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Foto do escritorBeatriz Loureiro

Já era hora

Já era hora. Regressámos. Voltámos àquela que, para muitos, foi uma segunda Casa por um diminuto e modesto período de tempo. Desta vez, cara a cara, olhos nos olhos, e já não através do ecrã de um qualquer dispositivo eletrónico. Soube aos bons velhos tempos, a uma gota de normalidade que, outrora, parecia tão distante.


O alívio das restrições que vigoravam em virtude da crise pandémica proporcionaram o tão almejado regresso aos corredores da FDUP, que já não marcava presença desde o ano letivo 2019/2020. Num primeiro momento, optou-se por um regime blended, em que as aulas teóricas eram à distância e as aulas práticas eram presenciais. No entanto, com a modificação das regras de distanciamento físico e isolamento profilático, estavam reunidas as condições necessárias para a lecionação integral em moldes presenciais. Assim, a 2 de novembro, o sentimento generalizado de «vida em suspenso» de todos os estudantes parecia, aos poucos, dissipar-se – a FDUP estava pronta para receber todos aqueles que esperavam ansiosamente pelo regresso.


É indubitável a preferência da maioria dos estudantes e docentes pelo regime de aulas presenciais. Com efeito, da perspetiva da comunidade estudantil, deve referir-se o renascimento da possibilidade de intervenção direta e quase imediata dos alunos, que permite o esclarecimento de dúvidas de modo mais eficiente e célere – que os chats das plataformas digitais em nada igualam –; são eliminados os inúmeros fatores distrativos que marcavam presença no conforto da casa de cada um e que propiciavam a dispersão de pensamento, assim como a redução da atenção e foco do conteúdo da aula; e ressurge a interação entre alunos, que promove o combate ao isolamento que tanto nos assombrou durante aquilo que pareceu ser uma eternidade. Do ponto de vista da comunidade docente, regressámos ao modo de ensino que sempre vigorou – a transmissão de informação científica, que privilegia o envolvimento físico e ativo dos professores com os alunos –, reduzindo-se a sua dificuldade de adaptação ao universo marcadamente digital e tecnológico em que as aulas decorriam.


Manuel Heitor – Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – foi um exímio impulsionador do ensino presencial no ano letivo 2021/2022, tendo em consideração, sobretudo, o contexto sanitário e, em particular, de vacinação, cada vez mais positivos. Em declarações prestadas ao Diário de Notícias, demonstrou a sua predileção por este sistema, depositando a maior confiança não só nos estudantes, como também nos professores para, no âmbito daquilo que designa como uma «autonomia responsável», providenciarem as condições vitais ao ensino presencial. Manuel Heitor destaca que a ausência de contacto e comunicação dos alunos entre si e dos alunos com os docentes, o isolamento da comunidade estudantil, bem como a dependência tecnológica que vigorava quase por inteiro, podem comprometer, numa parte significativa, a formação académica. Refira-se que o ensino superior não se circunscreve à mera aquisição de conceitos teóricos e apreensão de conhecimentos pertinentes para o exercício adequado da vida profissional, dispondo também de uma marcada dimensão preparatória para a vida adulta, que não pode ser alheada da convivência social.


Não obstante a urgência, a que foi dada resposta, do regresso ao regime de lecionação presencial, há que cumprir as orientações dadas pela Direção-Geral de Ensino Superior (DGES) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para o decorrer das atividades letivas. Com efeito, o uso de máscara no interior das instituições de ensino por estudantes, docentes, não docentes, investigadores e outros colaboradores é obrigatório; é impreterível a higienização constante das mãos e dos espaços das faculdades – a saber: salas de aula, salas de estudo, biblioteca, cantina, bar –; há que manter o distanciamento físico adequado entre alunos e entre alunos e professores; deve-se estender o horário de serviço de refeições, de tal modo que se evite a concentração excessiva de pessoas nesses locais. É de referir que o acesso às residências universitárias está condicionado à apresentação do certificado digital COVID da União Europeia, bem como à realização de testes ao COVID (teste rápido de antigénio ou teste PCR).


A Universidade do Porto retomou a excelente iniciativa do programa de testes gratuitos ao COVID-19 – de tal modo que os membros da Universidade do Porto poderão, sempre que quiserem e necessitarem, realizar um teste de modo gratuito, tendo apenas de o agendar anteriormente, sendo os resultados divulgados por correio eletrónico num curto espaço de tempo. A testagem terá lugar no edifício Abel Salazar.


Não obstante os notórios efeitos nocivos, assim como as marcas pejorativas que a crise pandémica despoletou, não se pode desconsiderar aquilo que de positivo, acidentalmente, nos trouxe. A este propósito, note-se o aperfeiçoamento do manuseamento das tecnologias digitais, cada vez mais imprescindíveis e úteis no quotidiano – Manuel Heitor sublinha, inclusivamente, que as instituições de ensino superior se devem continuar a servir, naquilo que seja necessário, da componente digital, adequando os conteúdos lecionados a uma realidade cada vez mais tecnológica.


Aponte-se que, em virtude do recente avanço galopante de contágios por COVID-19, António Costa anunciou, no passado dia 25 de novembro, medidas que afetam o ensino presencial na primeira semana de 2022. De 2 a 9 de janeiro as atividades letivas presenciais serão interrompidas, sem prejuízo das avaliações previamente marcadas – será, então, uma semana de «contenção de contactos» para evitar uma rede de contágio alarmante após as festividades.


Nas palavras de Fernando Pessoa, «[…] Se achar que precisa voltar, volte! […]» – nós achámos e nós voltámos. A espera valeu a pena. Apela-se à consciencialização de todos, bem como ao cumprimento das recomendações elencadas pela DGS – cabe-nos adotar as medidas necessárias para que este regresso não seja colocado em causa.


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