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TEMOS O MELHOR CAMPEONATO DO MUNDO

  • Foto do escritor: Hugo Novo
    Hugo Novo
  • 7 de abr.
  • 4 min de leitura

Certamente não escrevo este título para me referir ao campeonato português de futebol, embora adorasse fazê-lo. Refiro-me, em particular, às nossas ligas de futsal e de hóquei em patins, nas quais, ainda que enfrentando a adversidade do destaque absoluto do futebol, temos os melhores campeonatos do mundo.


Nestes desportos, os clubes portugueses foram protagonistas de momentos históricos no panorama internacional. Desde a conquista da Taça Intercontinental pelo F.C. Porto no hóquei em patins, até ao título europeu alcançado pelo Sporting C.P. no Futsal, foram várias as ocasiões  em que estes emblemas nacionais  elevaram a nossa bandeira até ao topo dos principais pavilhões a nível mundial. 


Alguns dos grandes fatores que contribuem para o nosso sucesso nestas  duas modalidades são as condições geográficas, naturais e culturais do nosso país. Sem querer desvalorizar o mérito desportivo que alcançamos, é inegável que as circunstâncias nos favorecem na prática destas categorias. No caso do hóquei em patins, o facto das grandes potências desportivas, à exceção das sul-americanas, terem uma forte e tradicional ligação ao gelo, além da grande influência americana nesse sentido, traduz uma inquestionável preferência pelo hóquei no gelo, em detrimento do hóquei em patins, que se torna alvo de menos investimento. No que respeita ao futsal, por ser um desporto onde a técnica é mais aproximada ao “futebol de rua”, este acaba por não ter tanta adesão nestes países, que priorizam a força física e a tática aos dribles vistosos. Ademais, nestes mesmos países, os desportos de pavilhão mais populares são aqueles que, geralmente, exigem uma maior robustez física e altura, características não muito relevantes para a prática  destas duas modalidades.


Contudo, estas condições favoráveis, por si só, não seriam suficientes para termos os melhores campeonatos do Mundo. Tal só se revela possível devido à existência de uma gestão desportiva competente. Portugal tem uma abundância considerável de talento e, quando este é retido no país, os resultados são benéficos não só para os clubes, como também para as nossas seleções.

Nestas duas categorias, Portugal tem-se afirmado como uma das melhores seleções do mundo, tendo conquistado, nos últimos seis anos, o título de campeão mundial em ambas as modalidades. O facto mais curioso é que, quer na seleção campeã do mundo de hóquei, em 2019, quer na de futsal, em 2021, a esmagadora maioria dos jogadores convocados atuavam no nosso país: no futsal, doze dos dezasseis jogadores convocados jogavam na liga portuguesa; no hóquei, apenas um dos dez magníficos cumpria contrato num clube estrangeiro. Além disso, o prestígio do desporto nacional tem vindo a atrair os melhores jogadores de outros países, que também se interessam pelo mundo desportivo português. Um exemplo paradigmático disso é o do antigo hoquista espanhol Pedro Gil, que passou grande parte da sua carreira na liga portuguesa, ao serviço do F.C. Porto e do Sporting. 


Já em relação ao futsal, nos pavilhões tivemos a oportunidade de assistir a diversos duelos entre o Benfica de Ricardinho - considerado, por muitos, o segundo melhor jogador da história do futsal, apenas superado pelo lendário Falcão - contra o Sporting de Cardinal, também um dos melhores portugueses da história. Foi-nos dado, assim, o privilégio de assistir a estes duelos, repletos de estrelas, de promessas e de muitos jogadores, portugueses e estrangeiros, titulados internacionalmente por esses mesmos emblemas.


A retenção dos melhores jogadores no nosso campeonato faz com que, naturalmente, as nossas equipas sejam, também elas, as melhores. No caso do hóquei em patins a hegemonia é, de facto, notória: na 58ª edição da WSE Champions League Men Final Eight,  disputada em Viana do Castelo, no ano de 2023, seis das oito equipas que perseguiam o sonho europeu eram portuguesas. Ao contrário do que acontece no futebol, o campeonato português de hóquei reúne as melhores equipas do mundo, não se restringindo os resultados históricos aos “três grandes”. O O.C. Barcelos conquistou, por duas vezes consecutivas, em 2016 e 2017, a taça CERS, competição equivalente à Liga Europa; e o Valongo alcançou a final da WSE Champions League em 2023, eliminando, pelo caminho, formações como a do Sporting.


Destaco, ainda, a qualidade dos nossos pavilhões, devidamente aptos para acolherem as competições de mais alto nível, o que comprova que a nossa superioridade também se reflete na qualidade infraestrutural. 


Por fim, enalteço a descentralização verificada nestas modalidades, a qual contribui para uma maior visibilidade e atratividade das mesmas. Tomando a minha cidade como exemplo, é muito motivador para os vianenses acompanhar um desporto onde a sua cidade está representada na primeira divisão, o que contrasta com a realidade  do futebol, onde o clube local milita apenas no quarto escalão. Sem dúvida alguma, este fator acaba por contribuir para o ambiente especialmente fantástico que se vive nos pavilhões nacionais, quando os patins ou as sapatilhas de futsal entram na quadra. 


Concluo este tributo ao hóquei em patins e ao futsal reiterando que Portugal, quando segue com rigor a fórmula do sucesso, consegue ser o melhor entre os melhores. Resta-nos desejar que um dia sejamos capazes de aproveitar o nosso talento para alcançar todo o  potencial nas restantes modalidades desportivas.


Hugo Novo

Departamento Desporto



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