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Eleições Presidenciais nos EUA: acompanhamento em direto

Atualizado: 5 de nov. de 2020

O Jornal Tribuna hoje não dorme - é noite de Eleições Presidenciais nos EUA, momento eleitoral que terá influência indireta no resto da política mundial.

© Mark Lyons/EPA

A noite eleitoral de hoje decide o futuro dos Estados Unidos da América. Contudo, não será uma noite pacífica como as que estamos habituados: a votação antecipada por correio pode adiar o resultado final durante dias, ou até mesmo semanas.

Não obstante, Donald Trump acresce que quer um vencedor pelo final da noite eleitoral e poderá declarar vitória prematura. Ainda mais, estão previstas várias manifestações em vários Estados para contestar os resultados eleitorais de hoje.

Prevê-se uma longa noite de eufóricos tweets e falsas alegações.


Segue connosco todos os momentos da noite eleitoral em direto.

 

[18:00] Onde devem estar os nossos olhos nesta noite eleitoral?


Ocorrem hoje as tão esperadas Eleições norte-americanas e, embora haja inúmeros candidatos, de Howie Hawkins do Partido Verde, a Jo Jorgensen do Partido Libertário e até Gloria La Riva do Partido Socialismo e Libertação, todos sabemos que a Presidência acabará nas mãos ou do incumbente Republicano Donald Trump, ou do candidato Democrata Joe Biden.

Agora, qual deles? Essa é a pergunta para um milhão de dólares.

No Jornal Tribuna iremos cobrir, em direto, toda a noite eleitoral, informando os nossos leitores sobre o candidato vencedor em cada Estado ao longo da noite e madrugada, e analisando, também, o impacto que cada uma destas vitórias terá na corrida para a Casa Branca.

© Ashley L. Conti/REUTERS

Onde devem estar os nossos olhos nesta noite eleitoral?

Antes de responder a essa pergunta, é importante relembrar que nos Estados Unidos da América o Presidente não é eleito por voto popular mas através de um Colégio Eleitoral, cujos membros são, esses sim, eleitos pelos cidadãos norte-americanos.

Importa destacar quais são os cidadãos estadunidenses que podem votar, dado que, em vários Estados, o direito ao sufrágio é vedado a antigos reclusos. No Tennessee, por exemplo, 20% da população afro-americana não pode votar. Já na Flórida, 10% da população total, que corresponde cerca de 1,6 milhões de pessoas, é-lhes negado esse direito.

Os membros do Colégio Eleitoral são distribuídos de forma proporcional à população dos Estados mas, uma vez contados os votos, o candidato mais votado ganha a totalidade dos delegados estaduais.

Ora, como há Estados com grandes maiorias conservadoras ou liberais, são poucos os que efetivamente mudam a sua preferência partidária de eleição para eleição, são chamados “Swing States” que verdadeiramente determinam o resultado da contenda eleitoral.

Desta forma, ao Wisconsin, Texas, Georgia, Michigan, Pennsylvania, Arizona, North Carolina, Nebraska, Flórida e Ohio que devemos estar atentos hoje à noite.

Para concluir, é importante destacar uma realidade: esta é uma Eleição diferente de todas as outras, sendo que votaram já 100 milhões de eleitores (70% dos votos de 2016) por correio, tendo Trump alertado para potenciais fraudes na contagem de votos.

Com a sua base eleitoral incentivada pela própria campanha a não confiar no voto por correio, fazendo-o presencialmente, e sendo que os votos nas urnas são contados mais rapidamente (estando alguns Estados autorizados a demorar até três dias a contar os votos por correio), é preciso ter em conta a possibilidade de Donald Trump anunciar uma vitória prematura somente com os votos nas urnas contados, prevendo todo o caos político que daí resultaria.


Eduardo Esteves

 

[21:00] Ponto de situação: dificuldades técnicas em Spalding County levam ao não funcionamento de máquinas de voto. Carolina do Norte com protestos na véspera das eleições. Sentença de Juiz do Supremo Tribunal pode excluir vários votos.


Devido a um incorreto preenchimento de informação pelos trabalhadores do Centro Eleitoral de Spalding County, as máquinas de contagem de voto viram-se encerradas durante a manhã eleitoral. A falha técnica, provocou uma grande concentração de filas e, até mesmo, desistências de alguns eleitores.

Foram distribuídos boletins de voto em papel enquanto a situação não se encontrar ultrapassada. A mudança do sistema de voto digital para escrito, à última da hora, está a gerar alguma contestação, uma vez que não proporciona a mesma segurança.

"O processo que eles estão a usar de momento, nós estamos a colocar os nossos boletins numa caixa de cartão e eles dizem que os vão colocar numa mala e levá-los à cidade para serem contados. Para mim, isso não é assegurar o meu voto o suficiente", contestou Wilbert Blackman.

Spalding County é um Condado de Georgia, que dá vitória ao Partido Republicano desde 1992. Os 16 votos eleitorais deste Estado são cruciais para vitória de Donald Trump, no entanto, as previsões estão num balancear de azul e vermelho.


© Jonathan Drake/REUTERS

No Estado da Carolina do Norte a situação é diferente mas, igualmente, problemática. Na véspera de Eleições, manifestantes pacíficos gritaram “Black lives matter!” e “Power to the people!” enquanto caminhavam para o Centro Eleitoral.

Entre os manifestantes estavam crianças de 3 anos e idosos. Contudo, isso não impediu as forças policiais de os receberem com gás pimenta, acabando por deter 8 pessoas.


E como se todo o caos da noite eleitoral não fosse suficiente, um Juiz do Supremo Tribunal fixou, ainda, uma hora limite de entrega dos votos às Comissões Eleitorais.

Em causa, estão os Swing States que não previram a grande aderência a este sistema de voto, sobrelotando os correios que não conseguem dar vazão a todo o trabalho.

