Entrevista a Sara Machado
O grupo académico da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, também conhecido por GAFDUP, é um grupo que, como o próprio nome indica, é de âmbito académico, procurando a inserção dos novos estudantes na comunidade estudantil e mesmo na própria cidade do Porto, quando, tantas vezes, se encontram bem longe de casa. Cumprindo todos os costumes académicos, sempre com uma boa dose de energia, alegria, paz e confiança, assim é o GAFDUP, um grupo de todos para todos!
1. Bom dia Sara! Antes de mais, achas que nos consegues fazer um breve resumo daquilo em que consiste o GAFDUP e de como o conheceste, querendo, desde logo, integrar o grupo?
Ouvi falar do GAFDUP poucas semanas depois de entrar na FDUP, através de outros estudantes. Fui convidada, como muitxs outrxs, a aparecer a determinada hora em determinado lugar, para passar uma tarde feliz.
O GAFDUP foi, desde o primeiro dia, um lugar, um tempo, em que, como caloira, encarava os que estavam do outro lado (os Doutores) como família e quis, desde cedo, fazer parte dela. A Faculdade não é só o sítio onde estudas, é onde procuras respostas, aconchego e memórias. O GAFDUP tornou-se o meu Porto seguro e quero acreditar que os que fazem parte dele e mesmo aqueles que já fizeram, sentem o mesmo.
2. Porquê escolher o GAFDUP? O que é que vocês fazem enquanto grupo que vos distingue dos demais?
É algo ingrato explicar por palavras no que é que consiste o GAFDUP. Somos um grupo que preza a humanidade, a entreajuda, a solidariedade com x próximx, em tempos não-pandémicos, através da partilha da Tradição Académica do Porto da forma que tanto temos saudades e que tanta falta nos faz — a proximidade e presença.
3. O que é que te fez crer que este grupo, e não outros, pudesse contribuir para a tua inserção na Faculdade, bem como, em que medida consideras que a pertença a grupos académicos com os fins do GAFDUP contribuem para o teu crescimento enquanto pessoa?
Este Grupo deu-me a conhecer a Tradição de uma forma única. Não é só debitá-la, fazer com que esta seja sabida de cor e salteado. Ensinou-me a senti-la. Senti-la em mim e naqueles que fizeram parte deste meu percurso. Os fins tão nobres que o GAFDUP tem fazem-nos, imediatamente, e, por exemplo, em todas as ações de solidariedade e voluntariado que levamos a cabo, tocar noutras realidades, fazer com que quem não faça parte do espaço académico seja feliz connosco.
4. Como é que era o funcionamento do GAFDUP antes da pandemia da Covid-19, enquanto grupo de contacto humano muito próximo? Acreditas ser possível adaptar o grupo a esta nova realidade?
Tanto acredito que foi o que efetivamente aconteceu. Conseguimos manter uma atividade constante (ainda que dificultada, claramente) e conseguimos fazer com que os novos alunos se sentissem minimamente integrados. A pandemia foi muito dura para todos e nós tentámos amenizar isso mantendo o contacto entre Doutores e Caloiros, criar uma ligação com a FDUP que fosse além do estudo, das aulas. Acho que fomos muito bem-sucedidos na adaptação à nova realidade e na passagem de testemunhos aos rebentos deste ano.
5. Quais as estratégias que estão a adotar para que o grupo se mantenha no ativo, mesmo que não se possam reunir, como se desejaria, pessoalmente?
Tentamos, ao longo deste ano, dinamizar ao máximo através de métodos online diferenciados. O mais frequente, claro, o tão usual Zoom e, em complementaridade, usamos plataformas online para produzir sessões e atividades dinâmicas e, como nos mostraram os nossos “resultados”, positivas para todo o grupo.
6. Fazes ideia de quantos membros o grupo integra neste momento?
Neste momento somos aproximadamente 230.
7. Qual é a sensação de ver um grupo, que integras praticamente desde a sua formação, a agigantar-se de dia para dia? Há quase como que um sentimento de missão cumprida?
Pertenço à primeira “fornada” de caloiros do GAFDUP. Estamos a chegar perto dos 5 anos de existência e mais do que a sensação de missão cumprida, tenho um orgulho desmedido na pessoa em que este grupo me formou e nas pessoas que eu, enquanto doutora, e os meus colegas-membros, formamos ao longo destes anos. É um sentimento que nos preenche de forma inequívoca, pertencer aqui é ser feliz a cada momento, quando nos passa até a mais simples memória pela cabeça.
8. Em relação à junção anual de novos membros, como é que te sentes ao ver o testemunho percorrer sucessivamente os diversos membros?
A primeira sessão é sempre uma enorme responsabilidade. É um primeiro impacto importantíssimo, não só do nosso lado (doutores), sobretudo para aqueles que o são pelo primeiro ano, assim como do lado dos caloiros. É saber conciliar processos e aprendizagens para os vários fatores da equação, saber distribuir responsabilidades, conhecer aptidões e reforçar princípios.
A passagem do testemunho é o que considero mais importante, é a demonstração do sentimento e reconhecimento da Tradição Académica. É, como disse anteriormente, formar seres humanos, o futuro. Haverá algo mais importante? É um trabalho que orgulhosamente praticamos e ensinamos a praticar.
9. Qual o teu momento mais feliz no GAFDUP?
O meu momento mais feliz é tão difícil de precisar... São tantos! Quando tive a minha capa traçada, o meu primeiro cortejo... Mas se tivesse de escolher um, seria a passagem dos meus primeiros Caloiros a Doutores, em 2019. Foi um ritual de passagem que me marcou de uma forma muito especial. É impossível ser explicado, apenas sentido.
10. Se tivesses de descrever o grupo numa palavra, qual seria?
Esta é fácil e apenas percetível a quem pertence, a quem sente e vive — GAFDUP.
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