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  • Foto do escritorInês Oliveira, João Vilas Boas

Entrevista aos Alunos da FDUP: que visão para as legislativas?

Numa altura em que as eleições legislativas se aproximam, falámos com vários estudantes da FDUP sobre como veem estas eleições e as suas preocupações para o futuro do nosso país. 


1-Estamos a poucos dias das Eleições Legislativas, que serão muito importantes para o futuro do país. Achas importante exercer o direito de voto e estar informado sobre este tema? Porquê?


R: Sim! Exercer o nosso direito de voto é algo de extrema importância, especialmente tendo em conta todos os anos de ditadura que tivemos no nosso país, durante os quais não era possível à população exprimir as suas ideias. Votar é um direito que temos, atualmente, à custa da luta de muitos, e não devemos tomá-lo como garantido. O nosso voto deve ser consciente e refletir aquilo em que acreditamos. Não devemos guiar-nos pelo “voto útil” ou por aqueles que nos rodeiam. A informação relativamente aos planos eleitorais dos partidos candidatos é algo que não deve, de todo, ser descurado, e que nos permite encontrar algum candidato com o qual nos consigamos rever (minimamente). 


Rita Sousa

1.º Ano Direito


R: Na minha perceção, o voto não é somente um direito, mas também um dever, já que o facto de não votarmos cria muitas lacunas em termos estatísticos sobre a real vontade da população em geral. É importante salientar que, muitas vezes, o número das pessoas que optam em não exercer esse direito e dever prevalece sobre os que o exercem. A democracia também significa exercer direito ao voto, então, a população deve-se lembrar do quãodifícil foi lutar para que pudéssemos ir às urnas. Votar é decidir o rumo que queres para sociedade. 


Samara Fernandes

2º Ano Criminologia


R: Penso que é mais do que importante exercer o direito ao voto, é verdadeiramente imperativo. Este ano celebramos 50 anos desde o 25 de abril de 74, pelo que, mais do que nunca, devemos participar na democracia e fazer com que as nossas vozes sejam ouvidas, de modo a podermos garantir um futuro democrático, livre e em que todos sejam dotados de direitos sociais e políticos. A democracia é um bem precioso e bastante frágil, que não deve ser tomado por garantido, pelo que temos o dever de honrar não só a nossa vontade de representar os nossos ideais junto da AR, mas também honrar todos aqueles que tanto lutaram por este ato que tomamos como garantido. A abstenção, nomeadamente nestas eleições, em que somos confrontados com o surgimento de forças que colocam em causa esta mesma democracia e liberdade que tão orgulhosamente celebramos este ano, é especialmente perigosa: não deixes que ninguém decida o futuro por ti. 


Beatriz Morgado

3.º Ano Direito


R: Sim, acho extremamente importante exercer o direito de voto e estar informado sobre as Eleições Legislativas. O voto, além de um direito, é um dever cívico, onde podemos expressar as nossas preferências e contribuir para a escolha dos representantes que irão governar o país. Por isso,devemos estar informados sobre os temas em discussão, sendo crucial para tomar decisões conscientes e responsáveis. 


André Fraga

4.º Ano Criminologia


R: Claro que sim, acho mesmo que é fundamental exercê-lo e estar a par do debate público. Desde logo porque devemos contribuir para valorizar o nosso modelo democrático e combater a abstenção. E também porque, para termos um sistema representativo dos interesses da maioria da população, precisamos que a maioria das pessoas, efetivamente, participe nele. Só assim é que poderemos atingir o patamar da democracia plena. Infelizmente, as estatísticas mostram que Portugal tem tido uma tendência de crescimento da abstenção muito preocupante. 


Pedro Ortiga

1.º Ano Mestrado em Direito


2-Sendo um jovem eleitor, consideras que as preocupações dos jovens são tidas como algo importante?


R: Não. Penso que há preocupações em criar atrativos para fixarem os jovens em Portugal, mas não vejo grandes esforços para nos criarem as condições necessárias para tal. O nosso futuro neste país é algo extremamente incerto e que apoquenta muitos jovens, e não penso que estas preocupações sejam tidas como algo de relevo. 


Rita Sousa

1.º Ano Direito


R: Não, os jovens muitas vezes são colocados como rebeldes sem causas ou idealistas que desconhecem a realidade


Samara Fernandes

2.º Ano Criminologia


R: Esta é uma questão algo complexa. Os jovens são cidadãos, pelo que as medidas que visam melhorar a qualidade de vida das populações, nomeadamente da população ativa, também abrangem os jovens e as suas preocupações. Sendo verdade que somos a “geração mais qualificada de sempre”, todas as gerações anteriores o eram, não acredito que sejamos necessariamente melhores que as anteriores. Precisamos sim de estar junto dos centros de decisão, de modo a nos fazermos representar, para combater também a emigração de trabalho qualificado e permitir que os jovens que Portugal educou retribuam no mercado de trabalho português e que possam, tendo salários dignos e acesso a habitação, ser independentes e realizados no país em que nasceram. A solução para fazer representar os jovens é a ida às urnas, livre e informada.