A decisão do juiz pode ter graves consequências, impedindo que vários votos cheguem às Comissões Eleitorais e sejam contabilizados.


Beatriz Costa

 

[23:00] Em dia eleitoral, nova tática de supressão de votos?


Segundo dados do jornal The Washington Post, cerca de dez milhões de cidadãos norte-americanos receberam, em dia eleitoral, chamadas que pretendiam demovê-los das urnas.

Hoje, o Departamento de Segurança Interna norte-americano está a investigar estas chamadas, levadas a cabo por sistema informáticos robotizados. Estas mensagens são pré-gravadas e reproduzidas no momento em que o utente atende o seu telemóvel. Contudo, a origem desta permanece desconhecida.

De acordo com o jornal Expresso, o fenómeno está a assolar vários lares estadunidenses. Algumas das mensagens vão desde "filas longas, vote amanhã" ou, "fique seguro, fique em casa". Ao receber esta chamada, Jane Crocker, residente no Estado de Massachusetts, revelou ao Jornal Expresso acreditar tratar-se de uma chamada de aviso, dado o paradigma pandémico atual.

Pouco se sabe, no entanto fica a certeza de que o objetivo é não votar.

Neste seguimento, importa notar que, caso se prove a tática de supressão de voto, os autores destas chamadas poderão incorrer numa pena de prisão até 10 anos, por violação de Lei Federal.


Mafalda Azevedo

 

[23:30] O que dizem os primeiros "exit polls"?


Saíram, agora, os primeiros resultados das "exit polls" (ou sondagens à boca da urna).

De acordo com a CNN, 65% dos resultados correspondem à população branca, 13% latina, 12% negra e 3% asiática. 53% são mulheres e 47% homens.

Por surpresa, 39% do eleitorado tem menos de 44 anos - apesar de ser um reduzido número, é o eleitorado mais jovem dos últimos anos, seguindo a tendência de diversificação da composição étnica de um eleitorado cada vez menos branco.

As principais preocupações dos norte-americanos no momento de votação centram-se na economia (34%), seguindo-se as tensões raciais (21%) e a situação da Covid-19 (18%), a criminalidade e a segurança (11%) e ainda o sistema de saúde (11%).

No entanto, 52% consideram a contenção do vírus mais importante que a reconstrução da economia (42%). 48% dos norte-americanos interpelados considera a situação económica dos EUA ótima ou excelente, em contrapartida 52% discorda que o cenário atual seja ideal.

Em relação à situação financeira familiar, 41% dos resultados das "exit polls" apontam para uma situação financeira mais favorável que há 4 anos atrás, 38% afirma que está igual e 20% pior que há 4 anos.

Sobre o Obamacare, 53% apoia a continuação do programa de saúde, enquanto que 42% apoia o fim deste. No tópico do ambiente, 66% dos norte-americanos defendem que é um problema real e sério.

Também 61% do eleitorado considera que as nomeações para o Tribunal Constitucional são um fator importante na escolha do Presidente.

Estes resultados mostram uma preferência para o programa eleitoral de Biden, mas é preciso ter em conta que outros fatores (regionais, culturais, ou até a narrativa republicana sobre Biden, que o aponta como “esquerda radical”) influenciam igualmente o sufrágio.


Beatriz Costa, Eduardo Esteves

 

[23:45] Nem todos os Republicanos estão a votar em Trump


Nem todos os Republicanos estão de acordo com a escolha do Partido em 2020, embora tenham apoiado a candidatura de Donald Trump em 2016. Inclusive, existe já uma página onde vários apoiantes do partido partilham mensagens de oposição ao Presidente.


São vários os Governadores e representantes do Partido Republicano que foram firmes ao expressar a sua intenção de voto - que não passa por Donald Trump, o escolhido pelo Partido para a disputa eleitoral.

Mitt Romney, Senador pelo Estado de Utah e ex-candidato às Eleições Presidenciais, em 2012, foi dos primeiros a dizer publicamente que não iria votar no atual Presidente dos Estados Unidos da América. Romney votou antecipadamente, no Estado de Utah, ainda em outubro.

Romney tem sido um assumido opositor de Trump, inclusive tendo sido o primeiro Senador, na história dos EUA, a querer retirar um Presidente do seu próprio partido do poder.

Alguns representantes republicanos têm vindo a admitir que o seu voto foi deixado em branco, como é o caso de Charlie Baker, Governador no Estado de Massachusetts.

Por outro lado, soube-se há pouco que Phill Scott, Governador no Estado de Vermont, foi o primeiro Republicano com posição em órgãos de poder político a admitir que, além de não votar em Trump, submeteu o boletim de voto com o nome de Joe Biden.

Scott salientou que não basta não votar em Trump para fazer valer a sua oposição, e que é preciso votar contra ele.

Em Maryland, o Governador Larry Hogan foi ainda mais longe, submetendo um voto bizarro: não só não votou em Trump, como não votou em nenhum dos candidatos, nem votou em ninguém que continue vivo. Hogan diz ter escrito no boletim de voto o nome de Ronald Reagan. (Quem escreveu Kanye West no boletim de voto já não parece tão estranho agora...)


Matilde Costa Alves

 

[00:05] Ponto de situação: Trump vence Kentucky, Biden vence Vermont. Indiana praticamente decidido - é vermelho.


As urnas começam finalmente a fechar.

De acordo com o Guardian, a contagem dos votos dita a vitória para o candidato Republicano, Donald Trump, no Estado do Kentucky, que atribui 8 votos eleitorais.

Embora Indiana ainda não esteja totalmente fechada, a CNN prevê que, dados os votos já contados e a maioria de Trump, o Partido republicano fique com os 11 votos eleitorais.

As previsões eleitorais ditam que a vitória dos 3 votos eleitorais no Estado de Vermont é azul, para Joe Biden.

Mais 6 Estados fecharam também as suas urnas. No entanto, é demasiado cedo para retirar qualquer conclusão quanto à cor que marcará o mapa.


