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Porque fazer Erasmus?

  • Foto do escritor: Luiza Toniolo
    Luiza Toniolo
  • 4 de mai. de 2024
  • 5 min de leitura

Antes mesmo de saber que queria cursar Direito, já sabia que queria fazer Erasmus.


Sempre tive muito gosto pelas línguas, por conhecer pessoas do estrangeiro e por ter contacto com diversas culturas. Penso, porém, que seja uma experiência fantástica também para aquelas pessoas que têm mais receios ou que sejam mais apegadas ao país, aos amigos e familiares aqui. Aprendi, no meu tempo lá, que vamos para o Erasmus cada um de nós com propósitos diferentes e com origens diversas. E lá nos descobrimos, cada um na sua jornada pessoal.


Durante os meses em que estamos no Erasmus, vivemos uma realidade completamente nova. Com as suas belezas e dificuldades, é claro. Contudo, lá temos espaço para nos despirmos das expetativas das pessoas ao nosso redor, das nossas próprias expetativas, da língua à qual estamos habituados, da comida, enfim, da nossa “bolha”. É tudo novo e somos independentes. Ninguém nos conhece! E isso é assustador e lindo ao mesmo tempo.


O Erasmus pode ser também um tempo para evoluir e superar obstáculos. Não só aprendi muito a língua alemã quanto morei sozinha pela primeira vez. 


Conheci holandeses, canadenses, quenianos, israelenses, franceses, americanos, poloneses, dinamarqueses, etc. E juntos adorávamos comparar as culturas dos nossos países de origem. Teve um dia que chegamos a preparar Francesinha à Porto lá em casa! 


E carrego agora duas amigas para a vida, uma portuguesa e uma francesa. Juntas éramos as três inseparáveis em Berlim. Felizmente, vamos em breve nos reencontrar. As amizades feitas neste tempo podem ser muito intensas, devido também à intensidade das vivências em Erasmus. Choramos e sorrimos juntas, fomos a família umas das outras. Elas foram dos meus maiores presentes desta experiência.


E, já dando spoiler, a partida é o momento mais desafiante. Chorei por uma hora enquanto regressava à casa, sobrevoando  Berlim em direção ao Porto. E aprendi que a partida é também necessária e apenas mais uma parte dentro deste lindo ciclo.


Como é Berlim?


Quando andava no S-Bahn, o metro em Berlim, olhava para a cidade e aproveitava para olhar para as pessoas ao meu redor e para analisar os detalhes da cidade. Berlim é uma estimulação para os olhos, para os ouvidos, enfim, tudo acontece ao mesmo tempo. Temos lá acesso a entretenimento a qualquer hora, incontáveis cinemas de rua, bares diferentes e originais, exposições, bibliotecas públicas incríveis. Sem falar no transporte público. Aliás, por menos de 40€ ao mês, tive acesso a todos os trens operados na Alemanha (a não ser os de alta-velocidade-ICE), o que me permitiu aventurar-me pelas cidades do país com os meus amigos. Foi inesquecível.


A cidade, capital da Alemanha após a reunificação no início dos anos 90, é repleta de história, museus, música, nacionalidades, línguas, cultura e techno. Esse é o estilo de música que tem o seu berço nos clubes de Berlim e que faz sucesso na vida noturna da cidade. Em Berlim ecoam capítulos deploráveis da humanidade, mas também períodos simbólicos da liberdade, como foi a queda do muro de Berlim. É uma cidade com rotatividade de pessoas, tendências, mentes abertas e novidade. Também é uma cidade muito arborizada e sustentável.


Como é Berlim em termos académicos?


A Humboldt é uma Universidade bastante reconhecida e, ao meu ver, com vários professores excelentes. A infraestrutura é apaixonante e o staff da mobilidade é muito acolhedor e atencioso. As aulas foram bastante interessantes e as discussões também. Tive uma cadeira de American Constitutional Law, Droit Constitutionnel Français, Moderne Rechtsphilosophie e International Criminal Law. Ao mesmo tempo, estava a aprender sobre os sistemas jurídicos americano, francês e alemão. Foi bastante rico e permitiu-me ter uma opinião crítica sobre estes sistemas e também olhar o nosso sistema “com olhos de fora”.


