O Leitor (2008), Stephen Daldry
Em 1958, Michael Berg tinha apenas quinze anos quando conheceu Hanna Schmitz. Com mais do dobro da sua idade, Hanna foi quem o introduziu — à maneira de Le Diable au corps — ao amor e ao sexo, em troca exigindo apenas que Michael lhe lesse os seus livros.
Nos seus vários encontros, somos capazes de sentir o poder que cada um exerce, invariavelmente, sobre o outro: ele, através da sua leitura engenhosa; ela, através do seu corpo fatal. E assim foi pelo menos até, semanas mais tarde, Hanna desaparecer…
Volvidos alguns anos, em 1966, Berg tinha enveredado pelo Direito e, quando levado ao tribunal pelo Professor Rohl para assistir a um julgamento, (re)encontra Schmitz sentada no banco dos réus, condenada a prisão perpétua.
Mesmo atrás das grades, Hanna não perdera o contacto com Michael. Mas escondera sempre um segredo… e só O Leitor mais ávido o descobrirá.
Francisco Paredes
Departamento Cultural
The Heartbreak Kid (1972), Elaine May
Em The Heartbreak Kid, Elaine May apresenta-nos uma comédia hilariante, que se serve do humor negro para expor um mundo vazio, repleto de pessoas vazias. Uma delas é o próprio protagonista, Lenny Cantrow, um homem leviano e impulsivo que começa a repensar o seu casamento apressado nos primeiros dias da lua de mel.
Por detrás de uma banda sonora alegre (que, na verdade, serve propósitos de ironia e de cinismo) jaz uma acutilante crítica social ao “privilégio masculino”, de uma inteligência e profundidade surpreendentes. Seduzindo o espectador à compaixão com o seu espírito pueril e desajeitado, Lenny acaba por revelar-se, aos olhos dos mais astutos, um psicopata, para quem a ideia de amor é apenas aquisição.
Um clássico intemporal das comédias cringe, realizado por uma mulher visionária, e uma masterclass de humor por parte de um elenco extraordinário de atores.
Beatriz Castro
Departamento Cultural
A Boa Sorte, de Rosa Montero
“Porque a beleza ajuda a sarar a dor do mundo”.
A Boa Sorte, de Rosa Montero, é uma história de mistério, mas que em nada se assemelha a um típico romance policial. Aqui, o enigma é sobretudo existencial. Afinal, o que leva um homem a descer de um comboio antes do fim da viagem para se ir esconder numa cidadezinha decadente?
A dicotomia entre o Bem e o Mal assume o papel de protagonista. A autora explora as vísceras da mente humana pela lente das diversas personagens, que se revelam como encarnações vívidas de contrastes entre a avareza e a bondade, a violência surda e a velhice impotente.
O livro fala-nos de um bem que vence sobre o mal. Quem nos salva é Raluca, que nos ensina que a sorte só é boa se assim o decidirmos. No final, o livro apenas nos ensina que a alegria é um hábito. E como é bom terminar um livro com uma semente de esperança a germinar no coração.
Mariana Polido
Departamento Cultural
Livraria Greta: de mulheres para o mundo
Criada e fundada por Lorena Travassos, carinhosamente escondida na zona dos Anjos, a Livraria Greta é um dos maiores tesouros que Lisboa alberga.
A Greta acolhe exclusivamente livros escritos por mulheres, que vão desde a teoria feminista aos livros infantis. O principal objetivo é criar um espaço que valorize o génio das mulheres escritoras, sistematicamente deixado de lado pelos programas escolares. Apesar de ser um espaço pequeno, não é difícil que se percam na sua cultura sem-fim, em meio das obras que vão desde titãs do feminismo, como bell hooks, Virginia Woolf e Alexandra Kollontai, a autoras autopublicadas e de pequenas editoras, que de outro modo não chegariam ao público.
A Greta é o lembrete necessário na vida de todos os leitores: não se limitem aos mesmos de sempre e leiam mulheres que perspetivam o mundo de forma diferente, própria da forma como o mundo nos perspetiva a nós.
Beatriz Morgado
Departamento Cultural
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