Mafalda Azevedo, Matilde Costa Alves

 

[00:40] Ponto de situação: uma Virginia pintada a azul, a outra garante o vermelho de Trump


Urnas fechadas em Ohio.

O New York Times declara Trump vitorioso em West Virginia, garantindo-lhe mais 5 votos eleitorais, que, em conjunto com os de Kentucky, já rendem ao atual Presidente 13 votos.

Ainda assim, o cenário é azul: Virginia mantém a tradição democrata e coloca Biden na frente da corrida, com 16 votos eleitorais no total. Virginia foi um dos Swing States durante as campanhas de Barack Obama, mas desde então estabeleceu-se como um Estado Democrata.


Inês Brandão

 

[01:10] Ponto de situação: Trump vence Carolina do Sul. As previsões de vários Estados da Costa Leste dão 85 votos a Biden e 55 a Trump.


Os 9 votos eleitorais da Carolina do Sul vão para Donald Trump e mais um Estado ganha cor vermelha. Tradicionalmente um Estado Republicano, conservador e rural, a Carolina do Sul não muda a direção de voto desde os tempos de Reagan, em 1980.

Entretanto o New York Times avança também que vários Estados dão vantagem a Biden: Delaware (3), Connecticut (7), Illinois (20), Maryland (10), Massachusetts (11) e New Jersey (14).

Os Estados de Alabama (9), Mississipi (6), Tennessee (11) e Oklahoma (7) estão previstos para Trump.

A CNN projeta 30 votos eleitorais para Biden (pelos Estados de Vermont, Maryland) e 37 votos eleitorais (pelos Estados de Kentucky, Indiana, Tennessee e Oklahoma) para Trump.


Beatriz Costa, Matilde Costa Alves


 

[01:30] Ponto de situação: Trump vence Arkansas. O que podemos mais esperar dos Estados do Sul?


O Guardian e o New York Times avançam que Trump tem os 6 votos eleitorais do Estado de Arkansas.

Os Estados do Sul são, tradicionalmente, associados ao Partido Republicano.

Um deles é o Texas, um dos Swing States destas Eleições, que renderá a um dos candidatos 38 votos eleitorais, começou a contagem e a coisa continua renhida. Surpreendentemente, Biden tem surgido na frente, embora ainda seja cedo para ter a certeza.

É um dos Estados que mais votos eleitorais garante, sendo precedido apenas pela Califórnia, com os seus 55 votos eleitorais. Desde 1976, com a eleição de Jimmy Carter, que Texas não se pinta de azul. Passados 24 anos, a probabilidade de mudança é praticamente nula.


Inês Brandão, Matilde Costa Alves

 

[01:50] O que pode acontecer na Flórida, o Estado mais vigiado da Costa Leste?


O Estado da Flórida começou a contar os votos por correspondência há semanas; é facto, também, que boa parte dos eleitores do Partido Democrata optaram por votar à distância, devido à atual situação pandémica.

Quem, num quase ato religioso, acompanha de quatro em quatro anos as Eleições Presidenciais norte-americanas, sabe que a Flórida é um dos fundamentais campos de batalha. Não só isso, como é das batalhas que se trava mais cedo.

O vencedor pode recolher 29 votos eleitorais; o vencido, provavelmente perderá a noite.

Em 2016, Trump venceu surpreendentemente neste Estado, com 49,02% dos votos contra os 47,82% de Hillary Clinton. Uma margem de apenas 1,2%. Diferentemente, em 2012, Obama venceu Mitt Romney, mas por uma margem ainda menor: 50,01% contra 49,13%, do eleitorado deste Estado. Dizer que esta é uma luta renhida seria um eufemismo.

Se Trump vencer hoje este Estado, conhecido pela sua diversidade cultural, Biden precisará de fazer um pino de vitórias para compensar tal perda.

Porém, qualquer que seja o resultado desta noite, não podemos tomar estes 29 votos eleitorais como garantidos.

Ainda que a vitória seja de Trump, teremos que dela desconfiar, pois votos ficarão hoje por contar: os votos por correspondência.

Apesar da Flórida ter começado esta contagem há semanas, hoje poderão ficar ainda vários boletins por abrir.

Boletins estes, na sua maioria, democratas. Mantenhamos a esperança.


Inês Brandão

 

[02:00] Trump menos apelativo ao voto suburbano


O candidato Republicano Donald Trump, comparativamente à eleição de 2016, está a ter menos votos dos eleitores suburbanos na Florida, segundo avança a CNN.

Se esta tendência se verificar, independentemente do resultado no respectivo Estado, vemos confirmadas as previsões de que este eleitorado se encontra desiludido com a administração Trump, podendo dar vantagem aos Democratas no Texas, onde os eleitores suburbanos representam uma parcela importante do eleitorado, sendo que neste Estado as zonas urbanas preveem-se maioritariamente para Joe Biden.

Os dois candidatos reconheceram desde cedo a importância deste eleitorado tradicionalmente conservador, contudo, com a pandemia, o avanço inicial de Trump rapidamente foi ultrapassado por Biden, sendo capaz de se tornar crucial para o desfecho destas eleições.


Gonçalo Angeiras

 

[02:15] Ponto de situação: O azul vence em New Mexico e Nova Iorque. Trump avança com ambas as Dakotas e Nebraska.


Joe Biden soma 5 votos eleitorais no Estado de New Mexico. A sua vitória também está prevista para Nova Iorque, que dá ao candidato preferido 29 votos eleitorais.

No entanto, Trump avança com a vitória tanto na Dakota do Norte, como do Sul. Cada uma pode garantir 3 votos ao Presidente.

Para além destes, acrescenta ainda as vitórias no Estado de Wyoming (3 votos eleitorais) e Louisiana (8 votos eleitorais).

