top of page
Buscar

Joy! (Sing it loud): quando os artistas se aventuram pelo Natal

Foto do escritor: André MotaAndré Mota

Atualizado: 5 de dez. de 2024

Chegamos, (até que enfim[!]), ao final do ano e já se sente, novamente, o espírito natalício no ar. É nesta altura que as pessoas fazem um esforço para que haja um pouco mais de paz e amor no Mundo, querendo, igualmente, que tudo seja perfeito para si mesmas, para melhor desfrutarem, junto da família e dos amigos, das tradições que mais apreciam na quadra natalícia. 


Se me perguntarem, diria que a melhor parte das tradições é o facto de, ao mesmo tempo que elas se transmitem e se aprendem com aqueles que as viveram antes de nós, também serem algo que nós próprios podemos criar. A música não é disso exceção. Ao longo dos anos, temos assistido a vários artistas, escutados e admirados por multidões enormes, a assumir o desafio de criarem os seus próprios temas natalícios originais, sem nunca esquecer, contudo, a magia dos cânticos de Natal que todos conhecemos. Assim se produzem álbuns absolutamente magníficos, que permitem a estes músicos demonstrar o seu talento, enquanto nos mostram, também, a forma como encaram a época festiva. 


Há várias obras que, para mim, definem verdadeiramente o tempo das Festas. Desde logo, posso conferir o maior destaque aos lançamentos da inigualável Mariah Carey. Considerada por muitos como “A Rainha do Natal”, Carey é uma artista que entende a essência da estação. Contando, na sua discografia, com dois discos natalícios — Merry Christmas (1994) e Merry Christmas II You (2010) —, Mariah faz uso do seu alcance vocal de 5 oitavas e dos seus dotes incontestáveis de composição e produção musical e deixa-se levar por uma boa dose de espírito natalício enquanto interpreta tanto temas clássicos — Silent Night e Oh Come All Ye Faithful, por exemplo —, como originais da sua autoria, de que são exemplos Oh Santa! e All I Want For Christmas Is You, sendo este último um dos singles mais marcantes do seu repertório, com o qual vai quebrando vários recordes a cada ano que passa. Envolvendo, nas faixas de ambos os trabalhos, elementos caraterísticos de vários géneros — pop, R&B, soul e gospel —, a cantora tornou-se realmente emblemática nesta altura do ano, embarcando, todos os anos, numa tour/residência que leva estas músicas a vários cantos da América e do Mundo, na qual se reúnem quantidades enormes de fãs que esperam o ano inteiro para poder ouvir estas canções ao vivo, em todo o seu esplendor.



Se Mariah Carey é a “Rainha”, então, a meu ver, Michael Bublé deverá ser coroado “Rei”. Do seu catálogo consta um álbum de Natal: Christmas (2011), marcadamente influenciado por um estilo musical inspirado no cenário jazz das décadas de 1950-60. A sua versão de It’s Beginning To Look A Lot Like Christmas é particularmente popular, e parece-me ser a simplicidade deste álbum a sua maior força. Bublé não se preocupa em introduzir twists inesperados, nem em fazer arranjos de grande complexidade. Em vez disso, opta por trazer uma sensação de calma, de relaxamento, criando um álbum descontraído e perfeito para se escutar durante a Consoada, enquanto nos sentamos a comer, a rir e a conversar junto de quem mais amamos.

Podia também falar aqui de outros músicos que, na última década, lançaram também lindíssimos trabalhos destinados a alegrar as celebrações de muitos. Temos, por exemplo, A Legendary Christmas, de John Legend (2018), ou Santa Baby, de Alicia Keys (2022), muito inspirados em interpretações de artistas como Eartha Kitt e Nat King Cole. Podia, até mesmo, incidir sobre o magnífico Wrapped In Red, de Kelly Clarkson (2013), que é, sem dúvida, um dos meus go-to’s da quadra festiva. A lista é muito longa para ser condensada num só artigo, pelo que optei por não me focar apenas num projeto em específico e dissertar sobre ele. Ao invés disso, preferi colocar várias obras em perspetiva, pois acredito que todas se propõem a alcançar o mesmo objetivo

A verdade é esta: o Natal é das alturas mais bonitas para se viver, e, para um amante de música, a melhor forma de o fazer é a cantar, em júbilo, acompanhado dos seus entes queridos. Criar um bom álbum de Natal não é tarefa fácil e exige daquele que o elabora bastante capacidade de inovação para conseguir dar o seu “toque especial” a conceitos que já foram explorados anteriormente por vários outros artistas. No entanto, quando os artistas se aventuram pelo Natal, não têm de pensar em mais nada para além de criarem o ambiente certo. É ao som destas músicas que tantas famílias ao longo do Mundo estreitam laços, que tantos casais têm momentos de ternura e de pura felicidade. Estes artistas entendem que o interesse prioritário, ao produzir um álbum de Natal, não deve ser o aumento das vendas dos seus discos no mercado, mas, em vez disso, maximizar o número de corações que devem aconchegar.



André Mota

Departamento Cultural


Comments


© 2024

Jornal Tribuna

bottom of page