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Foto do escritorDepartamento Cultural

SUGESTÕES CULTURAIS DE ABRIL: O Que Andámos a Ler, Ouvir e Ver no Mês de Abril

(ou o wrap-up cultural do quarto mês de dois mil e vinte de três)


The Perks of Being a Wallflower (2012)


Escrever sobre The Perks of Being a Wallflower (Stephen Chbosky) mostrou-se a escolha mais acertada para introduzir os meses que se avizinham por estes lados.

«Tímido, desajeitado e invisível» são os adjetivos que melhor podem caracterizar Charlie, um caloiro do ensino secundário, que, durante a sua jornada, conhece Sam e Patrick, que o introduzem a um mundo completamente novo — e nele encontra a amizade e o primeiro amor, mas também a dor e o poder do silêncio, e, claro, o The Rocky Horror Picture Show.


@NPR


Mas Charlie, apesar de ter descoberto a vida, sente sempre a necessidade de recorrer ao seu Amigo, a quem confidencia como se sente em relação a tudo — porqu’esta vida é uma autêntica montanha-russa e a viagem só pode ser feita na companhia daqueles que nos querem bem.


Francisco Paredes

Departamento Cultural


«Aparição» (des)concertante


Aparição, de Vergílio Ferreira, versa sobre a tese do existencialismo. Somos forçados, ao avançar cada página, ao confronto – tão (in)desejado – com temas verdadeiramente fugidios: a condição humana e a morte.


É com a chegada de Alberto Soares a Évora que a ação se inicia – e a partir daí tudo é matéria de reflexão. Assimilando o Homem como (quase) indecifrável, Alberto almeja, não só a sua aparição, mas também que todos os que o rodeiam cheguem ao milagre de (se) ver com todas as suas possibilidades e limitações. Não existe qualquer fim: a morte não é mais do que a passagem para a eternização.


@Diário de Notícias


Como um e um serem dois, o tormento de existir é abordado de modo surpreendentemente cristalino pelo autor. Aparição desarma-nos, coloca-nos frente a frente connosco mesmos, despidos de qualquer artimanha.


A última tinha de ser do meu favorito, um livro para nos (des)concertar.


Beatriz de Oliveira Loureiro

Departamento Cultural


O Desaparecimento de Emanuela Orlandi (2022)


Atrasada para uma aula, uma rapariga da Cidade do Vaticano pede ao seu irmão que a leve; este recusa e aquela vai a pé, resignada. Mais tarde, informa que um alegado representante dos produtos Avon lhe ofereceu uma proposta de trabalho, sendo vista, pela última vez, a entrar num BMW verde.


Quarenta anos volvidos e nada se sabe sobre o paradeiro ou destino de Emanuela Orlandi, uma jovem obstinada, frugal e perspicaz. Durante anos, a sua família sofreu incomensuravelmente – a falta de respostas faz viver e perdurar essa mágoa fulminante.


Benignamente atribui aos espectadores esta história o documentário «A Rapariga do Vaticano: O Desaparecimento de Emanuela Orlandi», conjeturando acerca do fado da adolescente.


@Correio da Manhã


Numa estupefacta nuvem de relatos e declarações, as diversas testemunhas e provas escassas apontam para uma panóplia de cenários hipotéticos: desde o envolvimento da Máfia até ao encobrimento da Santa Sé.


Intrigantes, as soluções propostas dão conta de uma possível realidade sombria e melancólica. Independentemente do que tenha acontecido a Emanuela Orlandi, a verdade para os integrantes desta obra é só uma: o Vaticano tem de saber de algo.


João Vilas Boas

Departamento Cultural

Onde fica a casa do meu amigo? (1987), Abbas Kiarostami


Quando chega a casa depois de mais um dia de escola, Ahmed, de 8 anos, empalidece ao aperceber-se de que trocara o caderno dos trabalhos de casa com o seu colega de turma, Mohammad. Lembrando-se do ultimato feito pelo professor ao seu amigo na aula anterior, Ahmed procura de imediato arranjar uma solução. Mas onde ficava a casa de Mohammad? Conseguiria devolver-lhe o caderno antes de anoitecer?


@Cinema Trindade


Através deste conto delicioso, o realizador iraniano Abbas Kiarostami (consagrado em 1997 com O Sabor da Cereja, que lhe valeu a Palma de Ouro em Cannes) apresenta-nos o retrato social de um Irão rural dos anos 80, abordando com realismo e aparente simplicidade os valores da integridade e responsabilidade na infância, tantas vezes subestimados ou mesmo invisíveis aos olhos dos adultos. Um clássico de profundidade subliminar que merece ser revisitado.

Beatriz Castro

Departamento Cultural



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