Duna: Parte 2 (2024), Denis Villeneuve
A adaptação do épico de Frank Herbert pelo realizador Denis Villeneuve continua e é um triunfo a ver no grande ecrã!
O filme conta com estrondosas interpretações, em particular, as de Rebecca Ferguson e Timothée Chalamet – Lady Jessica e Paul Atreides, que buscam sobreviver num remoinho de guerra, amor e fervor religioso, que ameaça sinistras transmutações à individualidade de cada um. Simultaneamente, o destino de incontáveis povos joga-se a ferros pelo controlo do cobiçado planeta dos “Fremen”, pois “Power over spice is power over all”.
Se Greig Fraser controla intimamente toda a imensidão da sua preponente catedral cinematográfica, Hans Zimmer conjurou um score que não só une o filme, desde o guião à imaculada estética, como reforça o seu raríssimo carácter sinérgico. Villeneuve e companhia mais do que cumpriram o seu trabalho ao imergir “Dune” na atual “pop culture”, enquanto conto sobre a hybris por poder e o inevitável sofrimento que acompanha essa dialética.
José Pedro Carvalho
Departamento Cultural
MARACUJÁLIA, na Casa da Música
É já no próximo dia 27 de abril que o evento "Maracujália" regressa, pelo segundo ano consecutivo, à Casa da Música, prometendo uma festa repleta de cor, muita dança e boa música.
O evento decorre entre as 16h e as 2h em cinco salas em simultâneo, incluindo a Sala Suggia, oferecendo aos participantes uma oportunidade quase única de usufruírem deste edifício emblemático da cidade do Porto numa sua vertente de salão de festas/pista de dança raramente explorada. A não perder!
“Maracujália” contará com "cerca de 30 actuações musicais de todos os cantos do mundo e de sonoridades completamente diversas. Jazz, reggae, amapiano, house, hip hop (...)" e com artistas como Kamaal Williams, Shaka Lions ou Tereza. Para além da música, fará parte do evento um ciclo de conferências e uma "galeria de arte".
O preço dos bilhetes começa nos 15€.
Ana Neri Moreira
Departamento Cultural
Dark Magic, nothing, nowhere
Entrando na reta final de recomendações culturais que terei o prazer de fazer para este jornal, aproveito o mês de março para partilhar o meu álbum favorito do ano – Dark Magic –, de um dos meus artistas mais ouvidos nos últimos quatro anos: nothing, nowhere.
A música de Joe Mulherin parte de uma filosofia muito própria e inspira-se na palestra de Alan Watts sobre a importância da Nothingness. Apesar de só ter percebido (e, eventualmente, “intelectualizado”) que as suas letras e melodias partiam deste entendimento muito depois de me terem conquistado, era impossível não me identificar com um artista que inicia a sua autodescrição no Spotify com: “Existence is without meaning; to exist is to suffer.”.
Dark Magic é o último e mais completo projeto deste artista, que me é bastante querido, e por isso faço-vos o repto de ouvirem com atenção este derradeiro “peace pact with pain.”.
The Cult of the Reaper saved me
José Santos
Departamento Cultural
Calibã e a Bruxa, Silvia Federici
Neste tão cuidadoso e complexo ensaio, Federici reinventa as ideias pré-concebidas da sociedade sobre a figura da bruxa, tão caricaturizada e temida ao longo dos séculos.
A Calibã e a Bruxa é uma história revolucionária sobre a transição do modelo feudal para o capitalismo no século XVI e o impacto desta mudança nos direitos reprodutivos e na força de trabalho das mulheres – mudança esta que provocou a derradeira submissão da mulher e a criação da figura da bruxa, dando lugar à maior perseguição às mulheres a acontecer em solo europeu.
Esta é uma obra crua e incontornável, que a partir de uma meticulosa pesquisa documental e iconográfica, oferece aos leitores um novo olhar sobre a relevância política e económica do corpo feminino, o surgimento do Estado-Nação e a expansão colonial, através das figuras folclóricas do Calibã – o antagonista escravizado da “Tempestade” de Shakespeare – e da Bruxa.
Beatriz Morgado
Departamento Cultural
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