casa com nódoas.

Por favor, não queremos morrer.

Por favor.

Por favor.

Chegamos ao cúmulo dos por favores. Imploramos, tentamos negociar.

Por favor, senhor opressor, não nos oprima mais.


Nunca mais.


O opressor nunca se importou com a minha vida. Nunca quis saber se tinha família ou não, se tinha amigos ou um romance em desenvolvimento. Nunca quis saber mais nada além do lado em que estava. Agora, também não me importa aqueles que ele deixa. Podem se juntar a ele na cova.


Estamos cansados de pedir por favor e ninguém mexer uma palha. Estes defensores da ordem pública e dos bons costumes vão sofrer na pele por aquilo que nos fizeram. Desejo-lhes a morte mais violenta e sangrenta.

Foram eles que autorizaram e salvaguardaram o puder burguês. Que não esperassem que quando os levássemos daqui para o outro mundo, os seus maiores apoiantes, nos esqueceríamos daqueles que são os defensores da ordem pública e dos bons costumes.


Lívia Santos

Dentro da Tribuna

 
 
 

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