Para a grande maioria dos estudantes do Ensino Superior, os transportes públicos são a primeira opção para chegar ao seu destino dadas as suas inúmeras vantagens: são mais baratos, menos poluentes e evitam a necessidade de arranjar um lugar de estacionamento, que é um problema das grandes cidades como o Porto. Os estudantes da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) não são exceção. Contudo, ao acesso a esta faculdade estão associados alguns problemas.
Enquanto estudante que não vive no centro do Porto, desloco-me todos os dias para a faculdade de comboio. Ao chegar à estação de São Bento, tenho a opção de ir para a faculdade de autocarro, metro ou a pé. Numa primeira análise, não parecem existir quaisquer problemas, aliás, a quantidade dos meios de transporte disponíveis parece ser suficiente. Contudo, nos dias de chuva, a situação torna-se complicada. Em qualquer um dos cenários, indo a pé ou de transportes públicos, a consequência será sempre a mesma: chegar encharcada à faculdade.
De que forma é que os dias de chuvas têm impacto na vida estudantil? Em primeiro lugar, torna-se desmotivante para os estudantes sair de casa para ir às aulas, sabendo de antemão que vão ter de apanhar chuva e passar o resto do dia com as roupas molhadas. Por isso, os estudantes preferem não ir às aulas, perante o risco de passarem o dia desconfortáveis e a eventualidade de ficarem doentes.
As aulas podem nem sempre ser um fator motivante para ir para à faculdade, nem mesmo num dia de sol, mas a possibilidade de passarem tempo com os amigos é motivo bastante para os alunos se levantarem da cama de manhã, prontos para enfrentar o dia. Mas, em dias de chuva, nem o convívio é suficiente para os fazer sair de casa.
Na FDUP existem vários grupos académicos destinados a promover a integração e a interação entre os estudantes e, em alguns deles, o uso do traje académico é uma exigência para participar nas suas atividades. Todos aqueles que estão envolvidos na vida académica sabem que uma das regras de uso do traje é não poder utilizar guarda-chuva. Apesar do grande amor à casa de Direito e ao seu grupo académico, nem todos os estudantes estão dispostos a ficar o dia completamente encharcados para participar nestas atividades. Isto faz com que esses alunos, em vez de passarem uma tarde divertida a conviver, prefiram ficar fechados em casa, ainda que sozinhos.
Para os mais corajosos, que decidem não deixar a chuva estragar-lhes os planos, é muito provável que, na viagem para a faculdade, acabem apertados num transporte público sobrelotado. Os dias de chuva são os piores para andar de transportes públicos, já que as pessoas deixam de fazer os pequenos percursos que faziam a pé e utilizam estes meios, para evitarem ficar molhadas. Além disso, a sobrelotação faz com que as pessoas viagem muito encostadas umas às outras, existindo uma maior probabilidade de sermos furtados. Algumas pessoas aproveitam-se da proximidade para abrir discretamente as malas e mochilas de quem está à sua volta e retirar objetos, como o telemóvel e a carteira, por exemplo. Caso os indivíduos em questão estejam distraídos a conversar, ainda mais simples é furtar algo sem que ninguém se aperceba. No meio da confusão das entradas e saídas, as pessoas não se lembram de verificar se lhes falta alguma coisa, até porque muitas das vezes querem sair o mais rápido possível porque têm outro transporte para apanhar, e nestes casos, a sua grande preocupação é a gestão do tempo, pelo que muitas das vezes nem se recordam de verificar se ainda têm consigo todos os seus pertences.
O Metro do Porto tem projetada a construção de quatro novas linhas. No entanto, nenhuma delas vai contribuir para resolver o problema em causa. A solução mais fácil e mais viável seria colocar uma paragem de autocarro mais perto da faculdade. No entanto, a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto - STCP - não parece ter planos para expandir as rotas dos seus autocarros. Enquanto isto não for resolvido, próxima paragem: apanhar chuva!
Eunice Galvão
Departamento Mundo Universitário
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