Creio que o nosso primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem arranjado forma de superar os seus homólogos pelo mundo. É sabido que a sua formação de base é direito, contudo, se houvesse um mestrado em polivalência e um doutoramento em “faz-tudo”, o nosso chefe de governo seria um académico exemplar.
Ora, poderei começar por descrever Luís Montenegro como especialista em buscas e salvamento. Tal como se pôde observar nas buscas pelos militares da GNR desaparecidos no Douro, o primeiro-ministro não hesitou em reservar uma lancha para si e observar os trabalhos dos agentes envolvidos na operação. As autoridades confirmaram que, devido à formação de Luís Montenegro em apanhar moedas do fundo da piscina, a sua presença foi altamente moralizadora e necessária.
O que seria de um primeiro-ministro em São Bento? Já era sabido que o novo governo queria reformar o legado da governação socialista. Contudo, nunca pensei que a ideia de termos um primeiro-ministro como comandante de esquadrão poderia ser realizada. Como humilde cidadão, recomendo ao Dr. Luís Montenegro que se dirija ao interior do país, mais concretamente à zona de Bragança – lá o número de partos é um bocadinho baixo, se calhar poderia dar uma ajudinha no terreno.
Ao escrever este texto no início do ano letivo, lembrei-me do prazo do pagamento da propina. Mas confesso que me estou a deixar guiar pelo egoísmo… Pelo menos, também não tenho o prazo da prestação da casa arrendada nem das “despesas não incluídas”. Se tivesse, a única Casa Amarela que veria à minha frente seria o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), sediado na Rua Valente Perfeito, 322, Vila Nova de Gaia. Vejo que Luís Montenegro nada faz para responder à crise habitacional e ao problema da propina. Aliás, anunciou-se, por boato ou envergonhadas afirmações, o descongelamento da propina. Montenegro é tão bom em ser “faz-tudo”! Até faz aquilo que os outros não querem.
E como reage Montenegro aos recentes apelos da comunidade estudantil sobre os problemas vividos? Ora, nada. É um “faz-tudo”, mas não é nenhum super-herói. Deve estar assoberbado a acompanhar as buscas dos fugitivos da prisão do Vale dos Judeus.
Com a sua elevada carga laboral, Montenegro manda uma mensagem tácita ao povo e, especialmente, à comunidade estudantil. Tal mensagem tácita relembra-me, em termos exemplificativos, a forma como determinados governantes responderam aos clamores do povo que tão pouco tinha para se sustentar. Faz-me lembrar o governante Hui de Jin, que afirmou “Que comam carne”, enquanto os populares não tinham arroz para comer. Se o Palácio de São Bento fosse arrendado… Não havia problema. Com a quantidade de palácios, palacetes e palacinhos que possuímos em território nacional, Montenegro nunca seria um governante sem-abrigo.
Diogo Lamego
Departamento Crónicas
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