Sugestões Culturais de Maio
- Departamento Cultural
- 26 de mai. de 2023
- 4 min de leitura
O QUE ANDÁMOS A LER, OUVIR E VER NO MÊS DE MAIO
(ou o wrap-up cultural do quinto mês de dois mil e vinte de três)
Coisas Que Nunca Aconteceriam em Tóquio, de Alberto Torres Blandina
Antecipando já as desejadas férias (que chegarão não tarda), Coisas que Nunca Aconteceriam em Tóquio é a recomendação perfeita para levar de viagem.
Salvador Fuensanta, quase reformado, é empregado de limpeza num aeroporto. E não há sítio mais impessoal do que esse: um sítio por onde muitos passam, mas poucos permanecem… A não ser que alguém – quiçá Salvador – oiça as histórias de quem por lá se movimentou, das suas culturas e aventuras.
"É para isso que, precisamente, se viaja, não é? Conhecendo outras culturas somos capazes de ver a nossa. Conhecendo outras pessoas somos capazes de nos conhecermos a nós próprios. Uma pessoa é tudo aquilo que a sua silhueta deixa de fora. Aprendemos por contraste..." (pág. 81)

Martina Pereira
Departamento Cultural
When Stars Are Scattered, de Victoria Jamieson e Omar Mohamed
Ilustrado por Victoria Jamieson (autora) e Iman Geddy, When Stars Are Scattered deixa o leitor com a sensação de que encontrou um pequeno tesouro.
Finalista do National Book Award, um dos mais importantes prémios literários dos Estados Unidos, este é um romance gráfico que conta a história de como é crescer num campo de refugiados, a partir de relatos na primeira pessoa de Omar Mohamed.
Omar e o seu irmão, Hassan, são duas crianças que até aí passaram a maior parte da vida em Dadaab, um campo de refugiados no Quénia. A vida é dura – a comida escasseia, o tempo demora a passar e nunca chegam os cuidados médicos de que Hassan desesperadamente necessita. Porém, de forma inesperada, é dada a oportunidade a Omar de prosseguir os estudos e ele terá nas suas mãos a possibilidade de mudar o seu futuro, ainda que tal signifique deixar todos os dias o seu irmão, o único membro da família que lhe resta.
Uma história sobre amor e esperança, “quando as estrelas se espalham”.

Clara Castro
Departamento Cultural
hortelã, de MARO
Maio é mês de Queima, mas também é mês de preparação para mais uma época de exames. Ora, todas épocas de exames exigem (para além de muita resiliência…) um bom álbum como banda sonora das longas horas de estudo. Com isto em mente, a minha última sugestão para este mês (e para o próximo…) é o recém-nascido álbum hortelã de MARO, nome artístico de Mariana Secca.
Lançado a 7 de abril, este sétimo álbum da cantautora lisboeta foi gravado em Barcelona apenas com os guitarristas de flamenco Darío Barroso e Pau Figueres. hortelã é batizado pela décima faixa homónima do álbum que a artista descreve como sendo “provavelmente, a canção mais bonita que já escrevi sobre o amor verdadeiro, incondicional, assim a escolhi para dar nome ao álbum”. Nela canta, em português do Brasil, “Tem flor que mesmo quando pisa não perde a cor/ Igual você que quando ri traz onda de calor/ Se tua voz me chega perto meu olho dança/Preciso nem falar do resto, amor não cansa”
Da conjugação do timbre grave e terno de MARO com os arranjos sublimes das guitarras, resulta um bálsamo, dez canções, oito delas em português e duas em inglês, com uma atmosfera intimista, caracterizada pela coexistência improvável da melancolia e da leveza, contida nos versos de oxalá, a canção que abre o álbum — “Ai, se eu não fosse esperança dos pés à cabeça/ Vai que até dá certo, deixo a porta aberta/ Oxalá dê certo e queiras ficar”. É um álbum introspetivo, escrito na sinceridade da dor e na vulnerabilidade de um recomeço; nele, MARO como que exorciza a tristeza musicando, e leva-nos numa viagem (uma série com vários episódios, como a artista o apresentou) pelo caminho da aceitação, da esperança e do crescimento. É um álbum rico musicalmente, que tem a capacidade de colocar os seus ouvintes numa espécie de transe musical, quem sabe, talvez útil para os momentos de estudo.
Para os que procurarem uma interrupção agradável da rotina das semanas que se avizinham, MARO apresenta o álbum no dia 14 de junho na Casa da Música no Porto.

Ana Neri Moreira
Departamento Cultural
O regresso das lendas
O mês de maio coloca todos os estudantes à prova: testam todos os nossos limites, conhecemos novas facetas da nossa personalidade (qualidades e defeitos), enfim, assumimos que temos um desafio pela frente e que não nos podemos deixar abalar na reta final do ano letivo. Nestes momentos, consumir cultura parece uma atividade sinuosa, quase cansativa; e quando estamos cansados, voltamos ao conforto do que sabemos ser, verdadeiramente, paz.
Assim, e na senda do início da tour mundial que começaram há uma semana, recomendo-vos toda a discografia dos blink-182, em especial o último single “EDGING” que introduz o novo álbum da banda de punk-rock mais lendária de sempre.
Tom, Mark e Travis já não lançavam um álbum desde dois mil e onze; em outubro estarão no Altice Arena. Nunca pensei que esse momento fosse possível, mas vai acontecer. Neste mês tão difícil para nós, acreditemos. E não tenhamos vergonha de nos resguardarmos nas coisas que já lemos, já ouvimos e já vimos.

José Santos
Departamento Cultural
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