As previsões do New York Times dão a vitória do Nebraska a Trump também. O Nebraska é um dos Swing States destas Eleições Presidenciais.


De acordo com as previsões do mesmo jornal, Biden terá, para já, 119 votos eleitorais assegurados, enquanto Trump terá 93. Mas sendo informação prematura, o cenário pode mudar.


Mafalda Azevedo

 

[02:30] Simultaneamente, as Eleições para o Senado e para a Câmara dos Representantes


O Congresso dos Estados Unidos é composto por duas Câmaras: o Senado (cada Estado norte-americano é representado por dois senadores, cujo mandato dura seis anos) e a Câmara dos Representantes (cada Estado norte-americano tem direito a um determinado número de representantes, dependendo da dimensão da população). Assim sendo, não é só a corrida para Presidente que podemos acompanhar esta noite, mas também as eleições para ambas as câmaras.

Relativamente ao Senado, embora o mandato de cada Senador dure seis anos, assistimos a Eleições de dois em dois anos para escolher aproximadamente um terço dos Senadores.

Hoje, os norte-americanos têm o poder de eleger 35 dos 100 senadores. À partida, segundo as sondagens, a maioria passará dos Republicanos para os Democratas.

Atualmente, há 53 senadores Republicanos (num total de 100), maioria essa que foi responsável pelo impedimento do impeachment de Donald Trump e a aprovação da nomeação da juíza Amy Coney Barret para a Suprema Corte dos Estados Unidos.

Dos 35 lugares a ser disputados, 23 pertencem atualmente a Republicanos e 12 a Democratas.

Senado norte-americano. | © Mark Wilson/GETTY

De acordo com o The Washington Post, 12 dos 23 senadores Republicanos correm o risco de perder o seu lugar no Senado. O Centro para Políticas da Universidade da Virgínia, o Cook Political Report e o Inside Elections prevêem que os Democratas fiquem com a maioria no Senado, com o máximo de 55 senadores (contando com os já eleitos anteriormente), o que resultaria, pela primeira vez numa década, na maioria ao Partido Democrata e, consequentemente, um cenário de caos, caso o Partido Republicano vença as Eleições Presidenciais.

Até agora, a Associated Press confirmou 15 dos 35 mandatos em disputa. O Partido Democrata conta com 7 mandatos conquistados (Estados de New Hampshire, Massachusetts, Rhode Island, New Jersey, Delaware, Illinois e Virgínia), enquanto que o Partido Republicano conta já com 8 (Estados de West Virginia, Kentucky, Tennessee, Oklahoma, Arkansas, South Dakota, Wyoming e Nebraska).

Para obter a maioria, são necessários 51 senadores: o que verificamos, para já, são 40 senadores Democratas e 38 senadores Republicanos. É de realçar que há 2 Senadores, já eleitos anteriormente, que pertencem a outros partidos.

No que diz respeito à Câmara dos Representantes, são os Democratas que a dominam e, segundo as pesquisas, assim vai continuar. Há 435 lugares disponíveis, estando já confirmados 91, pela Associated Press.

O Partido Republicano conquistou 53 lugares, enquanto que o Partido Democrata conquistou apenas 38, o que, para já, parece contrariar as expectativas.


Rita Marques


 

[02:45] O dia de amanhã


Enquanto a noite eleitoral se desenrola na mente de todos os que acompanham as eleições, norte-americanos e, não só, permanece um pensamento:

O que acontece amanhã?


Cresce o medo de que Trump não aceite o resultado eleitoral, algo que já ameaçou várias vezes e que, tendo em conta a narrativa de fraude eleitoral que tem desenvolvido ao longo da campanha, não parece de todo algo insustentável.

A maioria conservadora de dois terços no Supremo Tribunal e a memória das exaustivas Eleição Presidenciais de 2000, onde o Tribunal cancelou a recontagem de votos na Flórida resultando na polémica vitória de Bush, parecem tranquilizar o atual Presidente norte-americano.

Fora dos corredores do poder, os ânimos são igualmente exaltados, depois de meses de protestos (muitas vezes violentos) do movimento Black Lives Matter e com um antagonismo de grande parte da sociedade americana à Administração Trump. São de esperar grandes manifestações e possivelmente destruição de propriedade nos principais centros urbanos.

Em preparação, caso este vença, Estados como Washington DC têm já grande parte das suas montras cobertas e aumentam a vigilância policial.

Para agravar a situação, milícias de extrema-direita pró-Trump (como os ‘Proud Boys’) ameaçam agir direta e violentamente contra os protestantes, como já fizeram. E apresenta-se imprevisível saber como irão agir estes caso Biden vença.

É, no entanto, aparente que grande parte do eleitorado Republicano não reconhecerá estas eleições como legítimas, criando aquela que será uma das principais dores de cabeça no plano interno da possível futura Administração Biden.


Esta escalada de tensões e possível violência pode ainda ser evitada, mas parece difícil e estreito o caminho para atingir essa transição pacífica de poder que caracterizou durante séculos a política norte-americana.

Ainda é cedo, e muito pouco se pode dizer sobre qual será o resultado desta eleição, mas uma coisa é certa: os Estados Unidos da América continuarão profundamente divididos.


Eduardo Esteves


 

[03:10] Ponto de situação: Lado a lado, Colorado é azul, Kansas é vermelho


O candidato Democrata assegura, agora também, o Estado de Colorado, garantindo-lhe 9 votos eleitorais.

Mesmo ao lado, temos Trump a convencer o eleitorado do Estado de Kansas. Avança, então, garantindo 6 votos eleitorais.

O Guardian prevê 131 votos para Joe Biden e 98 votos para Trump, até ao momento. No entanto, os Estados do Texas, Pennsylvania e Florida podem alterar totalmente a narrativa nos próximos minutos.

A ABC News prevê que no Estado de Arizona, tipicamente vermelho, com 70% dos votos contados, prevê uma vitória de Biden. O Estado está responsável por 11 votos eleitorais.


