A 18 de outubro de 2022 iniciava o julgamento de João Carreira, então aluno da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que planeava um assassinato em massa nos recintos da instituição. João foi absolvido das acusações de terrorismo e condenado a 2 anos e 9 meses de prisão em estabelecimento prisional com acompanhamento psicológico por porte de arma proibida.
A pouco mais de 1 ano da frustração da tentativa contra a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a 10 de fevereiro de 2022, e a pouco menos de um mês para que se completem os 24 anos do massacre de Columbine, apresenta-se a ocasião oportuna para relembrar e pensar sobre os infortúnios do fenómeno dos massacres e atentados no seio da comunidade educativa.
A 20 de abril de 1999 o mundo assistiu com assombro às notícias do massacre estudantil na Columbine High School, facto que chocou os Estados Unidos e o mundo. Columbine certamente fez com que o mundo abrisse os olhos em relação ao terror a que os recintos educacionais estão propícios, sejam eles de escolas secundárias ou campus universitários. Tal fenómeno porta no entanto uma longa e mórbida história, sendo o mais antigo registo alusivo ao ocorrido de Enoch Brown School, EUA, a 26 de Julho de 1764.
Segundo o The Washington Post, “Mais de 323,000 estudantes experienciaram violência com armas de fogo em escolas desde Columbine”. O site da K12 Academics organiza uma biblioteca com registros de massacres escolares até 2010 nos EUA, país que tem o maior número de ocorrências.
As universidades europeias não estão isentas de tais preocupações, e a tentativa contra a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa alerta mais uma vez sobre o perigo dos massacres e releva acima de tudo a preocupação que se deve ter face ao denominador comum entre os perpetradores: a saúde mental, assunto já explanado em uma publicação anterior do Tribuna.
São exemplos recentes do caso europeu factos como o de 24 de Janeiro de 2022 na Heidelberg University, Alemanha, onde um suspeito de 18 anos de idade, estudante de biologia da mesma universidade, fere 3 indivíduos e faz uma vítima mortal, cometendo suicídio posteriormente; o massacre de Kerch Polytechnic College na Crimeia em 2018, onde um estudante deixou 20 vítimas mortais e 70 feridos.
Considerar os registros de massacres e incidentes em universidades, e não só, é importante para a definição dos meios preventivos. Tomemos o exemplo do Reino Unido onde, após o massacre de Dunblane estreitaram-se as políticas de acesso e porte de armas, e algumas universidades adotaram políticas de prevenção à violência e traumas, não negligenciando uma possibilidade fatal.
É imprescindível manter vivo na memória a lembrança de ocorrências como estas descritas neste artigo, pois embora tristes e flagelantes, são importantes para o delinear e melhoria da efetividfade das medidas de prevenção. Prescinde o cuidado para que os precedentes que levam a tais ocorrências não se consumem no meio académico, ou outro qualquer que seja, e isto o quanto antes, digo eu ironeamente, “antes que seja necessário o recurso a vídeos e folhetos instrutivos de segurança em caso de massacre”.
Therny Barros
Departamento Mundo Universitário
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