Boys and girls of every age
Wouldn’t you like to see
Something strange?
O Departamento Cultural do Jornal Tribuna preparou uma lista de sugestões para aproveitares da melhor (e mais terrífica) maneira o Dia das Bruxas.
Come with us and you will see [1]…
O Convite [2]
Em The Invitation, Grace sugere que Evie faça um teste de ADN — era uma jovem artista em ascensão que remava sozinha contra a maré. Nisto, descobre, para seu espanto, um primo afastado, com quem concorda encontrar-se. Oliver Alexander, fascinado pela sua existência, convida-a a acompanhá-lo até Inglaterra, para que pudesse conhecer o resto da família, que a
esperava.
Durante a sua estadia em Whitby, fica hospedada em New Carfax e aí depara-se com Walter De Ville, o senhor da mansão. Enquanto convidada, Evie apercebe-se rapidamente de que há algo fora do lugar — talvez fosse Emmaline, a sua bisavó, a avisá-la para que…
Em vão, apaixona-se por Walter, que a tenta arrastar para o submundo homónimo de Drácula, numa desmerecida luta pela submissão, pela imortalidade, pela força, pela materialidade, mas, acima de tudo, pela vida.
Francisco Paredes
Ruin pubs em Budapeste
Podiam ser cenário de conto assombrado, não fosse o cair da noite realçar-lhe as cores e o calor humano. De dia, edifícios em ruínas; de noite, “casas” para a multidão — assim são os ruin pubs de Budapeste.
Outrora um triste legado do regime soviético, são hoje uma das maiores atrações da capital húngara, resultado de mais de uma década de reabilitação dos edifícios abandonados.
Um dos pioneiros deste trabalho é o Szimpla Kert, um ruin pub que, partindo da ideia de oferecer bebidas à comunidade jovem e artística da cidade no início dos anos 2000, rapidamente se tornou num centro cultural de alma boémia. Uma ideia genial, diria, que transformou o conceito de estabelecimento noturno numa realidade paralela onde banheiras servem de sofá e arte abunda nas paredes. Uma visita a não perder quando em Budapeste!
Clara Castro
Hocus Pocus (1 & 2)
Salem, 1693. Três irmãs bruxas (Winnie, Mary e Sarah) são julgadas e sentenciadas à morte pelas suas práticas de feitiçaria. Não sem antes, porém, ser lançada uma maldição: se a vela da chama negra fosse acendida na noite de todos os santos, as irmãs regressariam.
Salem, 1993. Trezentos anos depois, a profecia concretiza-se: a vela acende-se e as três bruxas regressam à Terra.
Salem, 2022. Vinte e nove anos depois da primeira aparição, o passado repete-se.
E a pergunta que subsiste é: o que farão três bruxas no mundo atual? Andam de autocarro, cantam “I Put A Spell On You” ou “One Way or Another” e têm de lidar com adolescentes do liceu.
Hocus Pocus, apesar de ser uma escolha óbvia, é também um dos clássicos que tem, obrigatoriamente, de figurar numa lista de recomendações halloweenescas, ou não fosse um filme excelente para se ver em família, num dia de outono chuvoso, a comer os doces em forma de abóbora ou fantasma (que provavelmente seriam para oferecer aos corajosos que se aventuram no doçura ou travessura na noite do dia 31 de outubro).
Martina Pereira
Ghosts [3]
Ghosts (1996) é uma curta-metragem realizada por Stan Winston e escrita por Stephen King, autor de obras como It e The Shining. Neste filme, um feiticeiro, denominado por Maestro (Michael Jackson), é perseguido pelo Mayor de Normal Valley (também interpretado pelo Rei do Pop, com recurso a uma equipa de maquilhagem fenomenal), que o acusa de ser um lunático.
A história está intrinsecamente ligada à vida real: trata-se de uma alegoria dos alegados casos de abuso sexual de Michael Jackson. A própria personagem do Mayor assemelha-se ao procurador Tom Sneddon, que acusou o artista do crime, primeiro em 1993, e mais tarde, em 2003.
Esta curta-metragem teve uma fraca performance comercial; não obstante, é necessário enfatizar que em nada fica a dever ao magnum opus de Jackson, Thriller (1983) — similarmente, revela o perfeccionismo de quem a visionou e mantém as suas idiossincrasias misteriosas e apavorantes.
Ghosts é uma obra de grande qualidade, quer nos seus efeitos visuais e grafismos, quer nos segmentos musicais e de dança. Assim, revela-se uma sugestão óbvia, embora pouco conhecida, de Halloween.
João Vilas Boas
The Others
Numa noite como a de trinta e um de outubro nunca pode faltar um bom filme; e sem me incluir nos cinéfilos de Letterboxd, The Others é claramente um desses. Porquê? É simples! Imediatamente depois de rolarem os créditos, desencadear-se-á uma tertúlia epistemológica infindável.
Começar assim uma recomendação acarreta um peso enorme, mas prometo-vos que não vos irá desiludir. Sem abrir completamente o véu, The Others tem o poder de nos fazer duvidar sobre tudo, e aí reside a sua beleza.
Uma mãe, dois filhos com hipersensitividade à luz e alguns criados são suficientes para seguir uma linha de raciocínio que nos leva a crer que a casa onde habitam está assombrada. Situações anormais sucedem-se reiteradamente; os criados guardam um segredo e os filhos temem a mãe. A conclusão está à palma das nossas mãos, e quando pensamos que a tínhamos, “the house of cards colapses”.
José Santos
Como diz a Phoebe Bridgers, it’s Halloween
And we can be anything.
Feliz Halloween a todos, do Departamento Cultural do Jornal Tribuna.
[1] Excertos de “This is Halloween” do filme O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas, Tim Burton, 1993).
[2] Aqui, a sugestão incide sobre o filme O Convite de 2022 e não de 2015.
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