Mafalda Azevedo, Matilde Costa Alves


 

[03:30] Como se fazem Eleições em tempo de pandemia?


Quando analisamos a história das Eleições Presidenciais norte-americanas, temos de destacar o registo da afluência às urnas que, tal como as suas opções, não se mantiveram constantes, sendo este um reflexo da conjuntura do país nos mais diversos domínios.

O primeiro prémio vai para as Eleições Presidenciais de 1876, que bateram um recorde de participação de cerca de 81,9% dos eleitores, saindo vencedor o candidato Republicano Rutherford B. Hayes. Dezasseis anos antes, as Eleições de 1860 ficaram marcadas para a posterioridade como as segundas mais concorridas, registando uma participação de 81,2%, saindo vitorioso o tão conhecido Abraham Lincoln.

O início do século XX é marcado pela conquista do direito à participação na vida política das mulheres através do voto, grande bandeira do movimento das, conhecidas, Sufragistas, tendo estas exercido no primeiro ato eleitoral em 1920, registando uma afluência às urnas de apenas 49,2%, como consequência da duplicação do número de votantes. Durante o século passado é de realçar a eleição de 1968 que elevou Richard M. Nixon a Presidente e que contou com uma adesão de 60,7% de eleitores.

O século XXI é marcado pelo momento eleitoral mais próximo do nosso espaço temporal, as Eleições Presidenciais de 2020, que ficam para a História não só devido ao facto de estarem a ser vividas durante uma pandemia (decorrente da emergência da Covid-19), como também devido ao facto de se ter registado o maior número de votos antecipados na história do país, tendo 103,3 milhões de eleitores votado antes do dia das eleições, o que representa 74,3% dos eleitores das Eleições anteriores, as Eleições de 2016.

Segundo a Associated Press, este número justifica-se, já que muitas pessoas queriam fugir às longas filas de espera e às assembleias de voto, lugares de grande concentração de pessoas e com maior probabilidade de contração do vírus, o que é especialmente preocupante numa altura em que se conta um total de 230 mil mortes e 9 milhões de infetados desde o início da pandemia neste país. Os Estados do Missouri, Oklahoma, Iowa, Indiana, Nebraska, Dakota do Norte e do New Mexico estão a ter muitas dificuldades em lidar com o número recorde de hospitalizações que se registaram desde o início desta semana.

Existem outras razões apontadas para este número recorde de votos antecipados, nomeadamente a sua conveniência, assim como o facto de os Estados terem mudado a regulamentação de forma a facilitar esta forma de votação.

Conclui-se que, da mesma maneira que não podemos prever a duração e intensidade desta pandemia que assombrou o mundo, também é difícil tecer projeções quanto ao desfecho deste momento eleitoral histórico.


Francisco Bom Pereira


 

[04:30] Ponto de situação: Biden vence na Costa Oeste, garantindo a Califórnia, o Estado com mais delegados no Colégio Eleitoral. Estados vermelhos continuam vermelhos. Pennsylvania, Michigan e Wisconsin serão decisivos.


As sondagens já davam vitória a Donald Trump, no Estado de Missouri, onde vencera também em 2016, sendo os melhores resultados eleitorais desde 1972 com Nixon. Somando ao Estado de Utah, são mais 16 delegados a favor dos Republicanos. Wyoming (3) e Idaho (4) são apontados para Trump também.

Segundo o AP Politics, Joe Biden vence na West Coast: em Washington (12 delegados), Oregon (7 delegados) e Califórnia (55 delegados), o Estado mais importante em termos de número de delegados. Também se prevê, para já, New Hampshire (4 delegados), somando um total de 209 delegados para Joe Biden (com os já previstos anteriormente). O candidato Democrata está cada vez mais perto dos 270 votos requeridos para vencer as Eleições Presidenciais.

Parece que os resultados finais vão depender do Centro Oeste.

Entretanto, avança Sahema Mohsin (Bloomberg News) que os Estados de Michigan, Winsconsin e Pennsylvania não terão os votos contados esta noite, podendo demorar até ao final da semana. Estes Estados têm revelado, até agora, uma vitória a Trump, embora o voto por correspondência possa enganar, maioritariamente Democrata.


Beatriz Costa, Matilde Costa Alves

 

[04:45] A Blue Wall


A receita de vitória de Trump em 2016 foi simples: ganhou por pequenas margens de votos (que chegam aos 10 mil num dos Estados) naquela que era conhecida como a Blue Wall dos Democratas: o Wisconsin, o Michigan e a Pensilvânia.

Este conjunto de Estados é também conhecido como Rust Belt (referência ao facto de terem sido o motor da industrialização norte-americana). Contudo, esta indústria está, atualmente, maioritariamente abandonada e enferrujada.

Este “cinturão de ferrugem” é composto por grandes centros urbanos populados por uma classe trabalhadora maioritariamente branca. Esta comunidade sofre as consequências de elevadas taxas de desemprego e todos os fenómenos sociais que tal acarreta.

Tradicionalmente, esta região votava no Partido Democrata, na sequência de ter sido durante Administrações Republicanas (de Reagan e Bush) que se iniciou o seu declínio económico.

Porém, com Tratados como o North American Free Trade Agreement, assinado na Administração Democrata de Bill Clinton, e sob a ameaça de outros tantos Tratados de livre comércio (com países de mão-de-obra infinitamente mais barata), propostos por Barack Obama, como o Transatlantic Free Trade Area e a Trans-Pacific Partnership, a angústia destes trabalhadores aumentou ainda mais, generalizando-se um sentimento anti-globalização, que Donald Trump soube aproveitar com propostas protecionistas que prometiam recuperar a indústria norte-americana.

Mais do que a recuperação de postos de trabalho, esta promessa tocava na vontade de inverter o que era visto por uma grande parte dos estadunidenses como a decadência do país.

