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Sugestões Culturais para o Dia da Liberdade (25 de abril)

  • Foto do escritor: Departamento Cultural
    Departamento Cultural
  • 25 de abr. de 2023
  • 3 min de leitura

Para celebrar um dos mais importantes momentos da História portuguesa, o Departamento Cultural preparou um conjunto de recomendações culturais para o Dia da Liberdade. Porque “as portas que Abril abriu / nunca mais ninguém as cerra” (Ary dos Santos).


Bezegol, voz da inquietação


Abril é o mês de celebrar a liberdade, de a cantar bem alto para que não nos esqueçamos que ela não é garantida.


Não é segredo que o hip hop é símbolo máximo de resistência e de luta dos inconformados, funcionando como um delator exímio das injustiças. Falo, em específico, de Bezegol. Nascido e criado no bairro da Pasteleira, apesar de não se considerar um músico de intervenção, é um crítico feroz do sistema, denunciando um mundo «de candeias às avessas» com a igualdade e com a transparência. Nesta linha, destaco «Não Me Lembra o Tempo», «Era Tão Bom», «Vida Que Nunca Quis» e «Fora da Lei». A liberdade não é perpétua: apela-se aos jovens para que nunca deixem adormecer a sede de mudança que em si habita – «Como vamos explicar à próxima geração / Os espinhos que vivem nos cravos da revolução?».


Neste abril de resistência, de protesto, de inquietação – neste abril de liberdade, reflete ao som de boa música.





Beatriz de Oliveira Loureiro

Departamento Cultural


Os Sobreviventes (1972), de Sérgio Godinho


Meses depois do lançamento do seu primeiro EP (Romance De Um Dia Na Estrada, 1971) e do álbum do seu amigo José Mário Branco (Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, 1971) – cuja direção e arranjos ficaram a seu cargo, ademais –, Sérgio Godinho resolve arriscar e aventurar-se na música de intervenção portuguesa – boa aposta essa, dado que se ganhou um verdadeiro mestre do cancioneiro nacional, em toda e qualquer aceção que o vocábulo poderá proporcionar.

Não sendo, é certo, Os Sobreviventes a sua melhor obra, a verdade é que esta constitui um marco primordial; bem a Outra Senhora tentou censurar, mas ainda hoje indagamos que força é essa que nos põe de bem com os outros e de mal connosco.

Num tempo em que os Charlatões voltam a surgir, sigamos as palavras de Godinho: «Aprende a nadar, companheiro / Que a maré se vai levantar» (“Maré Alta”). Precisamos apenas de dez avos da sua ousadia, dessarte não necessitaremos de ficar sentados «à espera de D. Sebastião» (“Que Bom Que É”) ou daqueles que se autonomeiam salvadores da pátria, enviados de Deus.


Haverá decerto quem não gostará de alguma destas canções (todos sabemos quem são), e a isso respondo o mesmo que este extraordinário cantautor enunciou: «Se a canção não te agrada mete-a no …» (“A-A-E-I-O”).





João Vilas Boas

Departamento Cultural


Mulheres de Abril, de Maria Teresa Horta


Os cravos que libertaram o país da censura, do medo e da opressão, também tinham rosto de mulher. As flores que deram nome à Revolução de Abril, distribuídas por Celeste Caeiro aos soldados lisboetas, carregaram consigo a criação de um país novo. Mas é importante não esquecer que na base dele, muitas vezes esquecidas, estão (estiveram e estarão) mulheres. E para experienciar esse lado da Revolução, Maria Teresa Horta escreveu os poemas de Mulheres de Abril. Dos livros que sabem a casa, que abandonamos com tristeza, mas com a certeza de que lá regressaremos mais vezes.





“Deu-nos Abril / o gesto e palavra / fala de nós / por dentro da raiz / Mulheres / quebrámos as grandes barricadas / dizendo: igualdade / a quem ouvir nos quis / E assim continuamos / de mãos dadas / O povo somos: / mulheres do meu país”


Martina Pereira

Departamento Cultural


Elas estiveram nas prisões do fascismo!

Publicado pela primeira vez em junho de 2021 pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), o livro "Elas estiveram nas prisões do fascismo" resgata de um relativo esquecimento a memória das mulheres que combateram o fascismo em Portugal. Trata-se de um contributo inestimável para a compreensão do papel determinante que as mulheres desempenharam na resistência ao regime ditatorial, através de uma narrativa detalhada, muitas vezes na primeira pessoa, dos horrores sofridos nas prisões políticas.


A reflexão é introduzida, nos primeiros capítulos do livro, por um extenso relato do estatuto da mulher sob o regime fascista, analisando a questão dos direitos políticos, laborais e humanos. Evidencia-se ainda o esforço empreendido pelas organizações femininas na luta pelos direitos e liberdades individuais, nomeadamente através da redação de cartas às organizações femininas e democráticas internacionais, presentes no livro. A obra culmina numa impressionante lista de mulheres presas acompanhada de dados estatísticos das prisões políticas entre 1934 e 1974.





As mulheres que figuram neste livro, verdadeiras heroínas, são testemunho de um período sombrio da história portuguesa. Sem a coragem e tenacidade de tantas mulheres, cujo papel é frequentemente desvalorizado, muito diferente teria sido o processo de resistência ao regime.


Ana Neri Moreira

Departamento Cultural

 
 
 

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