O encontro entre os dois cabeças de série
Joe Biden e Xi Jinping foram protagonistas de um encontro bilateral à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico realizada em São Francisco. O clima entre as duas superpotências é de tensão. Não estando presente no que terá sido uma interessante reunião, não tenho qualquer tipo de dúvida que o líder chinês terá mencionado a questão de Taiwan ao seu homólogo. Não negando os evidentes problemas americanos na sua política internacional, parece-me evidente que é e será melhor para o mundo se estes continuarem na proa do cenário internacional. Terá Joe Biden pulso forte no tema que vai desencadear o confronto entre as duas nações ou sucumbirá este à cada vez maior pressão do seu adversário asiático?
André Góis
Departamento Fazer Pensar
(Des)igualdade de género?
No dealbar do século XXI, em que impera o politicamente correto e urge valorizar as diferenças e as margens, talvez importe questionar sobre o verdadeiro papel e representatividade da mulher na sociedade coeva. Os números falam por si: o Boletim Estatístico de 2023, divulgado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), revelou que as mulheres vivem mais tempo do que os homens, ainda que com menos qualidade de vida. Houve uma ligeira redução da diferença salarial entre homens e mulheres, mas os números mostram que as remunerações das trabalhadoras continuam a ser mais baixas, com o gender pay gap base situado nos 13,1%. Por outro lado, as mulheres também estão sub-representadas nos cargos de poder e tomada de decisão, tanto na política como na economia: representavam 37,5% do universo dos membros do XXIII governo constitucional, na sua composição inicial. A representação nos órgãos de administração das empresas do setor empresarial do Estado, apesar de ter vindo a aumentar, situa-se, ainda, em 42,1%. A reflexão e o debate são importantes para aferir, mas, uma vez constatados factos, é urgente que passemos à ação, sendo consentâneos com a bandeira da igualdade de género.
Maria Duarte
Departamento Fazer Pensar
Javier Milei e o futuro da Argentina
Milei foi eleito pelos argentinos para ser o novo presidente do país, no passado dia 19 de novembro, numas eleições em que a decisão era entre este último e o ex-ministro da Economia Sergio Massa. O que significa, então, esta decisão para o futuro? Não posso adivinhar, mas penso que se adivinha sombrio. Porquê? Milei é firmemente contra o aborto, favorável às leis mais flexíveis sobre armas e chamou o Papa Francisco argentino de "filho da mãe socialista" - diria que tem tudo para dar certo. Um grande admirador de Trump, admite que quer laços mais estreitos com os Estados Unidos (ainda que com Biden na Casa Branca) e que quer cortar relações com o Brasil e a China, uma vez que afirmou que não vai lidar com “comunistas”. Que implicações terão estas ações no plano internacional para a Argentina? Ter um presidente que quer acabar com o Estado e que diz que fala com o Divino através dos seus cães? Só o futuro dirá, mas cada vez mais nos habituamos a figuras como Milei em cargos de poder e de decisão elevados, e pergunto-me muitas vezes até quando é que isso acontecerá? Para quando uma visão coletiva da política que seja séria, acessível, feita de propostas e ações que melhorem efetivamente a vida das pessoas?
Inês Gomes Barbosa
Departamento Fazer Pensar
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