Vitória a Leste
No passado dia 15 de outubro, realizaram-se as eleições parlamentares na Polónia. Finalmente, uma boa notícia vinda do Leste da Europa. Contou-se com uma afluência histórica às urnas (74%); e apesar do PiS ter sido o partido mais votado, com cerca de 35% das intenções de voto, este valor é inferior ao necessário para constituir a maioria. Desta forma, os partidos da oposição democrática estão em conversações com o intuito de formar governo. A vitória destas eleições não é dos políticos e dos seus partidos, mas sim dos polacos e da democracia. Felizmente, ao que tudo indica, a Polónia não se tornará numa nova Hungria. Bem, até que enfim recebemos boas notícias do Leste. Será este o início da luta de uma Europa cada vez mais mergulhada em populismos?
André Góis
Departamento Fazer Pensar
Desafios para o meio centenário
No dia 25 de outubro, a World Justice Project divulgou o seu mais recente ranking internacional sobre o Estado de Direito para 2023. Num conjunto de 142 países, Portugal ocupa o 28º lugar, a sua pior posição desde que é incluído nos registos. O indicador, calculado através da análise de diferentes parâmetros, tais como a justiça criminal e os direitos fundamentais, registou este ano um valor de 0,68 para Portugal, uma descida em relação aos 0,69 do ano passado.
Nas vésperas da celebração dos 50 anos do 25 de abril, esta notícia é um alerta crucial para a saúde das instituições portuguesas. Mas, a situação não é, contudo, um caso isolado no mundo, visto que a organização internacional observou um retrocesso do Estado de Direito na maioria dos países entre 2022 e 2023. Estando frente a frente com uma erosão generalizada da democracia, as soluções parecem escapar-nos das mãos…
Com a aproximação do meio centenário da revolução, como havemos de reerguer o espírito de luta pela democracia, claramente tão necessário nos tempos que vivemos?
Manuel Brito e Faro
Departamento Fazer Pensar
Crimes de ódio: até quando?
Pouco tempo depois de se iniciar o conflito que está na ordem do dia entre Israel e o Hamas, conflito este que já sacrificou milhares de vidas inocentes e que tem demonstrado uma resposta completamente desproporcional e desumana por parte de Israel, fomos todos surpreendidos com uma notícia que nos dizia que um homem tinha esfaqueado até à morte uma criança palestina de 6 anos no estado americano de Illinois, pelo simples facto desta ser muçulmana. Um crime de ódio que revolta qualquer um. A verdade é que estes tipos de crime, na Europa, aumentaram em relação ao ano passado, especialmente os crimes contra judeus e muçulmanos, por razões mais do que evidentes. Especialistas já avisaram que o conflito no Médio Oriente pode alimentar o potencial para a radicalização na Europa e piorar ainda mais o cenário já bastante negativo.
Pergunto-me: até quando? Para quando uma sociedade que aceita e celebra a inevitável multiculturalidade crescente? Para quando o fim dos crimes de ódio que têm por base única e exclusivamente a intolerância? Para quando?
Inês Gomes Barbosa
Departamento Fazer Pensar
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