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Foto do escritorAna Luísa Casseb

Entrevista Academia de Política Apartidária

1. O que é e como surgiu a APA?


A APA é uma associação juvenil sem fins lucrativos, que foi fundada em 2012, por estudantes da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e que surgiu com o grande objetivo de incentivar o diálogo, a troca de opiniões, das várias perspetivas e das ideias políticas entre os estudantes. A APA originou-se na perceção de que efetivamente faltava dar aos jovens o palco para que estes pudessem falar sobre temas nos campos da cidadania e da política, promovendo trocas de perspetivas e o diálogo. Por outro lado, visa despertar também nessas camadas mais jovens da população o espírito crítico sob o modo como eles veem a realidade que os rodeia.

2. Qual o papel da APA? Qual o vosso propósito junto da comunidade académica?


O nosso papel é muito vocacionado para a aproximação dos jovens à política, em fazê-los perceber a importância que tem o interesse por estas questões. Existe, às vezes, aquela ideia de que este tipo de temas são distantes dos mais novos, mas essa ideia é errada. O que nós tentamos transmitir é que somos nós, as gerações mais novas, que devemos começar a olhar, em primeiro lugar, para o que nos rodeia, ter uma atitude crítica e interessada sobre o que lemos e o que aprendemos sobre a realidade política nacional e internacional. Mas, por outro lado, queremos – junto da comunidade académica que impactamos – mostrar que só enquanto cidadãos mais participativos e consciencializados é que podemos fazer a diferença. Cada um de nós pode ser um agente da mudança, e a nós devia interessar ter esse papel, porque somos aqueles que sentem mais impacto das decisões que se tomam hoje, e somos também nós os líderes do futuro. Para isso é preciso trabalharmos a nossa cidadania e a forma como exercemos essa atividade tão importante numa vida em sociedade.

3. Porque é que as pessoas devem juntar-se à APA?


Nós, na APA, temos muitas pessoas de perfis e características muito distintas entre si, e não há nada melhor que possamos pedir numa organização com este perfil. Queremos ter pessoas de diferentes formações académicas, com diferentes ideias e formas de ver a própria APA, mas, sobretudo, a realidade que nos rodeia, porque é esta diversidade de perspetivas que eu julgo que torna o nosso trabalho tão valioso. É sabermos que, apesar de muitas vezes termos opiniões distintas sobre determinados assuntos, todos estamos de acordo sobre a importância do papel da APA no ecossistema associativo e juvenil e na importância da nossa atividade para aproximar os jovens da política. Considero mesmo que o mais valioso da experiência quando alguém se junta à APA é perceber o modo como pode impactar outras pessoas, mas também o quanto pode aprender com os colegas com quem convive diariamente. Se estamos a preparar e a fazer atividades com o público, também temos internamente atividades que nos despertam o “bichinho” da política, por isso é uma experiência muito diversificada e, sem dúvida, com imenso valor para quem se junta a nós.

4. Que tipo de dinâmicas procuram promover segundo o propósito da APA? E como têm gerido as vossas atividades segundo o cenário da Covid-19?


Tentamos ter iniciativas muito distintas, também para podermos alcançar públicos com diferentes perfis. Apesar de impactarmos sobretudo jovens estudantes, sabemos que nem todos têm o mesmo perfil ou o conhecimento similar no que toca a estas temáticas, então focamo-nos muito em diversificar os projetos que temos.


Temos atividades mais expositivas, como conferências e mesas redondas, ideal, diria, para um público com mais conhecimentos específicos sobre determinados temas e que por isso estão interessados em perceber outros pontos de vista e ângulos de análise. Um bom exemplo são os nossos “Política e um Café”, em que levamos um tema, um orador ou um conjunto de oradores e proporcionamos a troca de argumentos e interação entre os convidados e os estudantes, tudo em ambiente mais informal.

Depois temos também atividades de formação em literacia política, que a APA já faz desde que foi fundada, e que tem um feedback muito positivo. É o caso do “Politica-te”, em que vamos a escolas secundárias localizadas no Porto ou na sua área metropolitana e, por norma, são atividades com uma componente de interação muito forte, em que queremos, de uma forma pedagógica, mas também mais lúdica, levar aprendizagens sobre conceitos políticos.


Com a situação de pandemia que ainda vivemos, a atividade da organização teve que se reestruturar significativamente, porque tudo o que fazíamos era essencialmente presencial. Desde o início deste cenário que atravessamos, começamos a apostar na vertente digital, com o lançamento de projetos como o “Púlpito” e as “Political Talks”. O “Púlpito” é o nosso podcast, onde conversamos com várias organizações que fazem parte do ecossistema associativo do Porto e que ajudam a dinamizar o setor juvenil da cidade. Tentamos mostrar a atividade destes projetos e como, de forma muitas vezes despercebida, estas organizações impactam as comunidades com quem trabalham. O resultado não podia estar a ser mais satisfatório.


Com as “Political Talks”, tentamos sobretudo adaptar as conversas que tínhamos ao digital, com a presença de dois oradores, que dão as suas perspetivas sobre determinada temática, e onde a audiência pode interagir para comentar ou colocar perguntas.


Por outro lado, o digital trouxe-nos a oportunidade de poder trabalhar diretamente com outras organizações, com quem já pudemos realizar atividades, numa sinergia que é cada vez mais essencial e que dá excelentes frutos.


A nossa atividade presencial não parou completamente, mas diminuiu significativamente com a Covid-19, por isso houve a necessidade de nos adaptarmos às circunstâncias para que a atividade não parasse.

5. Quais os planos da APA para 2021?


Este ano, mesmo com a situação incerta que o país e o mundo atravessam, o objetivo da APA é continuar a crescer, para impactarmos um número cada vez maior de jovens. Se a pandemia trouxe alguma coisa de positivo em 2020, foi o facto de nos permitir explorar um ambiente que nunca tínhamos explorado até então, que era o digital. Em 2021, esta tendência está a consolidar-se e é algo de positivo que tiramos deste ano à medida que progredimos no tempo. Por outro lado, a ideia de expandir o nosso leque de atividades é algo que continuamos a apostar para este ano, e estamos a trabalhar para isso. Nesse aspeto, a comunicação também é importante para fazermos chegar o nome da APA mais longe.


A sinergia com outras organizações é um objetivo que temos traçado com regularidade e que temos vindo a conseguir alcançar. O meio associativista é mais forte se criar sinergias e parcerias que beneficiem todas as partes, porque ao tomarmos passos nesse sentido, também estamos a beneficiar quem é impactado pela atividade das organizações. 2021 é um ano interessante para, enquanto organização, podermos também alargar esses laços.

Por último, eu diria que um objetivo que temos tentado consolidar é a expansão da atividade para outros pontos do país. É um trabalho que para uma organização do tamanho da APA tem os seus desafios, mas estamos a fazer esse percurso passo a passo.

6. Que reflexão gostavam de deixar para a comunidade académica neste 25 de abril?


É deixar a ideia de que aquilo que o 25 de abril permitiu que acontecesse em Portugal, a implantação de um regime democrático, não é um projeto acabado. E, sobretudo, não é algo irreversível. Enquanto comunidade, nós temos a responsabilidade – todos nós – de construir todos os dias um sistema, uma sociedade, um país melhor. Mas não é a alhearmo-nos desse dever que vamos encontrar respostas ou as soluções que queremos. É contribuir, e contribuir é termos a consciência da importância de sermos cidadãos ativos, participativos e interessados em provocar essas mudanças. Se não participarmos nesse processo, corremos o risco de não o podermos fazer no futuro e isso é algo que não podemos deixar que aconteça.



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