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Foto do escritorBeatriz Morgado

Donald Trump detido: tocar no intocável

Neste dia 4 de abril fez-se história. O ex-presidente norte-americano Donald Trump, que é também candidato às presidenciais de 2024, encontra-se oficialmente detido no Tribunal de Manhattan, na sequência de acusações de um esquema de encobrimento ilegal de relações extraconjugais com a antiga atriz pornográfica Stormy Daniels, silenciamento que data às eleições presidenciais de 2016. Este é um momento inédito da política americana, sendo que é o primeiro antigo (ou atual) presidente a ser detido e indiciado pela prática de crimes.

Trump declarou-se inocente das 34 acusações que se relacionam com o pagamento fraudulento de centenas de milhares de dólares para comprar o silêncio de Daniels, através do seu antigo advogado Michael Cohen. É de notar que Trump não é acusado pelo pagamento em si, mas sim pelo reembolso feito a Cohen, que foi registado enquanto “honorários de advocacia”, que qualifica como falsificação de registos comerciais e violação à lei eleitoral, por ser uma tentativa de ocultar este caso dos eleitores aquando a corrida à Casa Branca.

Nos últimos dias, Trump veio a demonstrar o seu descontentamento com as acusações através das redes sociais, em que se representa como um mártir alvo de censura política e pede ao povo americano para se insurgir contra estas decisões (“Protestem, recuperem a nossa Nação!”), o que faz lembrar o apelo à insurreição e assalto ao Capitólio face à sua derrota nas presidenciais de 2020. Outra prova desse esforço para unir as massas em seu favor foi o gesto em forma de punho que fez para a multidão antes de se entregar às autoridades, para, mais uma vez, apelar à revolta e à manifestação dos americanos pela sua libertação e inocência.

Apesar de estarmos perante um momento histórico e sem precedentes na História americana, que contraria a impunidade associada às elites norte-americanas, este é apenas mais um escândalo a adicionar ao grande rol de acusações de teor sexual contra o ex-presidente dos EUA, que inclui diversos crimes de violação e importunação sexual, assim como múltiplos comentários e ações inapropriadas contra mulheres e meninas.

Restam, então, as seguintes questões: será este o primeiro passo para destruir a redoma de imunidade judicial que cerca a classe política? Ou será apenas mais um motivo para reunir apoio popular em torno de Donald Trump, para fortalecer a sua campanha eleitoral?


- Beatriz Morgado, Sociedade




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