Cartas do Pai Natal
J. R. R. Tolkien
A cada Natal, milhões de crianças enviam correspondência para o Pólo Norte, na esperança de verem os seus sapatinhos recheados na manhã do dia vinte e cinco de dezembro. E se as crianças que escrevem ao Pai Natal recebessem uma resposta dele?
Foi precisamente o que sucedeu com os filhos do autor da saga O Senhor dos Anéis e d’O Hobbit durante mais de vinte anos. As crianças recebiam, todos os anos, nas suas caixas de correio, um envelope enviado diretamente do Pólo Norte, com uma carta escrita numa caligrafia caricata e um desenho colorido. O remetente dessas cartas era, precisamente, o Pai Natal – que era, na verdade, Tolkien.
Nessas cartas, narravam-se histórias da vida no Pólo Norte: das aventuras do Urso Polar, à forma como o Pai Natal preparava os brinquedos, passando pelas batalhas com os duendes – que, já sabemos, não são propriamente as criaturas mais afáveis do universo. Além das palavras do velhinho das barbas brancas, as crianças podiam ler algumas notas deixadas por alguns dos seus amigos, do Urso Polar ao Elfo Ilbereth, para quem Tolkien reservou estilos específicos, diferentes e cuidados de caligrafia.
As cartas, escritas por Tolkien “Pai Natal”, entre 1920 e 1943, endereçadas aos seus filhos, bem como os desenhos que as acompanham, foram depois reunidas e compiladas neste Cartas do Pai Natal, publicado em Portugal pela Publicações Europa-América.
Este livro nada mais é que um regresso à infância e à magia típica do Natal. Através da sua originalidade e imaginação, o autor consegue transmitir – aos filhos e, agora, aos leitores – o espírito natalício e a sensação de ternura, tão característicos dos dias de dezembro.
Se, no século XX, estas cartas fizeram as delícias dos filhos do autor, hoje em dia, serão certamente um deleite para qualquer leitor, pequeno ou graúdo, que as leia. Fica a recomendação para um Natal “Tolkieniano”, que certamente agradará a todos, de forma universal!
Martina Pereira
Redatora do Departamento Cultural
A Invenção de Hugo (2011)
Martin Scorsese
Com o grandíssimo nome de Martin Scorsese na realização, o filme Hugo (ou, em português, A Invenção de Hugo) tem título homónimo ao nome do rapaz sobre o qual esta história versa.
Hugo é um menino de 12 anos cujo único sítio a que pode chamar casa é o departamento de engrenagens de uma estação ferroviária parisiense. É ele quem mantém em funcionamento os antigos relógios que informam os passageiros, que aquele local cruzam, as horas. A arte da relojoaria é uma herança direta do seu pai: antes de um incêndio o levar, Cabret partilhara com o filho as artes e os ofícios de que gostava, o que além dos relógios incluiu o cinema, o museu onde trabalhava e, ainda, uma paixão de que poucos poderiam ter conhecimento: uma máquina invulgar, inacabada, deixada a Hugo para descobrir o que poderia esta fazer.
Embora não tipicamente um filme que reflita o espírito natalício, o frio que se faz sentir constantemente na Gare Montparnasse e a busca de Hugo por um sentimento familiar que perdeu com o falecimento do pai é uma sugestão infalível para a tarde da véspera de Natal.
Com atuações memoráveis de Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen (sim, leram bem), Chloë Grace Moretz e Jude Law, o filme de 2011 promete um coração quentinho (não só pelo chocolate quente que aconselho para acompanhamento).
Matilde Costa Alves
Diretora do Jornal Tribuna
O Rapaz que Vendeu Versos ao Diabo
André Neves
O Rapaz que Vendeu Versos ao Diabo é um romance sobre um jovem bom, de sólida formação filosófica, ateu e com pretensões poéticas que se apaixona pelo prazer e inicia um processo de desconstrução da moral, afirmando querer elevar o hedonismo a um grau inalcançável a qualquer homem comum.
É, no fundo, um romance sobre uma certa juventude, sobre uma certa relação entre o bem e o mal, sobre a subversão egocêntrica e imatura da filosofia pela carência da consciência de legitimar a sua própria ruína.
Escrito pelo meu amigo André Neves, que é como nós estudante de Direito, é a sugestão de Natal que vos deixo. É a sua estreia no romance, mas a produção poética que assinou é, para a idade, já assinalável.
Poderão ler alguns dos seus poemas no blogue do JUR.NAL, jornal da FDUNL.
Bom Natal e Boas Entradas!
André Torres
Coordenador do Departamento Cultural
O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos (2018)
Lasse Hallström, Joe Johnston
Com o cheiro a Natal no ar, não há nada melhor do que uma tarde em família no sofá, repleta de tudo aquilo que faz mal: doces e desculpas para não estudar. Beneficiem das tardes chuvosas para assistirem aos filmes da Disney que tenham em atraso. Para os que acreditam que filmes infantis são só para crianças, aproveitem para descobrir todo um mundo de piadas ocultas destinadas apenas aos adultos.
Neste Natal, não pode faltar “Quebra-Nozes e os Quatro Reinos”, uma adaptação animada do bailado “Quebra-Nozes” de Tchaikovsky. Carregado de magia e fantasia, é um filme que capta a inocência de uma criança que acredita numa quimera – um mundo onde os sonhos se tornam realidade.
Conta ainda com presença de Misty Copeland, famosa prima ballerina da American Ballet Theatre. Numa atuação quase angelical, traz um cheirinho dos dois atos do bailado num pas de deux que transforma a tela de cinema num palco de coliseu.
Para os que sentiram inspirados, convido a assistirem no Coliseu do Porto, a partir de 13 de janeiro, a adaptação do bailado Quebra-Nozes pela Royal Russian Ballet.
Beatriz Machado da Costa
Vice-diretora do Jornal Tribuna
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