Em causa estão as declarações proferidas por Robert Habeck, ministro da economia e do clima da Alemanha, em que este acusa os EUA, e outros “países aliados”, de lucrarem com a Guerra na Ucrânia.
Foi numa entrevista ao jornal regional alemão NOZ, de Osnabrück, que o ministro alemão denunciou os preços excessivos que os fornecedores estrangeiros de gás natural praticam, segundo o próprio. O ministro focou-se especialmente nos EUA, dizendo que o país contactou a Alemanha aquando do “disparo dos preços do petróleo”, que teve como consequência a exploração das reservas nacionais de petróleo de cada Estado, pelo que lançou um apelo: “acho que essa solidariedade também seria boa para conter os preços do gás”.
As críticas do ministro ecologista, que também ocupa o cargo de vice-chanceler, estenderam-se a Bruxelas, mais concretamente à Comissão Europeia. Habeck é da opinião que cabe à Comissão “reunir o seu poder de mercado” e orquestrar um mecanismo de “compra inteligente e sincronizado dos Estados da UE”, de forma a que estes, individualmente, não contribuam para a “subida do preço do mercado mundial”.
É importante salientar que o gás natural constitui um mercado internacional extremamente sensível e volátil e que tem assistido a variações drásticas relativamente ao seu preço de comercialização.
Gás russo
A Alemanha era o país que mais gás natural comprava à Federação Russa antes do início do agravamento do conflito na Ucrânia, em Fevereiro de 2022.
O gás russo representava, também, a maior fatia do bolo total de gás natural utilizado pelos germânicos.
Esta dependência tem vindo a decrescer mediante as sanções económicas aplicadas a Moscovo, nomeadamente no âmbito da acção conjunta do espaço comunitário europeu. Tal facto tomou especial expressão depois de Olaf Scholz, o chanceler alemão, ter suspendido a certificação do gasoduto, de mais de 1200 quilómetros de extensão, após o reconhecimento das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, por parte de Vladimir Putin. A infra-estructura, que liga a Rússia à Alemanha, demorou cerca de 10 anos a ser concluída e ainda não se encontra em actividade. A Alemanha planeia acabar com todas as importações de gás russo até meados de 2024.
José Miguel Barbosa
(o autor escreve com o antigo acordo ortográfico)
Departamento Sociedade
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