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Foto do escritorJosé Pedro Carvalho

Sabes se o que pensas fazer se alinha com os teus sonhos?

Sabes se o que pensas fazer se alinha com os teus sonhos?


Há muitos princípios e critérios que podem levar em conta aquando das primeiras caminhadas na vida pós-faculdade; só não se esqueçam de ter sempre presente o impulso de perseguirem os vossos sonhos.


Último ano de licenciatura, início do primeiro semestre. Uma das perguntas que mais ouvi serem perguntadas é: “O que vais fazer quando isto terminar, vais continuar a via académica e seguir para um mestrado, ou vais já atirar-te de cabeça para o mercado de trabalho?”. É um bocado irrelevante a resposta que dês, porque, não tarda nada, estarás a fazer a mesma pergunta a outra pessoa, continuando o ciclo da busca por um momento de eureka em que toda esta fase fizesse absoluto sentido. E é de notar que, até mesmo aqueles cujo caminho profissional já aparenta estar tão cristalinamente delineado, provavelmente, se sentem tão desnorteados como tu.


O bom é que já estivemos nesta posição anteriormente, seja quando optamos por uma das diferentes vias que se nos apresentam no secundário, seja quando tivemos de escolher a área que queríamos estudar no ensino superior. E reparem que há muitas pessoas que não escolheram as científico-humanísticas e vieram parar ao mesmo lugar que nós... Isto é, a impressão de que o vosso futuro está apenas comprometido com o vosso presente e com as escolhas que, de momento, ele vos apresenta é enganadora, pois esquecem-se de uma coisa: a única constante que temos é a mudança.

 

O psicólogo Daniel Gilbert deparou-se com esse aforismo, na sua tese “The End of History Illusion”, na qual descobriu que as pessoas radicalmente subestimam a quantidade de mudanças que vão sofrer ao longo de uma década. Embora sejamos bons a relembrar o passado, no que toca aos nossos valores e gostos, somos terríveis a imaginar o futuro. E, porventura, no espaço jurídico, essa cultura de reflexão é ainda mais complicada de se nutrir. É complicado de se antever o futuro quando uma das características das profissões, no geral, é a ênfase dada ao contínuo, à lealdade: o que acontece em termos de preferência no recrutamento por recém-licenciados, de forma a moldá-los, desprovidos de vícios anteriores, à cultura da empresa ou sociedade; e acontece, também, em termos monetários, devido ao elevado escalonamento de salários. 


Se aquilo que nos faz avançar, converge em direção aos nossos sonhos, então, muito bem – que se escolha o caminho de menor resistência face aos ditames que, transitória e presentemente, proclamamos existir. Porém, não raras vezes, esse impulso sentido não está em convergência com os nossos sonhos e, sobre isso, o afamado investidor Warren Buffett disse: “I think you are out of your mind if you keep taking jobs that you don't like because you think it will look good on your resume. (…) Isn't that a little like saving up sex for your old age? (…) There comes a time when you ought to start doing what you want. Take a job that you love. You will jump out of bed in the morning”. E será que toda a gente acorda assim tão disposta para ir trabalhar? Ora, em 2021, 21,6% dos trabalhadores em Portugal diziam-se muito satisfeitos com o seu trabalho, o que até parece muito! Não fosse a percentagem global da União Europeia de 43,8%. Naturalmente que esta é uma estatística que se pretende melhorar.


Falando, especificamente, para alunos de Direito, que é o meu caso: estão numa das áreas mais abrangentes possíveis, por isso, acreditem que é possível encontrarem uma oportunidade onde se sintam plenamente realizados – só têm de descobrir o que querem e lutar por isso. Creio que, na aproximação do “pós-licenciatura”, o discurso cultural transfigura-se e, claramente, já não é virado para “o que querem fazer quando forem grandes?”, sobrepondo-se pela componente de “o que podem fazer com esse canudo?”. Isto comprova que, talvez, seja mais importante do que nunca ouvirem a velha máxima: “persigam os vossos sonhos!”. Ainda por cima, somos jovens agora – e não digo isto para relembrar que o deixaremos de ser; mas, sim, dada à nossa situação de privilégio espácio-temporal em que podemos estudar e escolher as nossas ocupações livremente, que nos permite sentirmo-nos o mais próximo de realizados quanto o possível.


O interessante, claro, é definirem que sonho prosseguir. Não o têm de cravar em pedra, até porque, sendo o ser humano multifacetado e os sonhos dinâmicos, isso poderia demorar um bocado. Mas, façam por descobri-lo! E, caso se sintam totalmente perdidos, saibam que: "career satisfaction doesn't come from what you do. It comes from who you get to be while doing it", como tão eloquentemente disse, numa TEDx Talk, a life-coach Laura Fortgang. Ou seja, mais do que um sonho específico e previamente fotografado, é mais útil pensar sobre qual é a intenção que vos rege neste âmbito. Decerto que, nesta altura, já conseguem mapear que tipo de contribuição gostariam de oferecer à sociedade e, em troca, a vós próprios. Sigam a vossa intuição nesta matéria, façam as coisas com propósito e não tenham medo de arriscar. 


Talvez a pergunta que todos deveríamos andar a fazer uns aos outros devesse ser: “Sabes se o que pensas fazer se alinha com os teus sonhos?”. Uma pergunta de simples “sim” ou “não”, que nos situa imediatamente num plano mais substancial, mais próximo do nosso âmago identitário do que o saber qual o desenrolar do primeiro passo “pós-faculdade” – que, de todo, será um passo sem retorno, sendo somente o próximo passo numa história que, afetuosamente, irão recordar. 


Por fim, não vejo mais apropriada forma de acabar este breve ensaio do que citando este célebre momento de Steve Jobs: “You can't connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future. You have to trust in something - your gut, destiny, life, karma, whatever. This approach has never let me down, and it has made all the difference in my life”. 


José Pedro Carvalho

Departamento Cultural


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