Falei-vos, noutro artigo (vê no Sociedade!) sobre os Intercâmbios Juvenis do Erasmus+ e da forma como estão a mudar a Europa para os jovens, e os jovens para a Europa. A visão que muita gente tem, porém, de experiências Erasmus+ é de uma festa constante financiada pela Comissão Europeia. Essa é uma das vertentes, mas há mais.
Desde logo, já tinha brincado ao Erasmus no secundário, passando 5 dias em Hamburgo e recebendo um italiano no Porto, com a temática da ciência ambiental. A diferença passa pelas idades dos participantes e pelo local de alojamento. Enquanto que no secundário ainda estamos a descobrir que somos alguém, agora já estamos a tentar descobrir quem somos. Além disso, em vez de ficarmos numa família de acolhimento adorável, ficamos num hostel ou residência juvenil duvidosa em que as pessoas normais que lá estão se queixam do barulho (a polícia foi chamada diversas vezes no meu primeiro YE).
Acho que se me pedissem uma palavra para resumir a vivência dos YEs (e ninguém pediu mas…) essa palavra seria diversidade. Desde logo, diversidade nos temas: participei num YE sobre saúde mental, outro sobre competências digitais e, à data desta publicação, devo estar na Lituânia para aprender sobre empreendedorismo. Mas há outros temas, como: emprego jovem, gamificação, igualdade de género, luta climática, música, fotografia etc.
Além de se aprender de forma descontraída, trabalhar em grupos multinacionais e apresentar resultados à Comissão Europeia, vivem-se diversas atividades, adaptadas aos temas e ao espaço cultural e geográfico onde nos encontramos, como visitar uma cidade vizinha ou viver imersões culturais.
Por outro lado, um dos maiores preços a pagar, visto que o alojamento, a viagem e alimentação são financiados pela CE, são as saudades que ficam das pessoas que conhecemos. As festas e as festinhas, os memes e os mimos, as amizades e as paixões são rápidas e aceleradas pelo contexto, já que além da grande mistura de participantes em várias atividades durante o dia também existem as noites. Depois das noites culturais, organizadas por cada equipa nacional, para apresentar a sua cultura, expressões idiomáticas, música, factos curiosos e, claro, comida e bebida, há sempre a festa que todos os jovens conhecem, independentemente da bandeira que trazem: drinking games, música e dança.
Guardamos os contactos, partilhamos e publicamos as fotos, falamos de planos para nos voltarmos a ver e, exceto raros casos, voltamos a cair nas nossas rotinas super ocupadas. Fazemos uma avaliação pessoal daquilo que a experiência foi para nós, encontramos os nossos novos amigos portugueses (ao menos alguém fica por perto) e olhamos para o nosso Youthpass, que prova que lá estivemos e que até aprendemos alguma coisa. Não é como se acabasse a história, mas acabou…pelo menos até ao intercâmbio seguinte.
De facto, é possível fazer vários intercâmbios mas, enquanto isso, há quem nem conheça estas possibilidades. Este artigo não cumpriria o seu propósito sem explicar que também podes escrever as tuas próprias histórias de intercâmbio, estando atento/a às partilhas das várias organizações portuguesas sobre as oportunidades que têm para nós. Melhor do que procura-las a todas, uma a uma, e seguir os seus sites ou redes sociais, é entrar no grupo «Youth Opportunities - PT» no Facebook e informares-te sobre os termos de cada oportunidade no seu infopack (na prática, o resumo das informações importantes sobre cada projeto). Há falta de melhor, e caso não te apeteça contactar uma destas organizações com dúvidas que tenhas, fala comigo.
Termino com uma frase que repetimos várias vezes, podendo variar o número de dias: «It’s not 10 days in your life, it’s your life in 10 days.»
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