A 15 de dezembro de 2018, a jovem brasileira de 21 anos, Mariana Ferrer, conhecida como influencer e promotora de eventos, foi abusada sexualmente enquanto trabalhava no Beach Club Cafe de La Musique.
O relato de Mariana foi divulgado em maio de 2019 nas redes sociais. Este surge como uma forma de pressionar os investigadores do caso, alegando que a investigação teria estagnado devido ao pai do arguido ser um influente advogado brasileiro.
Nele, Ferrer relata ter sido drogada e conduzida a um camarote exclusivo do clube onde foi abusada, clube este cujo preço de entrada varia entre os R$100 e R$1500.
Das 37 câmaras no local, foi recuperado um único vídeo daquela noite, solicitado pela polícia meses após o início das investigações. Nele, Mariana Ferrer é vista com André Aranha, desorientada, a descer as escadas para um camarim restrito.
A jovem afirma ainda não ter muitas memórias da noite, efeito comum das chamadas drogas de violação, algo corroborado pelo testemunho do condutor da Uber que a levou a casa. Este afirma que Mariana chorou muito enquanto enviava mensagens à mãe e a amigas, e que estaria sob o efeito de drogas, contudo os exames toxicológicos não reconheceram nem álcool nem drogas no sangue de Mariana.
Foi após a sua chegada a casa que a mãe de Mariana Ferrer reparou “nas roupas cheias sangue e forte odor de esperma” ao despir a sua filha para lhe dar banho.
O desenvolvimento do caso tem sido acompanhado de perto por milhões de mulheres através das redes sociais, onde Mariana expôs o advogado de defesa do seu agressor por adulterar fotos anteriormente publicadas no âmbito de uma campanha publicitária, de modo a conferir-lhes cariz sexual.
Importante será considerar que, ao longo do processo, o empresário André Aranha mudou o seu depoimento. Apesar de, inicialmente, ter negado qualquer contacto com Mariana, no seu segundo depoimento à polícia afirma ter feito “apenas” sexo oral à jovem.
Mariana Ferrer tem sido alvo de uma campanha de assédio pelo sistema judicial brasileiro, que declarou André Aranha inocente, após a defesa ter apresentado a tese do que está a ser chamado “estupro culposo”, ou seja, uma violação onde não havia intenção de violar.
Grupos de mulheres no Brasil e pelo mundo insurgem-se, não só contra esta decisão, denunciando o precedente que abre para a potencial absolvição de criminosos sexuais, mas também contra o tratamento dado a Mariana Ferrer.
O vídeo do julgamento, divulgado na Internet, mostra a defesa a assediar moralmente a jovem:
"Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo" e "Tu vive disso? Esse é teu criadouro, né, Mariana, a verdade é essa, né? É teu ganha pão a desgraça dos outros? Manipular essa história de virgem?" foram algumas das coisas ditas por Cláudio Gastão da Rosa Filho, um dos mais caros advogados do Estado de Santa Catarina.
Ademais, e ignorando o choro da jovem, a defesa prosseguiu a mostrar fotos apelidadas de “ginecológicas” por Gastão, numa tentativa de desmerecer o depoimento de Mariana, que apenas pedia respeito durante a audiência. “Nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”
Acresce à indignação generalizada nas redes sociais, várias ações convocadas por grupos feministas brasileiros, como manifestações e ações de solidariedade já no próximo dia 7.
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