top of page

SUGESTÕES CULTURAIS DE FEVEREIRO

  • Foto do escritor: Departamento Cultural
    Departamento Cultural
  • 1 de mar. de 2023
  • 3 min de leitura

O QUE ANDÁMOS A LER, OUVIR E VER NO MÊS DE FEVEREIRO

(ou o wrap-up cultural do segundo mês de dois mil e vinte de três)


Close (2022), Lukas Dhont


Close, de Lukas Dhont, é o segundo filme deste realizador belga de 31 anos que em 2018 se estreou nas longas-metragens com o aclamado Girl (Caméra d'Or e Queer Palm, em Cannes), no qual se aborda o tema da transexualidade no mundo da dança.


Em Close (nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro 2023), Lukas retrata novamente um tema sensível: desta vez, a amizade íntima entre dois rapazes pré-adolescentes – Léo e Rémi – que vivem a inocência de um relacionamento afetuoso; um laço que, no entanto, acabará por se quebrar por impulso de Léo, que se deixa corroer por uma pressão interior para corresponder aos estereótipos sociais da “masculinidade”. Ele não prevê, porém, todas as consequências da sua decisão.


Neste drama, que nos fala de empatia e de vulnerabilidade, assistimos a cenas de uma pureza comovente, adornadas por planos poéticos e uma fotografia belíssima. Um filme que se nos entranha, tornando óbvio quanto amor pode estar contido na amizade. Imperdível.


Beatriz Castro,


A (negação) da morte de Ivan Ilitch


O sublime prefácio de António Lobo Antunes parece mais que adequado para intrincadamente introduzir A Morte de Ivan Ilitch (Lev Tolstoi): «[...] TRATA-SE DE UMA OBRA SOBRE A MORTE OU DE UMA OBRA QUE NEGA A MORTE?».


Ante a morte, Ivan Ilitch, um juiz respeitado que sempre galgou a alta sociedade russa, põe à prova os seus instintos de sobrevivência — será que vale a pena viver sem saber a vida que se quer viver? Resvala-se num exercício metafísico de procura pelo sentido da vida, sentido esse que não se encontra, porque nunca se viveu.


Uma narrativa comum, terrível e pungente a de Ivan, que foi incapaz de atribuir significado ao que foi e ao que fez — pois nada foi, mesmo sabendo que podia ter sido tudo.

Acabou-se a morte. Já não existe.

Francisco Paredes



A Ratoeira – deixa-te apanhar


A Ratoeira, de Agatha Christie, regressa aos palcos da mui nobre Invicta – ao Coliseu do Porto – já no início de março, depois de vários espetáculos esgotados em 2021.


Com um elenco de luxo – que conta, nomeadamente, com o mestre Ruy de Carvalho –, vemo-nos envolvidos num enredo genial de crime e mistério. Uma inexplicada morte em Londres e um detetive encarregue de desvendar o enigma são o pano de fundo para esta história. As pistas levam o detetive a crer que um hotel recém explorado por um jovem casal seria o local da seguinte investida do criminoso. Com o nevão, todos ficam retidos no alojamento. Não tarda e uma hóspede morre. O assassino pode ser qualquer um: todos são suspeitos. É num clima de suspense e de ininterrupta ansiedade que se vivencia a busca pelo verdadeiro culpado. É o verdadeiro ilusionismo do teatro.


Neste novo ano, deixa-te apanhar pela Ratoeira e vem ao teatro.


Beatriz de Oliveira Loureiro



O Gato das Botas - O Último Desejo (2022), Joel Crawford


Nem o lendário Gato das Botas resiste ao temor mais inevitável – a morte.


Em O Gato das Botas - O Último Desejo, a famigerada personagem descobre que já gastou oito das suas nove vidas. Enfrentando ameaças consideráveis, este resolve enterrar a sua vida ousada, embarcando, posteriormente, numa jornada para recuperar a sua vitalidade.


A DreamWorks, claramente num ímpeto extraordinário, investe num grafismo distinto do que se assiste hodiernamente. Em onze anos, atravessámos peripécias únicas, pelejamos contra ventos e mares e, enfim, crescemos, evoluímos; o mesmo se aplica às venturas e desventuras do Gato das Botas.

Nesta majestosa animação, o fora-da-lei acaba por assimilar aquilo que o poeta já vaticinava: «Aqueles que por obras valerosas / se vão da lei da morte libertando» são os verdadeiros ilustres.


João Vilas Boas

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


© 2024

Jornal Tribuna

bottom of page