Polar Express (2004), Robert Zemeckis
Michigan, Grand Rapids, finais da década de cinquenta, véspera de Natal. À porta de casa de um jovem rapaz, cuja fé no espírito natalício foi abalada, pára um comboio que se dirigia ao Polo Norte. Ainda que estivesse reticente em embarcar, fá-lo — sem saber o que o esperava.
No comboio, conhece outras duas crianças, que o acompanham naquela excêntrica e atribulada viagem. Entre alavancas, motores, faróis e aceleradores, os jovens chegam, finalmente, ao Polo Norte, mas um último obstáculo atira-os para a oficina do Pai Natal e acabam dentro do seu saco de presentes.
Quando libertos, no final, o protagonista encontra um dos sinos das renas que puxam o trenó. Num primeiro momento, não o ouve tilintar, mas apercebe-se, pouco depois, que, para o ouvir, precisava de acreditar — e o sino tilintará sempre para aqueles que acreditam.
Francisco Paredes
Departamento Cultural
O Suave Milagre: Um conto de Natal por Eça de Queirós
“Nesse tempo Jesus ainda se não afastara da Galileia e das doces, luminosas margens do Lago de Tiberíade (...) – mas a nova dos seus milagres penetrara já até Enganim (...)”. Eis o sugestivo parágrafo inicial de um conto tão bonito quanto delicioso, que bebe o estilo dos Evangelhos.
Jesus Cristo irrompe como inesperada personagem da literatura portuguesa, proferindo apenas duas palavras, que bastam para encerrar a essência da mensagem, tanto divina quanto humana, deste conto, “Aqui estou.”. Um conto que, na sua brevidade, tem um alcance muito vasto. Uma pequena obra-prima sobre a fé que inspira o recôndito da alma humana.
Vasco Graça Moura não duvidou em classificar este conto de “grande realização” no seu prefácio à antologia As Mais Belas Histórias Portuguesas de Natal (Quetzal, 3.ª edição, 2016). Para ler na noite de Natal à volta da lareira.
Mariana Polido
Departamento Cultural
Love Actually (2003), Richard Curtis
Love Actually presenteia-nos com oito narrativas interligadas por um fator comum… todas elas histórias de amor, passadas em Londres, um mês antes do Natal. Interpretado por um elenco privilegiado de atores, entre os quais está a nossa Lúcia Moniz, este filme delicia-nos com um perfeito equilíbrio entre o cómico e o dramático, que culmina numa inevitável (e reconfortante) nota de esperança.
Com uma banda sonora que vai desde Joni Mitchell e Norah Jones a Dido e The Beach Boys, passando pelo extraordinário instrumental de Craig Armstrong, cada música é indissociável da cena em que se insere, realçando a magia do enredo.
Love Actually deixa-nos aquele brilho no olhar e a certeza de que o amor... acontece, e nas suas mais variadas formas. Aqui fica a sugestão de um clássico rom-com para ver e rever por estes dias frios.
Beatriz Castro
Departamento Cultural
Um crime no Expresso do Oriente, Agatha Christie
À medida que o frio se aproxima, temos um desejo de acender a lareira e de nos sentarmos a ler. Apesar desta obra não ser alusiva aos tempos natalícios, encontro conforto em ler um bom mistério nestes dias invernais, pelo que não podia deixar de recomendar Um Crime No Expresso do Oriente, em que a neve é um elemento essencial.
No mais exclusivo comboio dos anos 30, no qual viaja o famoso detetive Hercule Poirot, é cometido um homicídio: um taciturno homem de negócios é esfaqueado durante a noite e cabe a Poirot descobrir o culpado.
Num maravilhoso twist ao típico “Whodunit”, este clássico envelhece como um bom vinho, dando origem a inúmeras adaptações cinematográficas – pelo que, se ler não for a vossa praia, recomendo a série Poirot (1989), com David Suchet, que dá, melhor que ninguém, vida a este peculiar detetive.
Beatriz Morgado
Departamento Cultural
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