O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, novamente, a notícia menos célebre da semana por aqueles que residem e fazem negócios na União Europeia – o aumento da Taxa de Juro de referência. A pergunta que se coloca é: Quem ganha com isto?
Em resposta à inflação, provocada pelas consequências das sanções à Rússia, o Banco Central Europeu, governado por Christine Lagarde, anunciou o aumento das taxas de juro. O último agravamento foi em setembro, aumentando 0,75%. Este mecanismo financeiro tem uma implicação direta no bolso dos contribuintes, nomeadamente no valor da prestação dos empréstimos que pedimos ao banco para pagar a nossa casa ou o aluguer do espaço que cita a minha empresa.
Inicialmente, o BCE aumentou a taxa de juro não só devido à inflação, mas também pelo fortalecimento do dólar, que levou ao aumento do preço dos produtos importados. A instituição financeira europeia tem como objetivo abrandar o ritmo económico, de modo que se atenue o ritmo de produção e consumo, que causará a estabilização dos preços no mercado.
No entanto, o objetivo do BCE será um projétil disparado contra as condições de vida dos cidadãos europeus. Com o agravamento do empréstimo da prestação bancárias, várias famílias veem-se na dificuldade de gerir os orçamentos e, com isto, têm menos disponibilidade financeira de consumir bem de consumo – lá se vão os estímulos para a economia.
Christine Lagarde durante a conferência de imprensa a 8 de Setembro. CréditosRONALD WITTEK / EPA
Vive-se numa União Europeia e num Portugal que ainda não taxa os lucros excessivos, que é um dos problemas estruturais apontados pelo BCE. Nesta crise económico-financeira, quem não tem de fazer contas ao bolso ao final do mês são os grandes acionistas ou investidores financeiros que vivem com milhões, enquanto outros vivem com tostões. O poder negocial dos trabalhadores tem vindo a diminuir devido à menor taxa de sindicalização, assim sendo o atropelo dos seus direitos nunca saiu tão impune como agora.
Para além do já referido, a União Europeia continua a suportar a sua escalada sancionatória contra o regime russo. O bloqueio económico, que o bloco europeu está a impor à Rússia, com o objetivo de prejudicá-la, está a agravar o modo de vida europeu. Contudo, as instituições europeias preferem manter-se anexas à vontade estratégica americana, sendo que esta muito ganha. No entanto, é necessário referir que não foi a guerra da Ucrânia quem provocou este cenário catastrófico, uma vez que esta tendência inflacionária já se tem vindo a assistir desde o ano de 2021.
A promessa de que o euro traria estabilidade à economia nacional, falha, mais uma vez. O Estado Português encontra-se num sistema bancário desajustado face à realidade financeira. É um facto necessário a readequação da política bancária à sociedade portuguesa, sendo necessário a revisão das moratórias, a readequação da taxa de juro, entre outras medidas como o aumento dos salários e das pensões para restituir o poder de compra dos portugueses.
Termino este artigo da mesma forma que comecei – O juro aumenta e o bolso esquenta.
Diogo Lamego
Departamento Sociedade
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