Esta foi a chave para a vitória eleitoral de Trump. Caso consiga repetir o feito, este ano, então a permanência na Casa Branca parece bastante segura. Se, por outro lado, Biden conseguir reconstruir a velha Blue Wall, após quatro anos de Administração Republicana, que pouca indústria conseguiu recuperar, e menos postos de emprego ainda (resultado da atual crise económica, efeito da pandemia que o mundo atravessa), então, os ‘mais quatro anos’ de poder que os apoiantes de Trump cantam (sem máscara) nos seus comícios parecem distantes.

A resposta para tudo isto não será, no entanto, dada nesta longa madrugada. Wisconsin afirma que não revelará o vencedor ainda hoje. Já no caso do Michigan, podemos ter que esperar até sexta-feira. A Pensilvânia ainda não se pronunciou.


Eduardo Esteves


 

[05:30] Ponto de situação: A luta foi renhida mas Ohio e Nebraska são Trump. Biden tem o Hawaii e o Minnesota. E ainda: o progresso está no Congresso.


O Estado de Ohio é conhecido por acertar os resultados eleitorais desde 1960, e nunca um Candidato Republicano venceu as eleições sem Ohio. Assim, a vitória de Donald Trump neste Estado dá a entender que tudo caminha para a renovação do seu mandato presidencial. Aos 18 delegados de Ohio, Trump acrescenta 5 do Nebraska. Entretanto, foi confirmado pela AP Politics que Trump venceu a Flórida, que atribui 29 delegados.

Trump garantiu estes 3 Swing States, prevendo-se que consiga vencer também na Georgia, no Texas e na Carolina do Norte (com os votos quase contados).

Joe Biden, que começa a ficar para trás na corrida, adiciona Hawaii e Minnesota, Estados tradicionalmente Democratas, logo votos já esperados - 14 votos eleitorais.


Por outro lado, nas Eleições para o Congresso norte-americano, o progresso está a ser congratulado nas redes sociais.

Alexandria Ocasio-Cortez voltou a ser eleita para a Câmara dos Representantes, pelo Partido Democrata, em Nova Iorque, e como ela seguem Ilhan Omar (Minnesota), Rashida Tlaib (Michigan) e Ayanna Pressley (Massachusetts).

O Partido Democrata elegeu, pela primeira vez nestas Eleições para o Congresso, uma mulher trans, Sarah McBride (Delaware). Confirma-se também o primeiro afro-latino LGBTQ+ na Câmara dos Representantes, Ritchie Torres (Nova Iorque).


 

[05:40] Donald Trump vence na Flórida


Registados mais de 11 milhões de votos, cerca de 96% dos votos totais, é dado (quase) como certa a vitória dos Republicanos no Estado da Flórida.

Há 4 anos Trump, conquistou o Estado federado com mais de duas vezes a população portuguesa e que, nos dois atos eleitorais presidenciais anteriores a 2016, havia pertencido aos Democratas.

O Estado do sudeste estadunidense assume um espaço central nas campanhas eleitorais dos partidos maioritários pelo seu peso nas contas finais e também pela incerteza na conquista dos eleitores.

São 29 os Grandes Eleitores atribuídos à Flórida, fazendo deste o terceiro Estado, empatado com Nova Iorque, com mais representação no Colégio Eleitoral, atrás da Califórnia (55) e do Texas (38).

É estimado um gasto combinado acima dos 250 milhões de dólares por ambos os partidos no decorrer das campanhas presidenciais neste Estado, em 2020.

A Flórida é considerada um Swing State, i.e., um Estado normalmente muito disputado entre os dois candidatos maioritários e onde há uma incerteza relativamente grande acerca do vencedor final. Esta conquista pelos Republicanos é um passo decisivo para uma possível vitória de Trump, que muitos dizem ter sido alcançada em 2016, em grande parte, por responsabilidade dos resultados na Flórida.


José Miguel Barbosa


 

[06:10] E sem qualquer surpresa, o Texas é, também, de Trump


O Texas é o segundo Estado com maior representação no Colégio Eleitoral.

Tratam-se de 38 Grandes Eleitores, que vão ser atribuídos ao Estado que não dá a vitória a um candidato Democrata há mais de quatro décadas, aquando da vitória de Jimmy Carter sobre o então Presidente, General Ford, em 1976.

Isso poderia mudar hoje, já que várias sondagens, incluindo uma realizada pela Fox News, deram a Joe Biden a vitória neste Estado. Donald Trump não viu a vitória no Texas em risco nas semanas anteriores às eleições, com Rick Perry, ex-governador Republicano pelo Texas, a justificar a ausência dos "rallies" de Trump neste Estado: "O Texas não é um Estado de campo de batalha".

Joe Biden visitou o Estado frequentemente e Kamala Harris, candidata Democrata à Vice-Presidência, escolheu este como o local a visitar no dia final das votações antecipadas, com esperanças de convencer os eleitores texanos.

Este foi um dos Estados federados em que o voto por correspondência esteve apenas ao alcance daqueles que podiam justificar este tipo de sufrágio e não foi alargado a todos os eleitores, algo que muitos reivindicam como sendo essencial face ao risco de contágio do novo coronavírus.

Por isso, a afluência mais alta às urnas neste Estado populoso, associada às medidas de segurança sanitárias, poderia resultar em atrasos na divulgação de resultados.

A acrescentar a este facto estão condados como Tarrant, este que já anunciou a falta de pessoal para contagem de votos.

Em 2018, nas "midterm elections", os Democratas estiveram perto de conquistar um lugar no Senado, que contou com Ted Cruz a ultrapassar Beto O'Rourke por 2,6 pontos percentuais.

No entanto, apesar da pequena esperança dada aos Democratas por uma alteração histórica do voto no Texas, a vitória dos Republicanos do Estado já foi mencionada pela AP Politics. Embora os resultados concretos possam demorar várias horas a ser oficialmente confirmados, é possível concluir que, qualquer que seja o desfecho, os Democratas ganham terreno eleitoral no Lone Star State.


