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Foto do escritorFrancisco Simões

O voluntariado e a faculdade

É inegável que o voluntariado tem se tornado cada vez mais uma parte essencial e significativa na vida dos estudantes universitários. A entrada na universidade, em particular na Universidade do Porto, permite aos estudantes entrar em contacto com diversas associações sem fins lucrativos e participar em diversas atividades/eventos, não se restringindo ao campo social, mas alargando-se à cultura, à educação, à justiça, ao ambiente, ao desporto e outras dimensões do nosso quotidiano.


Prova disso foi a 6º feira de Voluntariado organizada pela AEFDUP, no dia 25 de outubro do presente ano, que deu a conhecer aos estudantes várias organizações de voluntariado, todas com objetivos e meios de atuação diversos, mas cada uma oferecendo experiências únicas.


Além disso, os próprios grupos académicos das faculdades da Universidade do Porto têm seguido o mesmo caminho, procurando também criar impacto na comunidade, organizando ações e eventos de caridade, com órgãos e departamentos próprios para tal.


@VO.U - Associação de Voluntário Universitário

Até muitos dos redatores do Tribuna partilham as suas experiências de voluntariado nos seus artigos. E isto tudo sem falar da VO.U.,- um grupo de voluntariado criado por estudantes universitários - , e dos vários programas de voluntariado da Federação Académica do Porto, assim como das associações de estudantes das faculdades. Pode-se dizer, com certeza, que ajudar o próximo nunca foi tão fácil.


O crescimento do movimento de voluntariado em geral não seria possível se não houvesse, de facto, uma maior procura por parte dos jovens por atividades e associações deste tipo.


Por um lado, não há dúvida de que as gerações atuais têm uma marca ativista profunda sem precedente, talvez devido ao maior acesso à informação permitido pelas novas tecnologias. Sabemos o que se passa um pouco por todo o mundo, e não conseguimos ficar indiferentes às suas injustiças e problemas.


Por outro lado, nos dias de hoje, há cada vez mais estudantes a candidatar-se e a frequentar o ensino superior -só este ano candidataram-se 63.878 estudantes, de acordo com dados da Direção Geral do Ensino Superior (DGES)-.


Não obstante os seus inúmeros benefícios ao contribuir para uma sociedade mais educada e formada, este aumento implica uma maior competitividade no mercado de trabalho. Atualmente, uma décima na média é suficiente para um estudante não entrar na sua faculdade de preferência, e ter de se contentar com outra muitas vezes longe da sua área de residência. Numa sociedade ultra competitiva como a de agora, um curso superior não é garantia suficiente para o sucesso.


Mais do que uma forma de destaque em relação a outros candidatos, o voluntariado permite desenvolver as chamadas soft skills muito procuradas pelas empresas (visto que, por causa do que foi dito anteriormente, as médias escolares e universitárias não têm um peso tão grande como no passado). O Salary Survey 2021 da Robert Walters Portugal refere que as soft skills mais importantes para os empregadores são: o trabalho de equipa; a resolução de problemas; a resiliência; o pensamento crítico e as competências de comunicação. E todas elas se podem encontrar nas ações de voluntariado. Além disso, participar em ações de voluntariado é uma forma de demonstrar aos empregadores um sentido de responsabilidade social.


U.DREAM

Muita gente entende que o voluntariado deste tipo não é verdadeiro voluntariado, mas mais um pseudo voluntariado. O voluntário estaria a receber algo em troca do seu trabalho (um certificado por exemplo), ao invés de fazê-lo verdadeiramente de livre vontade. Além disso, trata-se de um pseudo voluntariado visto que, tendo fins ditos egoístas, haveria uma menor dedicação e compromisso quanto ao voluntariado, e, uma consequente ineficiência do seu trabalho.


Esta ideia deve ser abandonada: todo o tipo de trabalho motivado por vontade própria e que,de alguma forma, contribua para uma causa louvável através da participação na sociedade civil, é voluntariado, independentemente das motivações que levam essa pessoa a fazê-lo.


Em primeiro lugar, é perfeitamente plausível alguém querer fazer voluntariado para se sentir realizado ou por gratificação e, ao mesmo tempo, para se poder destacar no futuro e ter um currículo mais completo. As duas motivações são perfeitamente admissíveis .


Em segundo lugar, o facto de haver tantas associações (académicas e não académicas) de voluntariado cujos órgãos sociais são maioritariamente compostos por jovens é um indicador que há algo mais que os motiva para além do currículo. Fazer parte de uma Direção (por exemplo) não só exige todo um trabalho árduo e dedicado anterior, como também implica uma entrega à causa, um compromisso para com a associação e os seus associados e uma vontade de cumprir com os seus objetivos e fazer a associação crescer.


Em terceiro lugar, mesmo para as pessoas que não dedicam tanto tempo das suas vidas ao voluntariado, o facto de haver uma tão vasta variedade de áreas sobre a qual se pode dar um contributo faz com que as escolhas dos estudantes sejam muito mais pessoais e muito mais gratificantes: uma pessoa com medo de animais certamente não vai fazer voluntariado num grupo de resgate de animais maltratados, mas pode dedicar-se a outras áreas como a da educação e apoio de crianças mais necessitadas, na recolha de bens alimentares para os mais desfavorecidos, cuidando de idosos etc. Em contrapartida, quem gosta de animais ou do ambiente pode dedicar-se a várias outras associações diferentes. As ações de cada um são adaptadas aos respectivos gostos, havendo por isso uma maior vontade para as fazer.


E por último, aquilo que pode começar como uma forma de ocupar o tempo ou de melhorar o currículo pode sempre tornar-se algo mais.


Logo, não há dúvida que o “período universitário” é a melhor -ou das melhores- altura para entrar no mundo do voluntariado. Acredito que hoje, as universidades tornaram-se verdadeiros motores para a promoção de ações e associações de voluntariado, nas suas várias formas, e só continuará possível enquanto nós, jovens estudantes, continuarmos com uma postura ativa e com vontade de melhorar a qualidade de vida da nossa comunidade.



Francisco Simões

Mundo Universitário

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