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Foto do escritorFrancisco Paredes

Uma nova era da fantasia?

Nota inicial: o artigo pode conter spoilers.



I: The Wheel of Time no paradigma da fantasia


The Wheel of Time ganhou a forma (apenas na segunda temporada) de um muito seguro e evidente presságio de início de uma nova era (“The Dark One is awaking”) — não só para a fantasia, mas também para Westlands.


Para muitos, este vastíssimo universo — tanto do ponto de vista literário, como cinematográfico, ainda que se deva decalcar, para o efeito, este último — perdeu-se entre 2001 e 2003, tendo mais tarde sido repescado, entre 2012 e 2014, aquando do lançamento, sob a direção de Peter Jackson, das trilogias The Lord of the Rings e The Hobbit (respetivamente), numa adaptação da obra de Tolkien.


Numa era em que o pós-fantasia se concentrou em Game of Thrones, The Wheel of Time surgiu como um stopgap entre produções meramente comerciais e lacklusters. Está longe de ser — em comparação com os grandes nomes — uma série perfeita (seja pelas variações entre esta e os livros de Robert Jordan, seja pela falta de segurança na primeira temporada), mas é o prelúdio de novos tempos. The wheel of time turns [...]”, disse Moiraine; complemento-a: finalmente, num bom sentido.


II: Conceito, spoilers e críticas


Moiraine Damodred, uma Aes Sedai (na língua antiga, Serva de Todos), pressente a chegada d’O Tenebroso. “[...] ages come and pass [...]” e o destino, a cada era, recai sobre o Dragão Renascido: destruí-la, fazendo regredir o mundo, ou salvá-la, protegendo o futuro. Seguida pelo seu fiel companheiro, Lan Mandragoran, parte para Dois Rios, uma pequena aldeia, em busca do Dragão, que pode ser Egwene, Mat, Perrin ou Rand.


A propósito, a série, ao contrário dos livros, permitiu que o receptáculo do Renascido pudesse ser um homem — a despeito da crença das Aes Sedai de que seria uma mulher, dado o seu preconceito contra os homens quando acediam ao Único Poder (já que estes o corrompiam/tendiam a corromper).


Mas a sua chegada não foi pacífica — Nynaeve, a Sabedoria de Dois Rios, soube-o de imediato assim que a viu. Com ela, direta ou indiretamente, trouxe a destruição: vinda da montanha, uma horda de trollocs devasta a aldeia, varrendo-a à procura do Dragão Renascido — O Tenebroso está à espreita. Esse confronto só é vencido quando Moiraine entra em ação, numa solo performance das suas brutas capacidades.


Temporariamente combatido o Mal, Damodred cuida de traçar o futuro do potencial Dragão: encarrega-se de levar os quatro habitantes de Dois Rios até à Torre Branca (a residência-mãe das Aes Sedai), para que, aí, ao bel-prazer, o pudessem treinar, em ordem a salvar aquela nova era. Sucede que, durante a viagem, multiplicam-se e desdobram-se as intrigas ao seu redor.


Ao contrário dos livros, a série teve — e bem — a cautela de manter em segredo a identidade do verdadeiro Renascido. Dessa forma, através do anonimato, deu-se (ainda que precariamente) voz a cada uma das personagens, para que contassem, na medida do possível, a sua história. Precariamente, porque só Moiraine interessa; aqui, muitos dizem que Rosamund Pike capitalizou o seu papel, enquanto outros, por sua vez, defendem o seu bom e adequado (des)envolvimento ao longo de toda a narrativa.


E é neste ponto que toda a história se desenrola (sem mais, a viagem), através de duas temporadas. Inicia-se uma nova era; aquilo que durante muito tempo esteve adormecido finalmente acordou: “[...] and even myth is long forgotten when the age that gave it birth comes again”.


Francisco Paredes

Departamento Cultural

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