Beatriz Morgado

3.º Ano Direito


R: Infelizmente, nem sempre as preocupações dos jovens são consideradas como importantes. Os jovens representam o futuro do país e as suas preocupações devem ser levadas a sério, pois afetam diretamente o rumo que a sociedade tomará. Cabe-nos a nós lutar por um futuro melhor. 


André Fraga

4.ºAno Criminologia


R: Os anseios dos jovens são, hoje, os problemas que a nossa sociedade e os nossos governos não foram capazes de resolver e deixaram ficar para depois. As alterações climáticas, a habitação, a precariedade no emprego e a baixa remuneração são o reflexo do modo de estar do ser humano no mundo e de como este decide gerir os recursos disponíveis e organizar a economia. É importante ouvir os jovens e eu acho que aquilo que dizem é o reflexo daquilo que querem que a sociedade seja e devemos orientar as nossas políticas de futuro com o contributo deles.


Pedro Ortiga

1.º Ano Mestrado em Direito


3-Sucintamente, como definirias a nossa geração?


R: A nossa geração é uma geração bastante diversificada em termos sociais, culturais e ideológicos. No entanto, e embora pareça um paradoxo, uma grande parte da nossa geração é completamente desinteressada por política e pelos problemas mundiais que nos afetam a todos, porventura influenciados pela geração dos nossos pais que se desiludiu com o mundo da política. Somos uma geração de extremos – ou nos preocupamos demais ou não nos preocupamos de todo.


Rita Sousa

1.º Ano Direito


R: Como uma geração muito egoísta e despreocupada com o rumo que o mundo está a tomar, abstendo-se de tomar decisões importantes sobre o País em que vive.


Samara Fernandes

2.º Ano Criminologia


R: Os jovens portugueses são, e ainda bem, cada vez mais reivindicativos, conscientes e informados. Espero que esse sentido de convicção se faça sentir nestas eleições e que tenhamos um decréscimo na taxa de abstenção jovem.


Beatriz Morgado

3.º Ano Direito

 

R: É uma geração marcada pela tecnologia, pela procura da inclusão e igualdade, e pela consciência ambiental. Somos mais conectados, informados e conscientes das questões sociais e ambientais do que as gerações anteriores.  


André Fraga

4.º Ano Criminologia


R: Capacitada, mas pouco valorizada. É preciso criar mais oportunidades de estágio, emprego e de futuro, essencialmente.


Pedro Ortiga

1.º Ano Mestrado em Direito



4-Recentemente saiu um relatório do Observatório da Emigração que afirmava que 30% dos jovens nascidos em Portugal emigraram. Consideras que Portugal não oferece boas oportunidades para os jovens?


R: Não. O nosso mercado de trabalho não está, de todo, direcionado para os jovens. Somos a geração mais qualificada até ao momento e, mesmo assim, a nossa transição para o mercado de trabalho é bastante sinuosa e a taxa de desemprego nos jovens é muito mais elevada do que a taxa de desemprego no geral. O nosso país não é nada atrativo para um jovem porque, para além desta questão, o custo de vida por cá é elevado demais para os salários que são pagos à nossa faixa etária.


Rita Sousa

1.º Ano Direito



R: Sim, não está a haver uma relação de custo-benefício, o salário não condiz com o trabalho que é feito e o custo de vida está muito elevado. Para um jovem recém-formado é difícil, se não impossível, construir uma vida estável em Portugal.


Samara Fernandes

2.º Ano Criminologia


R: É completamente insustentável para um jovem português, que investiu na sua educação, tendo completado 2 ciclos de estudos, o que é muitas vezes o caso dos jovens portugueses a entrar no mercado de trabalho, receber salários na ordem dos 1000 euros, sem perspetivas de progressão, o que os impossibilita de sair da casa dos pais quando desejam e de construir uma vida independente. Porém, é de notar que as condições não estão necessariamente melhores para outras faixas etárias, sendo que aqui é oportuno mencionar a classe profissional dos professores e dos médicos, as pensões baixas e rendas exorbitantes.


Beatriz Morgado

3.º Ano Direito

R: A emigração de jovens portugueses é uma realidade preocupante e indica que há desafios significativos em termos de oportunidades no país. Embora Portugal tenha feito progressos, ainda há muito a ser feito para criar um ambiente favorável ao desenvolvimento profissional e pessoal dos jovens. Neste ponto, os políticos têm uma responsabilidade enorme.