José Miguel Barbosa

 
Resultados provisórios às 06h25 do dia 4 de novembro. | © New York Times

O Procurador-Geral da Pennsylvania, Josh Shapiro, já deixou o aviso: "Durmam um pouco! Tivemos um dia de Eleições calmo. Os votos foram submetidos. (...) Como temos vindo a dizer durante meses: esta Eleição vai acabar quando todos os votos elegíveis forem contados. Mantenham-se calmos."

Parece-nos lógico seguir o conselho primário: dormir.


O Jornal Tribuna volta daqui a umas horas com as atualizações das últimas horas.

 

[13:00] Ponto de situação: a Blue Wall é a grande preocupação, num momento em que vários Estados poderão ser decisivos para Biden


Começamos a cobertura de hoje por um apanhado do pouco que sucedeu a partir das 5 horas da manhã portuguesas. Pelas 5h40 da madrugada, Joseph Biden abordou a nação, mostrando-se confiante e otimista. Pedindo paciência aos Democratas, e reforçando promessas de democracia. 8 minutos depois, pelas 5h48 da manhã, Donald Trump lança o seu, já expectável, tweet de vitória. Avança, com confiança, para acusações de fraude, e considera-se o heróico vencedor da noite.


No entanto, a questão que impera é: qual o ponto da situação neste momento?


No momento em que deixámos a cobertura, encontrava-se parada a contagem dos votos no Estado de Pensilvânia, por lá, permanecemos sem resultado concreto. O Estado do Nevada avança, através de um tweet, que apenas avançarão com novas atualizações na manhã de quinta-feira.


Um update com pouco a avançar, aguardamos contagens e o eventual tweet recheado de ira pelo Presidente norte-americano.


Mafalda Azevedo

 

[13:40] Todos os votos contam? Talvez não.


“Estamos perante uma fraude na nossa nação. Queremos justiça, por isso, avançaremos para o Supremo Tribunal. Nós queremos que toda a contagem pare. Não queremos que encontrem boletins de voto às 4 da manhã e os acrescentem à lista. Nós já ganhamos isto.” disse Donald Trump na madrugada de hoje, no seu discurso à nação norte-americana.


Depois de gritar, mais uma vez, pela "fraude do sistema", Trump declara-se vencedor da corrida e promete recorrer ao Supremo Tribunal para garantir que não serão contados mais votos depois do dia de ontem.


Trump falou esta manhã aos norte-americanos. | © Evan Vucci/AP

Parece que, 20 anos depois da novela Al Gore v. Bush, a presença e o poder do Supremo Tribunal voltaram para assombrar o país, que espera tão ansiosamente por um novo líder.


Antes de mais, como exercem os norte-americanos o seu direito ao voto?


Na maioria dos Estados, há quatro formas possíveis de votar. Em primeiro lugar, o direito ao voto pode ser exercido pela via mais tradicional: presencialmente (in person). O cidadão dirige-se às urnas, dá o seu nome e adereço, recebe um boletim de voto, e faz a sua cruz. Isto pode ser feito no dia das eleições, ou dias antes (voto antecipado). Mas, devido à situação pandémica provocada pela codiv-19, outra modalidade ganhou muito protagonismo: o voto à distância (absentee voting).


Portanto, os norte-americanos, em alguns Estados, podem também enviar o seu boletim de voto por correio. Este rapidamente se tornou método preferido dos Democratas, os eleitores mais receosos e conscientes das consequências da pandemia. Por outro lado, os Republicanos, e sem surpresa, continuam a preferir o método tradicional.


Alguns Estados, como Washington, Oregon, Utah e Colorado, enviam automaticamente um boletim de voto a todos os cidadãos recenseados. Mas essa não é a realidade na maior parte dos Estados, nos quais os cidadãos têm de preencher um requerimento para que o seu boletim de voto lhes seja enviado. Formalidades feitas e quadradinhos preenchidos, os boletins podem ser enviados pelo correio para o County Board of Elections, ou podem ser colocados numa Ballot Drop Box oficial.


No entanto, antes que possam ser contados, os votos por correspondência têm de ser verificados: a assinatura no boletim tem de ser verificada e comparada com aquela que o Estado tem em arquivo. Se tudo estiver conforme, podem os votos começar a ser contados.

Certos Estados, como a Flórida e Vermont, começam a contar os votos por correspondência semanas antes do dia D. Todavia, outros, como a Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, que receberam milhões e milhões de boletins, apenas começaram a processar esses votos ONTEM. Como é claro, não foram contados todos esses votos ontem. Aliás, há grande probabilidade é de que nem sequer serão contados todos esses votos hoje.


Naturalmente, os primeiros votos contabilizados ontem foram os dos eleitores que se dirigiram presencialmente às urnas. A sua maioria, como já foi dito, Republicana. Não é surpreendente, então, seguindo esta lógica, que Trump esteja neste momento com uma margem superior a Biden nesses mesmos Estados.


Mas poderão ser contados votos depois do dia das eleições?


A resposta a esta questão é a resposta favorita do jurista: depende.


No mês passado, o Supremo Tribunal norte-americano decidiu que sim: os votos recebidos até sexta feira (dia 30 de Outubro) terão de ser contados, desde que tenham o carimbo com uma data até 3 de Novembro. Ora, é em tudo provável que esta decisão beneficie os o partido Democrata.


Se foi estabelecida esta base legal com antecedência, porque é que o Trump e os Republicanos continuam a ameaçar chamar o Supremo à prolação?


Bem, esta decisão do Supremo não foi unânime. Numa nota de voto de vencido, os juízes Conservadores do Supremo defenderam que a decisão de contar os votos por correspondência por mais três dias é “provavelmente inconstitucional". Não só isto, como ainda alertaram que o Tribunal poderia voltar a analisar a situação depois do dia 3 (ontem). E, se assim for, desta vez contarão a sua maioria reforçada pela juíza Amy Coney Barrett.


