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O papel impulsionador das conferências e cursos breves

  • Foto do escritor: Diana Pinto
    Diana Pinto
  • 10 de abr.
  • 3 min de leitura

O ensino superior promove, essencialmente, a liberdade. Ainda que balizando, como não poderia deixar de ser, a oferta curricular ao curso propriamente dito, além das normas de funcionamento que alicerçam a Casa, os alunos são livres de trilhar a sua caminhada na Universidade da forma que mais lhes aprouver: decidir comparecer ou não às aulas, escolher o método de estudo, optar por avaliação distribuída em determinadas disciplinas, etc. Numa palavra, somos, mais do que nunca, estimulados a ser autónomos.

Do mesmo modo, somos livres para nos limitarmos ao ensino circunscrito às aulas - de certo modo, constrangido pelo tempo, tendo em conta a necessidade de abordagem de todas as linhas gerais-, ou decidir complementá-lo com ofertas extracurriculares, frequentando conferências e cursos breves. De facto, a oferta é imensa: tanto é possível assistir àqueles fornecidos pelos grupos académicos internos - os quais destaco os da Iuris FDUP Junior e os da ELSA U.Porto -, bem como aqueloutros incitados por grupos externos, como a ELSA Portugal. Mas será que a procura toma a mesma proporção? 

A resposta é claramente negativa e tal é, inclusive, sentido pelos promotores de tais eventos, servindo como fator desencorajador à inovação e dinamismo. Veja-se que incontáveis foram as vezes em que alguns docentes, prevendo pouca adesão em determinados projetos, pediram encarecidamente aos seus alunos para que dispusessem do seu tempo e comparecessem, não fossem os convidados ficar com uma má ideia dos estudantes da nossa faculdade. Indiretamente, parecem dizer: “por favor, façam algo bom por vocês mesmos!”. Verifica-se, assim, uma tendência curiosa: quem, à partida, mais beneficia com estas iniciativas, é quem menos adere a elas. 

Não obstante ser impossível comparecer a todos os cursos ou conferências, penso que seja extremamente benéfico fazer parte naqueles que incidem nas áreas de maior interesse do estudante, por forma a aprofundar conteúdos, porventura introduzidos em sede de aula, ou até aqueles completamente desconhecidos, mas igualmente enriquecedores. O curso de Direito é, com efeito, o curso com mais áreas de atuação e com mais desdobramentos, além de se pautar pela mutabilidade que as constantes evoluções tecnológicas, científicas e sociais impulsionam. Isto posto, parece-me redutor que um estudante se restrinja ao necessário e não procure ir além.

Acresce, ainda, a possibilidade de contactar com profissionais da área, de ouvir os seus percursos de vida e de tirar inspirações, servindo de motor para quem assiste e aspira ao sucesso. A abstração do curso insiste em suscitar dúvidas ao longo da licenciatura sobre que caminho seguir, dúvidas estas que se poderão dilacerar com um maior esclarecimento – fim último destas iniciativas. Cumpre, do mesmo modo, sublinhar que a ambição de construir um currículo completo pesa também a favor, na medida em que os certificados de participação possibilitam uma maior diferenciação face aos demais candidatos, em contexto de mercado de trabalho.

Pese embora o referido, a verdade é que os horários são preenchidos e as viagens de regresso a casa, para uns, intermináveis. A isto acresce o cansaço e a exaustão, sentidos com maior ímpeto no segundo semestre e motivados, em grande medida, pela ausência de pausa letiva pós-exames. O tempo, num jeito fugaz, parece cada vez mais escasso, como que numa relação de proporcionalidade inversa com a matéria lecionada e as tarefas pendentes. 

Ainda assim, acredito que a máxima “quem corre por gosto não cansa” é de se aplicar nestas situações, não só por entender que o segredo do sucesso reside na perseverança do trabalho, mas, sobretudo, por reconhecer as vantagens subjacentes a estas oportunidades, que se encontram a uma inscrição de distância. Caminhamos a passos largos para vir a exercer, pelo que é hora de começar a construir a bagagem que carregamos connosco. Pelo menos, gosto de pensar assim.


Diana Pinto

Departamento Mundo Univeristário


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