André Fraga

4.º Ano Criminologia


R: Acho que Portugal tem ainda um caminho a percorrer na criação de oportunidades profissionais, principalmente qualificadas. Temos um país que vive muito do Turismo e de serviços relacionados e não é necessário estar, continuadamente, a estimular o mesmo setor económico. 


Devemos ser mais ambiciosos e tentar apostar em setores estratégicos que sejam capazes de criar essa oferta. É um paradigma que tem de ser alterado, desde o plano nacional ao plano autárquico.


Pedro Ortiga

1.º Ano Mestrado em Direito



5-Se tivesses de eleger 3 preocupações para o futuro do nosso país, quais seriam?


R: Provavelmente, as questões da habitação, da saúde e do nosso sistema de ensino (principalmente ao nível do ensino superior).


Rita Sousa

1.º Ano Direito


R: Primeiramente subir o salário de maneira digna ou descer o custo de vida. Em segundo lugar, proporcionar mais oportunidades de emprego. E para finalizar, oferecer mais bolsas de estudos para aqueles que não tem condições económicas de entrar na faculdade.


Samara Fernandes

2.º Ano Criminologia


R: Para não pecar por ser repetitiva, penso que é importante mencionar, para além dos baixos salários, preocupação que tenho vindo a deixar clara nestas respostas, julgo que é imperativo falar, nestas eleições, de medidas concretas para assegurar os direitos das mulheres em Portugal. Temos um Portugal em que as mulheres estão em maioria nas universidades, entram em força nas carreiras jurídicas, nomeadamente no CEJ, mas que continuam a ganhar em média menos 16% do que os homens e continuam afastadas dos centros de decisão, arcando com a maioria do trabalho doméstico e familiar, que nada mais é que trabalho não remunerado, vendo a progressão da sua carreira a diminuir a cada filho, enquanto a do parceiro homem aumenta. É importantíssimo trazer estes temas para cima da mesa, porque não há democracia em que mais de metade da população fique para trás.


Beatriz Morgado

3.º Ano Direito


R: A falta de oportunidades de emprego digno e estável para os jovens, o decréscimo de investimento na educação e na formação profissional, e o acentuar das desigualdades sociais e económicas, são o que mais me preocupa.


André Fraga

4.º Ano Criminologia


R: A redução da dívida. Para termos capacidade de investimento por parte do Estado é necessário garantir a sustentabilidade das finanças públicas.      


O Estado Social. O nosso modelo político de sociedade é ainda muito recente e devemos continuar a desenvolvê-lo, com base na solidariedade entre todos.


O Ambiente. A aceleração do avanço do mar, devido às alterações climáticas, faz antecipar um cenário de destruição de várias zonas da costa marítima que inclusive são reserva natural protegida.   


Pedro Ortiga

1.º Ano Mestrado em Direito


6- Para finalizar, vês-te a permanecer em Portugal no futuro?


R: Uma vez que estou em Direito, penso que seria muito complicado conseguir emprego nesta área num outro país. O nosso curso é muito restrito às questões da nossa própria legislação e ao nosso ordenamento jurídico. Por esse motivo, sair do país não está nos meus planos. É uma opção que não posso, de todo, descartar, especialmente tendo em conta a situação atual de Portugal, mas não é algo que eu queira, de todo, fazer.


Rita Sousa

1.º Ano Direito



R: Sinceramente, se tudo continuar como está, não me vejo a construir uma vida em Portugal.


Samara Fernandes

2.º Ano Criminologia


R: Agrada-me a ideia de fazer um Mestrado fora do país, até porque me interesso por temáticas relacionadas com o Direito da União Europeia e Direito Humanitário e gostava de estar mais próxima das Instituições Europeias, portanto, parece-me um pouco inevitável. Mas tudo depende das oportunidades que surgirem.


Beatriz Morgado

3.º Ano Direito


R: É difícil prever o futuro, mas gostaria de permanecer em Portugal, se houver oportunidades e condições adequadas para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. Acredito no potencial do país e espero que as políticas futuras possam criar um ambiente propício para isso, que no panorama político atual, será certamente um desafio.


André Fraga

4.º Ano Criminologia


R: Sim, sem dúvida. Tenho um carinho muito grande pela Póvoa de Varzim e tenho muito gosto em participar civicamente na vida pública. A política serve para podermos melhorar a comunidade onde vivemos.


Pedro Ortiga

1.º Ano Mestrado em Direito



Inês Oliveira

João Vilas Boas 

Departamento Grande Entrevista

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