Há lá uma variedade de cadeiras interessantes. Infelizmente, a possibilidade de validação de cadeiras pode ser um fator estressante. Pode ser, de facto, difícil conciliar a licenciatura com a experiência do Erasmus. Contudo, acho que são 6 meses transformadores a nível pessoal e, a meu ver, vale 100% à pena, ainda que tenhamos que trabalhar mais ao chegarmos, buscar matéria perdida e fazer cadeiras a mais. É um sacrifício e um desafio, mas vale a pena.


Seis dicas e informações para os que pensam ir para Berlim:


  1. Caso forem no inverno, preparem-se para dias com temperaturas negativas e com poucas horas de sol e, caso forem no verão, preparem-se para ter dias que escurecem apenas às 23h00! O tempo em Berlim é um tanto quanto especial... É bom levar um gorro a mais e aproveitar as atividades de inverno: tomar um Glühwein nas feiras de Natal lindinhas e charmosas, brincar na neve, patinar no gelo e conhecer vários museus. A verdade também é que o corpo se habitua. 


  1. Ter em atenção a questão do alojamento: Berlim é uma capital cara e onde realmente se acham quartos com alguma dificuldade. Por isso, se não tiverem sorte, talvez as residências sejam uma escolha mais segura. Além disso, é uma oportunidade para conhecer pessoas. As residências da Universidade são mais afastadas do centro da cidade e custam cerca de 350€. Já as residências na cidade podem rondar entre os 500€ e os 700€. 


  1. Custo de vida: a bolsa recebida pela Universidade do Porto dificilmente cobrirá a totalidade das despesas durante o período. Contudo, o alojamento será de longe a despesa mais cara. Os preços do supermercado não variam muito relativamente aos daqui de Portugal e a comida da cantina tem muita qualidade e custa bastante barato (varia entre os 2€ e 4€). O transporte é relativamente barato e eficiente. Como mencionei, por menos de 40€ por mês, tinha acesso a todos os trens regionais do país. Clubs e bares, por outro lado, já são significativamente mais dispendiosos.


  1. Usem os espaços públicos da Universidade (Humboldt-Universität zu Berlin). As bibliotecas são lindas, têm muita tecnologia e conforto. A Mensa (a cantina), com os amigos e colegas e cafezinhos perto da Faculdade, que aliás se situa bem no centro da cidade, pertíssimo da Ilha dos Museus (Museumsinsel) e do Alexanderplatz, onde se encontra a famosa torre de televisão (Fernsehturm). Gostei muito disso: a fácil acessibilidade dos transportes à Faculdade, a sua localização central e o investimento e as condições proporcionadas aos estudantes. A faculdade e os seus arredores eram um ambiente inspirador.


  1. Não se preocupem caso não saibam falar alemão: Berlim é uma cidade extremamente internacional e muitos dos meus amigos não falavam a língua ao início. Há também muitas ofertas de cadeiras em inglês. Para os que querem aprender alemão, recomendo muitíssimo o curso intensivo de alemão que fiz em setembro, no Centro de Línguas da Universidade, antes do semestre começar. Lá conheci a minha turma de amigos e juntos dávamos passeios todos os dias e fazíamos tours pela cidade, oferecidos pelo curso. Ao longo do semestre, o mesmo Centro oferece aulas de alemão a um preço residual. Recomendo muito.


  1. Conheçam Berlim de bicicleta: aluguei uma bicicleta por alguns euros ao mês e locomovi-me assim por 2 meses até à Faculdade. Foi maravilhoso: estava em contacto com a natureza, passando sempre pelo parque Tiergarten, fazia exercício e conhecia os detalhes da cidade.


Encorajo a bela aventura do Erasmus e mantenho-me pessoalmente à disposição para apoiar quem deseja ir para Berlim!


Luiza Toniolo

Estudante de 3º ano da Licenciatura em Direito

A autora escreve em Português do Brasil.

 
 
 

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