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Foto do escritorBeatriz Froufe

Voluntariado Universitário: uma experiência inesperada

Cada vez mais os estudantes universitários são colocados sob a pressão de serem os melhores, os mais competitivos e os mais bem qualificados em tudo que fazem. Esta mentalidade leva a que se torne demasiado fácil para os jovens embrenharem-se por caminhos egoístas e esquecerem as necessidades e problemas alheios a eles próprios. O voluntariado universitário, para além de todos os benefícios que traz para a sociedade, é também um ótimo modo de combater esta cultura que tanto se impregnou na Academia de “olho por olho, dente por dente”.


Felizmente, existem inúmeras associações, criadas por estudantes e para estudantes, especializadas em fornecer oportunidades de voluntariado a todos aqueles que se demonstram interessados em fazê-lo. Uma das mais populares é a VO.U, criada em 2008 por um grupo de jovens universitários no Porto preparados para mudar o mundo. Hoje em dia, é inegável o crescimento exponencial que esta associação teve, sendo agora composta por 10 projetos e 5 núcleos que trabalham em conjunto de modo a deixar a maior marca possível na sociedade. Qualquer um que queira ajudar pode candidatar-se a esta associação e a partir daí ser catapultado para um mundo de novas experiências, contactos e emoções, tudo isto enquanto contribui para criar uma sociedade mais justa.


De modo a ter uma visão mais compreensiva do voluntariado que a VO.U tem vindo a oferecer aos universitários do Porto, foi-me oferecida a oportunidade de passar uma tarde com os idosos da Associação de Moradores de Massarelos. Confesso que, ao início, julguei que esta seria uma experiência igual a outras de voluntariado em lares de idosos pelas quais passei, mas não podia ter estado mais enganada. Foi uma tarde extremamente dinâmica, com música, dança, risos e atividades.


Iniciámos a sessão no centro de dia onde muitos dos idosos se reúnem diariamente. As senhoras que lá estavam rapidamente me puseram a par dos acontecimentos da manhã: haviam tido uma aula de dança com um professor (que continuamente descreviam entre gargalhadas como sendo “um jovem alto e bonito”), ensinaram-me a coreografia que aprenderam e dançámos todas enquanto riamos e cantávamos. Depois deste momento, fiquei surpreendida por descobrir que íamos sair: pensei que fôssemos ficar na mesma sala a tarde toda, mas, mais uma vez, enganei-me, pois rapidamente me mostraram o caminho para o bairro onde as senhoras residiam.


Ao percorrer a íngreme subida pelas ruas e escadas que me eram indicadas não pude deixar de ficar perplexa pela agilidade destas senhoras já de uma certa idade. Ao chegarmos, deparámo-nos com mesas e cadeiras já preparadas para nos receber, assim como mais senhoras para conhecer. Passámos o resto do tempo a fazer artes plásticas de decoração de sabonetes enquanto conversámos sobre uma outra atividade no qual também estão envolvidas: o Projeto “Olhó Nobelo”. Este consiste na realização de oficinas de crochet com os moradores de Massarelos, sendo os produtos resultantes depois utilizados para decorar o bairro com cores vibrantes e alegres.


De facto, todo o ambiente que envolvia estas senhoras parecia automaticamente tornar-se mais leve e dinâmico. A sua conversa e brincadeiras entre si revelavam que, na verdade, muitas delas se conheciam desde a infância, e nunca haviam morado em nenhum outro sítio que não Massarelos. Isto conferiu-me um leve vislumbre da ligação que partilham e daquilo que o bairro significa para elas.


No caminho de regresso a casa, não pude deixar de pensar como esta havia sido uma experiência enriquecedora. Permitiu-me entrar em contacto com pessoas que normalmente nunca iria conhecer e ser transportada para fora de mim mesma, para outras vidas e outros problemas e ambientes que não os meus. Algo tão simples como passar uma tarde a fazer voluntariado foi o suficiente para receber esta nova perspetiva e apenas espero que todos os estudantes tenham oportunidade de experienciar algo assim: de certeza que não iria melhorar apenas os seus currículos.


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