Se existe um amor de verão, as comissões de curso são a nossa namoradinha da escolinha. Pena que os nossos finalistas de direito levaram a parte da “escolinha” demasiado a sério.
Por já estarem há quatro anos na FDUP começo o corpo do artigo com o seguinte caso prático:
A e B candidatam-se à comissão de curso do 4. Ano. Durante o debate eleitoral, A respondia sarcasticamente a B. B, perplexa com as afirmações proferidas por A, ao invés de ignorar e responder com um tom neutral, entrou na sua manobra.
A empresa Y, detentora do formato televisivo da Casa dos Segredos, intentou uma ação em tribunal. Y considera que A e B não respeitaram os seus respetivos direitos, alegando eventuais ganhos por parte de A e B.
Quid Iuris?
Os critérios de correção deste caso não serão complicados de desvendar. A pretensão de Y é válida, e A e B ilustraram, brilhantemente, uma réplica original da Casa dos Segredos. Ambos os candidatos se apresentavam determinados para serem escolhidos como líder da semana.
Daqui a um ano, as pessoas que vimos, presencialmente ou em direto, debater ao estilo de Trump-Harris, estarão a trabalhar em sociedades de advogados, ou a programar a sua vida para concorrer ao CEJ e, dessa forma, ingressar pela magistratura. Ao invés de agirem com a seriedade, exigida pela altura da vida em que se encontram, enveredaram pela arrogância e esperteza pouco aguçada. Ainda bem que a FDUP se orgulha de ser a faculdade de direito com a maior média do país…. Conseguem ver aquilo que uma média de 18 faz a um par de estudantes?
Aquilo que a ânsia de fazer sebentas faz às pessoas. Faço um convite direto à lista vencida: faz os meus apontamentos. Com essa vontade de trabalhar e garra de felino, sairia do terceiro ano com uma média de 18 valores – algo eclíptico.
Realizando o artigo, agora, com mais seriedade, a situação, que está a ser objeto de crítica, demonstra o snobismo de uma parte dos estudantes de direito. Explicita, de igual forma, que o associativismo não é nada mais, nada menos, do que meros carimbos curriculares, estando a ambição desmedida e a exaltada arrogância acima de qualquer interesse estudantil.
Saboreio, especialmente, o tom condescendente. O que seria falar educadamente de estudante para estudante? Não é possível. Tal como referido, é mais fácil optar pelo caminho fácil, das mitagens, de afirmar algo para ver se o outro baixa as armas. Vocês sabiam que o departamento de marketing do Jornal Tribuna trata do marketing do Jornal Tribuna?
Pergunto: Por que não se pode resolver as coisas com mais serenidade? Qual é a razão de demonstrarmos a continuidade do legado ancestral de ataque político e pessoal a qualquer adversário?
Respondo: Assim, a vida faz-se mais fácil. É mais fácil afirmar que X não assume compromissos, ou divagar, com mesquinhice, sobre o programa eleitoral do adversário, colocando pontos na ordem de trabalhos que nem ao menino Jesus lembra.
Agradeço à Comissão Eleitoral por me permitir escrever este artigo. A vossa inação perante o desrespeito demonstrado pelos estudantes, permitiu-me escrevê-lo.
Termino com a típica frase: FDUP, o que esperavas?
Diogo Lamego
Departamento Mundo Universitário
Comments