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Foto do escritorBenedita do Amaral

Na corda-bamba: machismo ou tradição

Atualizado: 3 de nov. de 2022

No domingo de 2 de outubro, o mundo universitário espanhol foi altamente noticiado depois de um vídeo que mostrava vários estudantes da residência universitária masculina Eliás Ahuja a dirigir insultos machistas à residência feminina vizinha, Santa Mónica. Entre a mixórdia de vozes, destacou-se um jovem que gritava “P*tas, saiam das vossas tocas como coelhas, sois umas prostitutas ninfomaníacas (…) Vamos, Ahuja!”.

Não obstante algumas estudantes, residentes e ex-residentes terem classificado a troca de insultos entre residências como um “ritual” e uma tradição, o comportamento assumido pela residência masculina teve especial impacto nos vários setores da sociedade espanhola dado o cenário intimidante criado.

Neste seguimento, Pedro Sánchez, presidente do Governo, pronunciou-se num tweet afirmando “Não podemos tolerar estes comportamentos que geram ódio e atacam as mulheres (…)”, assim como Irene Montero, ministra da Igualdade, caracterizou este fenómeno como “mais uma prova de que a educação sexual faz falta [neste país]”. No mesmo sentido, a Universidade Complutense de Madrid reagiu a este acontecimento através do desenvolvimento de cursos de sensibilização para a igualdade de género, nos quais os rapazes terão de participar obrigatoriamente.

No mesmo sentido, note-se também que a direção do Colégio Mayor Elías Ahuja procedeu à identificação e expulsão de alguns dos estudantes envolvidos. Importa ainda frisar que, depois do sucedido, o Movimento contra a Intolerância apresentou queixa ao Ministério Público de Madrid, que procederá com uma investigação, procurando saber se as injúrias dirigidas às vítimas constituem crime de ódio.

Indubitavelmente, o caso descrito expõe uma realidade muitas vezes desconhecida ou até mesmo normalizada em ambientes académicos e, embora não nos diga [pelo menos diretamente] respeito, enquanto comunidade estudantil devemos tomar situação referida como um alerta para outras que lhe sejam análogas e que se possam desenrolar entre nós.

Reitera-se, portanto, que este exemplo serve como forma de consciencialização do ambiente que nos rodeia, já que a garantia de um Academismo seguro e livre de quaisquer discriminações deverá ser uma das nossas prioridades enquanto estudantes.

Finalmente, para uma melhor compreensão deste acontecimento, é aconselhada a visualização do vídeo em causa.


Benedita Amaral

Mundo Universitário


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