Em Pensilvânia, várias ações foram já ontem intentadas por Republicanos em Tribunal neste sentido, com base na “tremenda fraude eleitoral”. Se um destes casos chegar ao Supremo, com a sua maioria conservadora 6-3, a decisão poderá ameaçar todo o sistema eleitoral. Se cumprirem a sua promessa em forma de ameaça, a ala conservadora pode mesmo decidir descartar milhões de votos norte-americanos e declarar Trump vencedor na hora.


E assim morrem as Democracias.


Inês Brandão


 

[16:30] O Republicano David Andahl, que faleceu há um mês devido à Covid-19, foi eleito pela Dakota do Norte. É a sexta vez, desde 2000, que é eleito alguém que já faleceu para órgãos de poder político nos EUA


A história parece comprovar, em tom agridoce, a gestão desastrosa da pandemia pela Administração Trump (Presidente Republicano).

David Andahl, candidato à Câmara dos Representantes pelo Partido Republicano, no Estado da Dakota do Norte, faleceu há cerca de um mês devido a complicações causadas pela contração da doença associada ao novo coronavírus.

No entanto, como o processo eleitoral já estava em curso - os votos antecipados já começavam a ser submetidos, incluindo os votos dos militares e dos norte-americanos no estrangeiro -, Andahl foi mantido como candidato.

Acabou por ser eleito no Distrito que prometia representar, com 36% dos votos. O Procurador-Geral do Estado declarou que, no caso da sua vitória, o Partido Republicano tem a possibilidade de substituir o candidato.


Mas não é a primeira vez que isto acontece e o último caso foi relativamente recente: em 2018, Dennis Hof foi eleito para a Assembleia estadual do Estado de Nevada, mas tinha falecido três semanas antes da vitória, em Los Angeles. Hof foi encontrado à porta do Love Ranch, um bordel de que era proprietário.

Segundo o National Post, a situação já aconteceu seis vezes desde 2000, indo de Eleições estaduais até a lugares no Senado.

Matilde Costa Alves


 

[17:00] Reta final


Estamos já no segundo dia daquela que aparenta ser já uma das mais controversas eleições da História dos Estados Unidos.

Ainda que não se possa, com certeza, dizer quem irá vencer a Eleição, é mais fácil analisar a situação agora que os resultados da maioria dos Estados estão fechados.

Como previmos ontem à noite, a vitória eleitoral de Trump ou Biden passa necessariamente pelo Wisconsin, o Michigan e/ou a Pennsylvania, no entanto, nenhum destes Estados confirmou ainda o seu resultado e podem ainda demorar.

Ao longo da madrugada, quantos mais votos por correio chegavam, mais de azul ficava pintado o mapa, e neste momento, Biden parece ter a dianteira no Estado de Wisconsin e, recentemente, também do Michigan. Donald Trump aparece ainda à frente na Pennsylvania, mas isto pode mudar, dado que os grandes centros urbanos, como Filadélfia, têm apenas 60% dos votos contados até agora. É exatamente daqui que a grande maioria do voto Democrata vem tradicionalmente.

Ambos os candidatos falaram durante a madrugada. Joe Biden com uma mensagem otimista, pedindo que os seus apoiantes mantivessem a fé, prevendo uma longa contagem de votos da qual saíriam vitoriosos. Donald Trump, como previmos, também, ontem, declarando uma vitória prematura, dizendo que lhe parecia ter vencido e lançando para o ar novamente acusações de “alegada” fraude eleitoral.

Previsões dos votos eleitorais de Cada Estado. | © Politico

Trump ignora a realidade amplamente reconhecida: é resultado da sua própria campanha ter pedido aos seus eleitores para votarem presencialmente que o voto por correio é esmagadoramente Democrata e é, portanto, de esperar que, à medida que este vá sendo anunciado, haja um grande e rápido aumento nos votos de Biden (sendo esta a razão usada por Trump para fundamentar a suspeita de fraude).

Face a tudo isto, os ânimos continuam a crescer, com o Presidente americano solicitando a paragem da contagem de votos no Wisconsin, no Michigan e na Pennsylvania, Estados onde está a perder à medida que o tempo avança. Mas, curiosamente, não no Nevada e Arizona - aqui, Joe Biden lidera, mas a campanha Republicana espera ainda recuperar a liderança. O Presidente prometeu levar tudo isto ao Supremo Tribunal de Justiça.

Também nas ruas a tensão cresce, com a Polícia de Washington DC a revelar que três homens e uma mulher, que dizem pertencer ao grupo neofascista pró-Trump intitulado de ‘Proud Boys’, foram esfaqueados a poucos quarteirões da Casa Branca hoje de manhã.


Eduardo Esteves

 

[21:55] Wisconsin e Michigan pintados a azul. Começaram os protestos pela efetiva contagem dos votos.


Em 2016, Donald Trump venceu no Estado de Wisconsin com 48%, vencendo a Hillary Clinton por apenas 1%. Foi a grande chave para a vitória de Trump nas eleições de 2016, uma vez que, era um Estado tradicionalmente democrático desde 1988.


Em 2020, Joe Biden volta a recuperar Wisconsin e fica assim cada vez mais perto de vencer a corrida eleitoral, somando um total de 254 votos eleitorais dos 270 necessários para declarar vitória. Contudo, não se fica por aí, projetando a CNN a sua vitória, também, no Estado de Michigan. Estado, este, vencido pelo atual Presidente nas eleições de 2016.


No entanto, após tweets enraivecidos contra a alegada "fraude eleitoral", e as exigências para a paragem da contagem dos boletins de votos, começam agora a notar-se alguns protestos exigindo que todos os votos sejam, devidamente, tidos em conta.


Beatriz Costa

Mafalda Azevedo

 


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